quarta-feira, 20 de setembro de 2017

LEN WEIN FALECE AOS 69 ANOS



                Mais um artista com passagens relevantes pelo universo dos quadrinhos de super-heróis nos deixou na primeira quinzena deste mês de setembro. Len Wein morreu aos 69 anos de idade, no dia 10 de setembro. O artista já vinha enfrentando problemas de saúde nos últimos tempos, como quando precisou colocar cinco pontes cardíacas em 2015, mas não foi divulgado do que ele faleceu. Nascido em Nova Iorque, em 12 de junho de 1948, Leonard Norman Wein descobriu sua paixão pelos quadrinhos ainda criança, quando hospitalizado, recebeu várias revistas em quadrinhos para ler e se distrair, e foi amor à primeira vista pelas histórias da arte sequencial.
                Quando adolescente, Wein passou a visitar com frequência a sede da DC Comics, que promovia durante dias específicos visitas às suas dependências, acompanhado de um amigo que também nutria, assim como ele, grande amor pelos quadrinhos, Marv Wolfman. Len Wein queria ser desenhista, e ilustrar histórias como as que ele lia e o fascinavam, mas acabou se tornando roteirista, e pôde enfim trabalhar naquele mundo que anos antes tinha capturado o seu coração. Ele e Wolfman acabaram contratados como escritores free-lancers para a DC Comics por Joe Orlando, então editor-chefe da empresa, e Wein estrearia com a história "Eye of the Beholder" para a edição Nº 18 de Teen Titans, lançada em dezembro de 1968, onde ele criou, junto com Marv Wolfman o personagem Red Star, o primeiro super-herói russo oficial no universo DC. Tinha então 20 anos de idade, e ele nunca mais pararia de trabalhar com quadrinhos, mantendo-se ativo até sua morte.
                Wen passou a roteirizar histórias para os mais variados títulos na DC, além de outros trabalhos para editoras e empresas variadas. Em 1970, ele faria seu primeiro trabalho pela Marvel, criando uma história do Demolidor para a edição 71 do título-solo do personagem, em parceria com Roy Thomas. Mas ele começaria a ganhar mais status no ano seguinte, ao criar, ao lado de Bernie Wrightson o personagem Monstro do Pântano, que depois ganharia série própria, ainda nos anos 1970, e que na década seguinte ganharia uma cultuada fase concebida por Alan Moore, sob a batuta de Wein, agora editor do título na DC. A criação do Monstro do Pântano faria Len ganhar o prêmio de melhor escritor dramático em 1972 no Shazam Award, sendo que a edição Nº 1 do título regular do personagem garantiria também o prêmio de melhor história individual, em parceria com Bernie Wrightson. Em 1973, ambos venceriam mais uma vez o Shazam Award, agora na categoria de melhor série, mais uma vez com o Mosntro do Pântano.
                Dividindo-se ora entre a DC, ora a Marvel Comics, Wen foi adicionando novas conquistas ao seu currículo: sob sua inspiração, os X-Men foram reformulados na “Casa das Idéias”, com o artista participando da criação dos personagens Colossus, Tempestade e Noturno, junto com o desenhista Dave Cockrum, além de ter criado, pouco tempo depois, aquele que se tornaria o herói mutante mais famoso e cultuado dos quadrinhos, Wolverine, em uma história do título-solo do Hulk, junto com Herb Trimpe e John Romita. Também foi co-criador do personagem Irmão Vodu, junto com Gene Colan. Durante seu tempo na Marvel, ele chegou a ocupar a posição de editor-chefe da empresa, sucedendo Roy Thomas. Mas ele preferia mesmo era escrever quadrinhos, e assim, voltou à função de roteirista e por vezes editor, passando o bastão da chefia para seu amigo de longa data Marv Wolfman.
                Na DC, o escritor passaria pelos títulos de heróis como Batman, Lanterna Verde, Mulher-Maravilha, Besouro Azul, entre outros, assim como o cross-over Batman & Hulk, reunindo dois ícones da Marvel e DC Comics. Como editor, trabalhou com os títulos de Watchmen, Camelot 3000, Novos Titãs, e do guia de personagens da editora. Wein ainda faria serviços em diversas outras editoras, para os mais diversos personagens. A partir da década de 1990, ele passaria um tempo trabalhando na Disney, além de criar roteiros para produções de televisão, como as séries animadas dos X-Men, Batman, Street Fighter Game, Shadow Raiders, Simpsons, Futurama, entre muitas outras.
                Em 2012, Len Wein voltaria a trabalhar no universo de Watchmen, quando escreveu as historias de Ozymandias e Dollar Bill para as edições “Antes de Watchmen”. Um de seus últimas trabalhos com a DC Comics foi em 2015, ao fazer a adaptação de um roteiro do seriado de TV do Batman dos anos 1960, nunca utilizado, apresentando o vilão Duas-Caras, ao lado do desenhista José Luis García-López.
                Wein foi casado duas vezes. Sua primeira esposa foi Glynis Oliver, uma colorista de quadrinhos que trabalhou muito tempo na série dos X-Men. Sua segunda esposa foi Christine Valada, uma fotógrafa e advogada, com quem se casou em 1991, após se divorciar de Glynis, e com quem vivia até hoje.
O mundo dos quadrinhos se comoveu com sua morte, com vários profissionais do meio dando suas declarações e sentimentos pelo profissional cuja carreira estava prestes a completar 50 anos no meio. Diane nelson, presidente da DC Entertainment, afirmou que "Len Wein era um dos caras mais acolhedores e uma das lendas dos quadrinhos. Percebi isso quando entrei na DC, há oito anos. Ele escreveu e editou quase todos os HQs de personagens centrais da DC. Eu, a empresa e a indústria como um todo vamos sentir sua falta". Dave Wielgosz, editor-assistente na DC Comics, acrescentou: "Você não pode ser hiperbólico quando se trata do legado de Len Wein. Ele criou, escreveu e editou mais histórias de super-heróis do que ninguém. Descanse em paz!" Geoff Johns, CCO da empresa, disse que "nem todo escritor pode ser um bom editor, mas Len merece crédito igual para ambos os talentos. Ele ajudou a revitalizar todo o Universo DC."
                Neil Gaiman declarou que Wein lhe mostrou que os quadrinhos poderiam ser literatura. “Len Wein foi o editor que trouxe os criadores britânicos para a DC. Ele foi uma das pessoas mais agradáveis que conheci, em 30 anos em quadrinhos. Ele fará falta. Eu sentirei falta dele”, afirmou. Outro roteirista, Brian Michael-Bendis, anunciou que “ele (Len) foi muito gentil comigo quando comecei na Marvel. Encorajador e brilhante. Infelizmente, nem todos os seus colegas são assim. Ele era inspirador."
                O ator Hugh Jackman, que interpretou nos cinemas o mutante Wolverine, também se pronunciou a respeito da morte de Wein: “Fui abençoado por ter conhecido Len Wein. Eu o conheci pela primeira vez em 2008. Eu lhe disse que de seu coração, mente e mãos saíram o melhor personagem de quadrinhos de todos os tempos”, escreveu o ator no Twiter.
                Descanse em paz, Wein. Todos que puderam ler suas histórias sentirão muita saudade de seus roteiros...

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