terça-feira, 15 de agosto de 2017

DC INICIA NOVA FASE DE FUTURE QUEST



                No ano passado, a DC Comics surpreendeu os leitores ao lançar novas séries abordando de forma atual e radical alguns dos personagens clássicos da Hanna-Barbera. Pudemos ver a tuma da Corrida Maluca disputar corridas em um mundo pós-apocalíptico, bem como ver a turma do Scooby-Doo em um mundo igualmente insano, e povoado de monstros reais. Mas as séries que mais chamaram atenção foram a versão atualizada de Os Flintstones, com várias sacadas inteligentes e uma arte que deixou a turma de Bedrock com visuais realistas e ao mesmo tempo, respeitando suas características originais. E, claro, a série que fez o pessoal atual e das antigas delirar mesmo foi Future Quest, reunindo em uma única história boa parte dos personagens de aventura da HB, como Johnny Quest, Herculóides, Space Ghost, Mightor, Homem-Pássaro, etc. Todo esse material poderá ser conferido em breve pelos leitores brasileiros, uma vez que a Panini Comics, que edita o material da DC em nosso país, já confirmou que deve lançar edições encadernadas com essas histórias.
                Mas, enquanto os fãs nacionais aguardam para conferir estas novas abordagens com os personagens da Hanna-Barbera, nos Estados Unidos, a DC Comics segue explorando o filão que estes títulos abriram, e agora em agosto, está lançando uma nova fase do título Future Quest, que passará a trazer histórias dos personagens de aventura que haviam sido reunidos na primeira fase do título, que contou com 12 edições.
                FUTURE QUEST PRESENTS será um novo título mensal, com preço deUS$ 3,99, e na sua edição de estréia, ela traz ninguém menos do que um dos mais poderosos heróis da Hanna-Barbera. Estamos falando de Space Ghost, o Fantasma do Espaço, que junto com seus parceiros juvenis, os gêmeos Jan e Jayce, e o seu inseparável mascote, o macaquinho Glip, singram o espaço sideral, combatendo todo tipo de mal. E nesta edição, eles se aliam aos fantásticos Herculóides do planeta Quasar, com o objetivo de criar a Space Force, uma força espacial destinada a enfrentar as mais variadas ameaças que possam surgir ameaçando a paz na galáxia. Os roteiros serao de Jeff Parker, com arte de Ariel Olivetti, que também fará as capas principais do título, que oferecerá também opção de capas variantes. A nova série mensal irá trazer aventuras variadas entre os personagens, portanto poderemos esperar por novas aparições do Homem-Pássaro, Johnny Quest e sua turma, e todos os demais heróis, em histórias mais curtas, mas com excelentes possibilidades de novas aventuras inclusive com crosso-overs entre eles, como foi feito na primeira fase do título.
                Curiosamente, a própria Hanna-Barbera já havia criado encontros entre alguns de seus super-heróis espaciais. Isso ocorreu na série Space Stars, produzida em 1981, composta de 11 episódios, onde Space Ghost, os Herculóides, e o Ás do Espaço e os Cães Espaciais viviam aventuras conjuntas, enfrentando ameaça diversas, ao lado de um novo grupo de heróis, a Força Jovem, que possuíam um quadro fixo no programa, sendo o outro dele dedicado às aventuras conjuntas dos personagens. A maior ameaça que eles enfrentaram era Uglor, tirano de um mundo alienígena povoado por macacos guerreiros, e que era um páreo duro, até mesmo para ser enfrentado em conjunto. Apesar de contar com poucos episódios, a série divertiu muito os fãs dos personagens, que puderam ver seus heróis unindo forças contra os perigos, depois de brilharem em suas séries individuais. Essa série foi exibida no Brasil pela TV Record nos anos 1980, e está sem ser reprisada há muitos anos, para infelicidade dos fãs. Nos Estados Unidos essa série já saiu completa em box DVD pela Warner Home Video, dentro da coleção Hanna-Barbera Classic Collection, mas nunca foi lançada no mercado de vídeo nacional, assim como as séries de Space Ghost, Herculóides, Homem-Pássaro, e tantas outras que fizeram a felicidade e a alegria de muitos fãs.
                Esta nova série promete trazer de volta parte da emoção destas aventuras, e o bom é que a Panini muito provavelmente deverá lançar este material no Brasil, com sorte, no segundo semestre do ano que vem, se formos tomar como exemplo o espaço de tempo que a editora multinacional italiana está adotando para publicar por aqui os materiais da primeira fase da série, que deve sair até o final do ano nas bancas nacionais. Então, o jeito é ser paciente, pois se esta nova série manter a qualidade da primeira, a diversão é mais do que garantida, tanto para novos leitores que nunca conheceram estes personagens, quanto para os fãs de longa data.

GALACTICA GANHA “ART EDITION” DE WALTER SIMONSON



                No fim dos anos 1970, os temas espaço e ficção científica estavam em alta no mundo do entretenimento. O lançamento, em 1977, de Guerra nas Estrelas, o primeiro filme da saga espacial concebida por George Lucas, surpreendeu o público e mostrava que aquele estilo de história poderia conqusitar o público. Tanto que, em 1979, Jornada nas Estrelas, o mais famoso seriado do gênero já criado para a TV, estava de volta, agora também no cinema, promovendo o retorno da tripulação da cultuada nave Enterprise, em novas aventuras. E, no meio disso, em 1978, estreou na TV estadunidense a série Battlestar: Galactica (Galactica: Astronave de Combate, em português), que viria a se tornar o equivalente de Guerra nas Estrelas para a televisão.
                A saga da luta dos sobreviventes da raça humana contra o Império Cylônio cativou o público, e não apenas os amantes da ficção científica. Os altos custos de produção do seriado promoveram o seu cancelamento, tendo sido feita uma nova tentativa em 1980, com Galactica 1980, com resultados abaixo do esperado, que findaram de vez com as chances de sobrevivência da série, mas Galactica teve sua chance também nos quadrinhos. A Marvel Comics lançou, à época, um título mensal mostrando as aventuras da última nave de combate colonial em sua busca pelo planeta perdido conhecido como Terra. Foram 23 edições, lançadas entre 1978 e 1981 pela Casa das Idéias. A arte dessa série foi feita pelo artista Walter Simonson, que pouco tempo depois ganharia fama na Marvel desenhando uma das mais aclamadas fases de Thor, o Deus do Trovão, incluindo a Guerra de Surtur. E agora, quase 40 anos depois, é chegada a hora dos fãs terem a oportunidade de apreciarem parte da arte desenvolvida pelo desenhista para a primeira versão deGalactica nos quadrinhos, em uma edição que está sendo trazida pela Dynamite Entertainment, em mais um lançamento da linha “Art Edition”, como tem sido definidas edições especiais que vem sendo lançadas pelas editoras, reimprimindo materiais clássicos de diversas séries, trazendo a arte pura dos desenhos destas edições, sem balões de diálogo ou recordatórios, permitindo ao leitor apreciar todas as nuances dos traços dos artistas que as conceberam, no tamanho original em que foram criadas.
                WALTER SIMONSON BATTLESTAR GALACTICA ART EDITION HARDCOVER é uma edição estilo álbum, no formato 30,5 x 43,2 cm, com cerca de 100 páginas, e capa dura, trazendo várias páginas da arte original totalmente limpa das aventuras dos intrépidos guerreiros coloniaisApolo e Starbuck, na defesa da Galactica e dos remanescentes da humanidade, em sua fuga pelo espaço fugindo da tirania dos cylônios, em busca da sobrevivência em um local distante do cosmos. As histórias daquela série foram criadas por nomes como Roger McKenzie, Bob Layton, e Steven Grant, mas todas as aventuras foram ilustradas por Walter Simonson, que também escreveu parte das histórias. Esta edição, que chegará às comic shops dos Estados Unidos em outubro, mostrará todo o esplendor da arte de Simonson, escaneada diretamente das pranchas originais do desenhista. O preço da edição é de US$ 150,00, mas já pode ser encontrada em pré-venda em alguns sites por um valor menor.
                Após ter suas publicações canceladas na Marvel, Galactica só ganharia novas aventuras em quadrinhos mais de vinte anos depois, pela Maximum Press, numa empreitada que não durou muito. Os fãs do seriado sempre esperaram pelo retorno da produçãoà TV, o que aconteceu em 2004, mas em uma nova versão, e não uma continuação da série clássica de 1978. E, recentemente, a Dynamite Entertainment se tornou a maisnova editoraa lançar Galactica em quadrinhos, apostando em aventuras tanto na nova série dos anos 2000, quanto da série clássica dos anos 1970. Todo este material permanece inédito no Brasil, apesar de ambas as versões do seriado terem sido exibidas por aqui.

ROBOTECH GANHA NOVA SÉRIE DE QUADRINHOS



                Robotech, uma das mais famosas sagas de ficção científica em animação, está de volta aos quadrinhos nos Estados Unidos. A saga da Robotechnologia acaba de ganhar uma nova série mensal pela Titan Comics, divisão de quadrinhos da editora britânica Titan Books, que assumiu os direitos de publicação de quadrinhos da série pertencente à Harmony Gold. A série terá roteiros de Brian Wood, com arte de Marco Turini, com diversas opções de capas em cada edição. Asérie terá periodicidade mensal, ao preço de US$ 3,99, e a primeira edição já chegou às comic shops dos Estados Unidos no início deste mês de agosto.
                Robotech foi uma das séries que iniciou o boom de produções japonesas nos Estados Unidos na década de 1980, ao lado de Patrulha Estelar. Mas, se a saga do Encouraçado Espacial Yamato chegou à terra do Tio Sam sofrendo apenas alguns cortes e adaptações (principalmente nos nomes dos personagens e na nave da história, que de Yamato passou a se chamar Argo), a situação foi bem mais complicada em relação a Robotech. Os planos da Harmony Gold eram de exibir somente a série Macross, produção do estúdio Tatsunoko de 1982. Até aí, a principal mudança seria no nome do anime, para Robotech, devido ao fato de os brinquedos da série já serem comercializados nos EUA com o nome de Robotech Defenders. Mas para ser exibida no esquema de emissoras regionais, que poderia abranger mais o país, a série não atendia aos requisitos de ter um número de episódios compatível, o que obrigou a empresa a fazer a união da série Macross com outras duas produções animadas da Tatsunoko que possuíam um visual parecido nos equipamentos utilizados pelos personagens. Carl Macek, da Harmony Gold, usou Macross como base, e reescreveu as histórias das séries Southern Cross e Mospeada, transformando Robotech em uma história composta de três fases, cada uma delas correspondendo a cada um destes animes, o que possibilitou então a exibição nas TVs estadunidenses.
                Apesar dessa junção forçada, a história até mantinha certa coerência e unidade, e fez um grande sucesso em meados dos anos 1980, inclusive motivando a Harmony Gold a criar uma continuação, chamada Robotech II: Os Sentinelas, que traria maior coesão à toda a história. Mas o projeto acabou não se concretizando, e a saga de Robotech em animação pararia por ali, com exceção de dois longa-metragens animados lançados posteriormente. Contudo, a série ganhou vida nova com diversas novelizações e séries de quadrinhos publicadas por diversas editoras estadunidenses, fazendo Robotech ganhar vida própria e diferenciada de suas séries originais componentes, tornando-se uma saga de ficção científica com brilho e complexidade ímpar, apesar dos detratores que criticam o modo como ela foi criada.
                Ainda na segunda metade dos anos 1980, e indo até quase o final dos anos 1990, a saga de Robotech, em especial a série Os Sentinelas, ganhou as comic shops dos Estados Unidos através das editoras Comico, Eternity Comics, Academy Comics, e Antartic Press, ajudando a dar não apenas sequência, mas complementando as diversas pontas soltas deixadas na animação original, decorrentes do fato de serem compostas de séries diferentes. Na primeira metade dos anos 2000, a Wildstorm produziu uma nova leva de títulos que foram muito bem recebidos pelos fãs, trazendo aventuras que se passavam nos diversos momentos da série, com destaque para os eventos que conduziam ao novo longa Shadow Chronicles, em produção, que encerrava a saga dos Sentinelas, e iniciava uma nova, que teria na nova produção animada o seu pontapé inicial.
                Infelizmente, o projeto Shadow Chronicles acabou por ficar restrito somente ao longa animado, lançado no mercado de vídeo. Os fãs, que tanto esperavam pela continuação da saga, ficaram a ver navios, esperando que a história fosse retomada. Mais recentemente, em 2013, a Dynamite Entertainment trouxe Robotech de volta aos quadrinhos, mas participando de um inédito e interessante cross-over com outra série de origem nipônica que passou por processo de montagem semelhante a Robotech, Voltron (esta formada pela junção das séries Golion e Dairugger, que também foram unidas como se fossem uma coisa só, mas por motivos diferentes daqueles que forçaram a junção de Macross, Southern Cross e Mospeada em Robotech), mas ficou apenas nisso.
                E, no ano passado, a Titan Books anunciou que estava adquirindo a licença para produzir uma nova série de quadrinhos de Robotech, o que encheu os fãs de esperança de possivelmente ver uma continuação das histórias produzidas até então pelas editoras anteriores, além do desenvolvimento de projetos que a Harmony Gold tentava lançar, como o projeto Academy. Mas a editora resolveu que, para início de suas publicações, seria feito uma reinterpretação da série original, então, a edição número 1 leva os leitores aos acontecimentos vistos no primeiro episódio da série animada, passados na Ilha Macross, no Pacífico Sul, palco da aterrissagem de uma gigantesca nave alienígena cujos segredos foram esmiuçados e desvendados pelos governos da Terra, criando a fantástica tecnologia Robotech, ou Robotechnologia. Mas não se trata apenas de quadrinizar os acontecimos vistos na animação. O roteirista Brian Wood faz questão de afirmar que a nova série é uma visão moderna da história clássica, com elementos novos em determinados setores da história. Como exemplo, o encontro de Rick Hunter e seu irmão mais velho, Roy Fokker, na Ilha Macross, não ocorre de forma tão amigável e fraternal como vista originalmente no anime. Rick, na verdade, chega até a ser preso por ordem de Roy, que não está feliz em ver seu irmão de criação aparecer ali justamente naquele momento dos acontecimentos. E com algumas mudanças nestes pontos-chave, a série deverá ir desenhando o panorama da saga, já conhecida por muitos fãs, e tentar ao mesmo tempo ganhar uma nova legião de leitores, alegando que não faria sentido simplesmente recontar a história que todos já sabem.

                Pelo sim, pelo não, se houve algo que deixou muita gente incomodada foi a arte de Marco Turini, que desagradou a muitos fãs da série, embora tenha agradado a alguns. Embora se possa reconhecer todos os personagens, ao tentar desenhá-los no estilo dos comics ocidentais, Turini não parece ter sido muito bem-sucedido: vários personagens, em especial as garotas da série, ficaram com um visual horroroso. E não é pelo fato de desenhar com estilo ocidental personagens criados originalmente em um anime, cujo estilo de arte costuma ser bem próprio e particular. Quem lembra das séries de quadrinhos lançadas pela Wildstorm na década passada sente um impacto tremendo ao ver como o estilo adotado pelo desenhista parece completamente inadequado para se ilustrar a série, apesar de alguns bons lances de caracterização. Espera-se que Turini evolua no desenho da saga, se quiser que a série conquiste de fato os fãs, pois até o presente momento, pela reação de vários deles, não tiveram uma sensação agradável ao folhear esta primeira edição, que até contou com uma belíssima arte de capa enfocando Lynn Minmay, que muitos esperavam ser o estilo de arte do interior da edição, o que não corresponde à realidade. Nem mesmo a arte aplicada às paisagens escapa, parecendo ter sido feita de modo rústico e grosseiro.
                Sendo a primeira edição da série, o que os velhos fãs esperam é que a arte fique mais adequada, com Turini ficando mais à vontade, e evoluindo e aperfeiçoando o traço empregado para ilustrar as histórias, já que ainda não dá para falar muito a respeito do roteiro deste primeiro número, que se não destoa do que já foi visto na animação, até que merece uma chance de ver como o roteirista poderá agregar fatos à história, de modo a somar, e não subtrair. Disso poderá depender o sucesso ou o fracasso desta nova empreitada de Robotech nas mãos da Titan Comics. Os fãs esperam que isso se acerte, do contrário, as perspectivas de continuidade das aventuras da saga da Robotechnologia continuarão a não durar muito, repetindo o ocorrido em suas últimas empreitadas nos quadrinhos. E olhem que, visualmente falando, a nova série da Titan já começa perdendo feio para as edições produzidas pela Wildstorm...