sexta-feira, 28 de julho de 2017

DR. SLUMP ESTÁ DE VOLTA AO BRASIL, AGORA PELA PANINI



                Os fãs dos quadrinhos japoneses não podem reclamar dos lançamentos recentes feitos pelas editoras nacionais, que com crise ou sem crise, continuam oferecendo ao público leitor uma variedade de títulos para ninguém botar defeito. E quem é fã de Akira Toriyama, famoso criador de Dragon Ball, uma das séries mais cultuadas dos mangás, e dos animes, terá motivos para comemorar agora em agosto, quando o primeiro grande sucesso do mangaká estará voltando ao mercado editorial brasileiro, depois de uma longa ausência, após sua primeira incursão em bancas nacionais. Trata-se da série DR. SLUMP, que chegará às bancas nacionais agora através da Panini Comics.
                O formato será o tradicional tankhohon, tamanho 20 x 13,7 cm, com 192 páginas, com miolo em papel pisa brite, ao preço de R$ 13,90, com periodicidade mensal. Publicada no Japão iniciamente de 1980 a 1984, na revista semanal Shonen Jump, da editora Sueisha, Dr. Slump alcançou grande sucesso, tornando famoso o seu criador, Akira Toriyama. A série rendeu 18 volumes encadernados, e uma versão em anime, produzida pela Toei Animation, e exibida pela Fuji Television entre 1981 e 1986, contando com 243 episódios. Após o sucesso desta série, encerradapor Toriyama que admitiu ser muito difícil manter o nível dos textos em uma série cômica, ele deu início àquela que seria a sua série mais consagrada, Dragon Ball, que também ganharia versão em anime, que se tornaria famosa no mundo inteiro. Curiosamente, após o fim da produção original do anime de Dragon Ball, na fase GT, a Toei produziu um remake da série animada de Dr. Slump, que não conseguiu alcançar o mesmo sucesso da primeira animação, tendo sido encerrada com apenas 74 episódios exibidos entre 1997 e 1999, intitulada New Dr. Slump. A versão animada de Dr. Slump ainda ganhou mais 11 filmes para cinema, número bem respeitável para uma série de animação na Terra do Sol Nascente.
                Dr. Slump narra as aventuras de Arale, uma pequena garota-robô criada pelo inventor Sembei Norimaki, cujo apelido é Dr. Slump, e que se acha o inventor mais genial do mundo (pelo menos, ele se acha isso), tão genial que, nem bem Arale é ativada, ela descobre que não consegue enxergar direito, tendo de usar óculos a partir de então, já que Norimaki conseguiu a proeza de criar uma robozinha míope. Aliás, este é o motivo de seu apelido ser “Dr. Slump”, que significaria “Dr. Fracasso”, numa tradução literal. Vivendo junto com seu criador na Vila Pinguim, um lugar onde humanos convivem com os seres e animais mais estranhos que aparecem, Arale vive suas aventuras, causando muita confusão com sua ingenuidade e ignorância dos acontecimentos da vida, acabando com o sossego de seu criador, e de parte dos habitantes da vila, que já são confusos e enrolados por si sós, com os tipos mais malucos que já se ouviu falar. Com vários toques de nonsense e comédia, passando por toques escrachados, pitadas de humor inteligente e sutil, e diversas situações pra lá de cômicas, Dr. Slump fez grande sucesso entre os japoneses, tornando Akira Toriyama um dos mangakás mais badalados da Shonen Jump, posição que foi ainda mais elevada com o sucesso de Dragon Ball.
                Aliás, foi o sucesso de Dragon Ball que motivou a primeira publicação de Dr. Slump no Brasil, na década passada. A Conrad Editora, que havia sacudido o mercado editorial nacional com os lançamentos das séries de Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball, apostou que a fama de Toriyama seria o suficiente para os fãs experimentarem o seu primeiro grande sucesso, e assim, em 2002, Dr. Slump chegou pela primeira vez à bancas brasileiras, no mesmo formato gráfico usado nas outras séries publicadas pela Conrad. Apesar da bem cuidada produção gráfica das edições da série, Dr. Slump não caiu no gosto dos leitores, mesmo sendo uma criação do autor de Dragon Ball, que na época se mostrava um sucesso absoluto de vendas, e de audiência na TV. Foram apenas 14 números lançados, o equivalente aos 7 primeiros volumes da série, devido às baixas vendas.
                Agora, uma década e meia depois, espera-se que a nova oportunidade propiciada pela Panini Comics seja mais bem- sucedida, e os fãs e leitores nacionais de quadrinhos e mangás tenham a oportunidade de conferir a série na íntegra. O acabamento gráfico é o padrão da editora, incluusive no preço, e como agora será lançado no formato de volume igual à versão japonesa, a série estará encerrada em um ano e meio, bem mais rápido do que quando foi lançada pela Conrad, na primeira metade da década passada. É uma série bem divertida e oferece boas risadas pelas situações mais insólitas e doidas em que Arale e seus amigos se metem, não apenas na Vila Pinguim, mas em todos os lugares por onde se aventuram.
                Os brasileiros, aliás, antes mesmo da primeira publicação de Dr. Slump, tiveram uma pequena amostra desta série pela primeira vez durante a exibição da versão animada de Dragon Ball em nosso país, ainda na década de 1990, uma vez que nos episódios 55 a 58, Goku, o herói de Dragon Ball, acaba indo parar na tresloucada Vila Pinguim, durante a perseguição ao perverso General Blue, das forças Red Ribbon, que havia roubado as esferas do dragão do então pequeno herói. Neste encontro, mostrado também no mangá original da série, Toriyama aproveitou para fazer um cross-over entre seus personagens, com Goku acabando por conhecer a pequena Arale, e parte dos personagens de Dr. Slump, que aproveitam para dar o ar da graça no então novo sucesso de seu autorr, tendo como ponto alto o combate onde Goku e Arale enfrentam juntos o General Blue. Arale ainda ganhou um novo encontro com Goku na atual série Dragon Ball Super, no episódio 69, onde Sembei Norimaki se encontra em um evento para ganhar um prêmio por sua última invenção, mas seu finado rival, o Dr. Mashirito, aparece para complicar as coisas, e faz Arale enfrentar não apenas Vegeta como o próprio Guku, em algumas cenas hilárias.

NOVAS OPÇÕES DE SERIADOS CLÁSSICOS EM DVD NO BRASIL



                Ser fã de seriados no Brasil é uma tarefa bem complicada. O mercado de vídeo nacional atualmente anda decepcionando muito em termos de lançamentos, e as distribuidoras aqui presentes, em especial as “majors”, ultimamente só se concentram em algumas produções, deixando os fãs de diversas outras séries a ver navios. É uma relação de causa e efeito: o que é lançado não vende o que eles esperam, e por isso, não dão continuidade, e os fãs acabam por vezes ficando com seu seriado incompleto na estante, uma sensação que ninguém gosta. Então, muitos não compram por temerem ser deixados na mão pela distribuidora, o que também derruba as vendas. Nesse jogo de empurra-empurra, a verdade é que se as distribuidoras tratassem o público consumidor com mais respeito, talvez não merecessem tanta desconfiança por parte dos mesmos, o que não ajuda o lançamento de seriados que teriam melhor desempenho não fosse esse comportamento tacanho da maioria das empresas com relação ao que é lançado, e como é lançado. O que não quer dizer que alguns consumidores também não tenham culpa no cartório, por muitas vezes comprarem produtos piratas mesmo quando há opções oficiais no mercado de vídeo disponíveis.
                E, quando se trata de seriados clássicos então, a situação é ainda mais complicada. Na década passada, as distribuidoras até apostavam neste tipo de material, que sempre teve um público cativo e fiel, desejoso de rever aquelas produções de TV que os encantaram há muitos anos atrás, ou são lembranças saudosas dos tempos de infância. Mas, nos últimos anos, este tipo de material virou raridade nos lançamentos de vídeo nacionais, chegando quase a nem existirem mais. Fox, Sony, Universal, Disney... Todas estas grandes distribuidoras literalmente abandonaram os fãs de seriados clássicos, preferindo concentrarem seus esforços em produções atuais, e mesmo assim, nem sempre oferecendo todo o leque de opções atuais em exibição atual ou recente. Para os fãs dos seriados antigos, só resta mesmo apelar para a pirataria, único lugar onde podem achar aqueles seriados que tanto procuram. Mas existem exceções, e algumas delas acabam de chegar ao mercado de vídeo nacional, através de uma distribuidora chamada Vinyx Multimidia, que tem surpreendido com alguns lançamentos recentes e outros que estão chegando em breve às lojas de vídeo nacionais.
                E uma destas séries é a cultuada KOLCHAK E OS DEMÔNIOS DA NOITE – A SÉRIE COMPLETA, seriado produzido em 1974 e 1975, contando com uma única temporada de 20 episódios. Estrelada por Darren McGavin, no papel de Carl Kolchak, a série é considerada a grande inspiração que levou Chris Carter a criar um dos maiores sucessos da TV nos anos 1990, a série Arquivo X. Carl Kolchak é um repórter investigativo que trabalha para um grande jornal da cidade de Chicago, mas em suas buscas por reportagens, ele acaba descobrindo vários acontecimentos e a existência de seres bizarros, envolvendo seres monstruosos e criaturas sobrenaturais, os quais acaba involuntariamente enfrentando. Finda a ameaça, ele até tenta alertar as pessoas das situações perigosas que acaba presenciando, mas ninguém dá muita bola, achando-o um sujeito paranóico e até maluco. Produzida pela Universal, o seriado foi exibido originalmente pela rede NBC nos Estados Unidos de setembro de 1974 a março de 1975. Antes de virar série de TV, Kolchak ganhou dois telefilmes, produzidos praticamente nos mesmos moldes que caracterizaram a série de TV, e o personagem foi interpretado também por Darren McGavin. Estes dois telefilmes que precederam a série de TV não estão inclusos no box, que em seus 5 discos, trazem apenas a série de TV, completa, com seus 20 episódios, mas com a boa notícia de virem com sua dublagem original em português, algo muito apreciado pelos fãs dos seriados antigos. A caixa já está disponível em algumas lojas e até na internet, ao preço de cerca de R$ 100,00.
                Outra série cult de ficção científica para fazer a festa dos colecionadores de seriados antigos é OS INVASORES – PRIMEIRA TEMPORADA COMPLETA, que traz as peripécias do arquiteto David Vincent, interpretado por Roy Thinnes, que ao se ver em uma estrada deserta uma noite, quando voltava para casa, tem sua vida mudada para sempre ao testemunhar o pouso de um disco voador, onde ele vê invasores alienígenas dando início ao seu plano de infiltrarem-se entre a sociedade humana, para poderem conquistar nosso planeta e escravizar nosso povo para seus propósitos desconhecidos. Decidido a impedir isso, ele passa a tentar impedir os planos dos alienígenas, e procurando convencer as pessoas do perigo iminente que nosso mundo corre. A caixa traz a primeira temporada do seriado, com todos os seus 17 episódios, produzidos em 1967, e exibidos pela rede ABC nos Estados Unidos, além de alguns extras. A exemplo de Kolchak, este lançamento também traz a dublagem original em português, produzida pelo finado estúdio TV Cinesom/RJ. O seriado contou com apenas duas temporadas, antes de ser cancelado, com um total de 43 episódios. Este box ainda não teve o seu preço divulgado, tendo sido apenas anunciado para chegar às lojas ainda este mês, o que não ocorreu até o fechamento desta matéria.
                Outra novidade muito bem-vinda aos fãs de produções antigas é a animação TARZAN, O REI DA SELVA – A PRIMEIRA TEMPORADACOMPLETA, com todos os 16 episódios criados pela saudosa Filmation em 1976, trazendo as aventuras do rei das selvas criado por Edgar Rice Burroughs, divididos em quatro discos, ao preço de cerca de R$ 50,00, já disponível em lojas e pela internet. Muito elogiada por fãs do personagem, esta série animada contou com um total de 36 episódios, divididos em 4 temporadas, sendo que a primeira foi a maior de todas, com 16 episódios. A segunda e a terceira temporada contaram com apenas 6 episódios cada uma, enquanto a última delas, já em 1982, contou com 8 episódios. Na primeira temporada temporada Tarzan era exibido individualmente, enquanto nas demais temporadas, apesar dos episódios contarem com a mesma duração, ele passou a dividir o espaço na programação da TV americana CBS com outras produções animadas da Filmation, como Os Fantásticos (Super 7, no original), Cavaleiro Solitário, e Zorro. Exibido pela primeira vez no Brasil ainda nos anos 1970, esse desenho foi reprisado há alguns anos atrás pela TVS/SBT. E, como não poderia deixar de ser, o box traz todos osepisódios com sua dublagem original, produzida pela Herbert Richards. Uma verdadeira preciosidade para os fãs de animações.
                Outra animação clássica que está para chegar também às lojas é A FORMIGA E O TAMANDUÁ – A SÉRIE COMPLETA, animação produzida pelo estúdio DePatie-Freleng, o mesmo da série de animação original da Pantera Cor-de-Rosa, em 1969, com todos os seus 17 episódios, de 6 minutos cada, onde víamos os embates de um porco-da-terra (que na dublagem brasileira acabou virando um tamanduá, talvez por ser um animal mais conhecido por aqui, embora o desenho do personagem lembre muito também o animal da versão brasileira do que o porco-da-terra, que é um mamífero africano que se alimenta também de cupins e formigas) sempre perseguindo uma formiga vermelha, mas nunca conseguindo ter sucesso em apanhá-la. Além de contar com a dublagem em português, o DVd ainda traz de bônus dois documentários. Até o fechamento desta matéria, o preço deste DVD ainda não tinha sido divulgado.
                Outro lançamento, este já disponível na internet e nas lojas, é VOYAGERS, VIAJANTES DO TEMPO – A SÉRIE COMPLETA, produção da Universal Studios, e exibida na TV americana NBC entre outubro de 1982 e julho de 1983. O box traz todos os 20 episódios da única temporada do seriado, em 4 discos, ao preço de cerca de R$ 80,00, mostrando as peripécias de Phinneas Bogg (Jon-Erik Hexun) e Jeffrey Jones (Meeno Pelluce), que viajam pelo tempo e pelos mais variados lugares, a fim de corrigirem possíveis erros nos acontecimentos da história, e garantir que eles sigam o rumo correto, todos eles disponibilizados com a dublagem em português da época.
                Um ponto a se elogiar dos lançamentos feitos pela Vinyx é a qualidade das embalagens em que são lançados os DVDs, sejam discos individuais, ou em boxes. A grande maioria dos DVDs vêm com luva, cuja arte costuma ser diferente da que ilustra o estojo plástico que acomoda a mídia no seu interior. Os boxes dos seriados também são muito bem apresentados, nos mais variados formatos: digibook (Kolchak, por exemplo), digipack (Voyagers), ou mesmo em embalagem tipo scanavo (Tarzan). Tirando uma ou outra arte um pouco inadequada ou equivocada, o design das capas não ficam nem um pouco a dever aos das grandes distribuidoras, e a qualidade das luvas e sua confecção também são elogiáveis. Por ser uma distribuidora pequena, os preços destes produtos nem sempre são os mais atrativos, ainda mais para lançamentos em DVD, mesmo que para seriados e animações clássicas, este formato seja o mais adequado, uma vez que nem todas estas produções contam com remasterizações em alta definição. E, num momento em que o mercado de vídeo anda devendo maiores opções de seriados antigos, é um alívio ver que ainda existem algumas distribuidoras que apostam neste segmento, procurando oferecer produtos para este público consumidor, que pode não ser exatamente numeroso, mas costuma ser fiel, e muitas vezes tem orgulho de poder ter em sua estante aquela produção antiga que assistiu há muito tempo atrás, em um produto oficial (ou semi-oficial, dado o caráter duvidoso de certos lançamentos feitos por este tipo de distribuidora, destas produções que costumeiramente pertencem a grandes estúdios).
                Mas a Vinyx não tem lançado apenas materiais antigos na área de seriados. Produções um pouco mais recentes, como a série ANOS INCRÍVEIS, também vem sendo oferecidos pela distribuidora, que já lançou 5 das 6 temporadas do seriado protagonizado por Kevin Arnold (Fred Savage), produzido entre 1988 e 1993, e que fez sucesso no Brasil quando exibida pela TV Cultura. Outras produções no catálogo da distribuidora são CONTOS DA CRYPTA, seriado de terror produzido nos Estados Unidos de 1989 a 1996, com um total de 93 episódios em 7 temporadas, tendo duas delas já lançadas e disponíveis para venda, sempre com o Guardião da Cripta a apresentar e fechar a história de cada episódio. A nova versão da série A QUINTA DIMENSÃO, produzida entre 1995 e 2002, também está na parada, bem como a minissérie O ILUMINADO, de 1997, produção de Tv baseada no livro de Stephen King.
                Realmente, é um catálogo bem recheado de lançamentos interessantes, que irão deixar muitos colecionadores tentados, ainda mais pela qualidade com que estão sendo oferecidos vários destes produtos, quase todos com suas dublagens originais em português. Talvez a única falha seja a ausência de extras na grande maioria dos lançamentos, o que de fato pode frustrar um pouco os consumidores mais exigentes, mas não dá para se ter tudo. E, em se tratando do Brasil, muito menos... Por isso, os cumprimentos à Vinyx pelo que está sendo oferecido até aqui, e que possam trazer muitas outras preciosidades do mundo dos seriados e da animação para os fãs nacionais.

domingo, 16 de julho de 2017

EDITORA BEST SELLER LANÇA LIVRO SOBRE A MULHER-MARAVILHA



                Uma das maiores personagens do Universo DC, a Mulher-Maravilha forma, junto com o Super-Homem e o Batman, a trindade suprema dos heróis da editora, e ganhou recentemente um filme para cinema, com a atriz Gal Gadot no papel da heroína, que foi um grande sucesso, confirmando a boa impressão que a personagem havia apresentado no filme Batman VS Superman: A Origem da Justiça. A personagem foi criada em 1941 por William Moulton Marston, um psicólogo, que havia ajudado a criar o detector de mentiras, e que defendia a igualdade de gêneros e era um liberal em relação ao sexo, algo complicado na época. Daí o fato de ele ter criado uma personagem feminina forte, independente, e que não precisava da ajuda de homem algum para vencer seus inimigos. Até então, o papel da mulher era ser submissa ao homem, e nos quadrinhos, quase sempre eram parte das pessoas a serem salvas pelos heróis.
                A personagem, que completou 75 anos em 2016, tem uma rica história nos quadrinhos, desde que ganhou suas primeiras aventuras pela então National Comics, atual DC. Tão rica e cheia de detalhes, que ganhou um livro, dissecando toda a sua carreira nestas décadas, que agora chega ao mercado editorial nacional, pela editora Best Seller.
                A HISTÓRIA SECRETA DA MULHER-MARAVILHA traz, em suas 480 páginas, com preço de R$ 64,90, praticamente tudo o que há para se dizer a respeito da Princesa Amazona. Escrito por Jill Lepore, este livro é o resultado de uma pesquisa fantástica realizada pela autora, que é historiadora da Universidade de Harvard, e redatora da revista New Yorker, que brinda o leitor com um acesso completo sobre a origem e a história dessa que é uma das mais importantes super-heroínas de toda a cultura ocidental. Uma surpreendente trama familiar, com fatos cruciais para o feminismo do século XXI e mostrando uma Mulher-Maravilha como você nunca viu antes! O livro já está disponível nas principais livrarias on-line do país para venda, e trata-se de um importante registro da personagem, como nunca antes foi feito.
                A edição foi lançada originalmente nos Estados Unidos em julho de 2015, pela First Vintage Books Edition. Em sua pesquisa, Jill Lapore descobriu diversos documentos sobre a heroína, incluindo papéis privados do criador da Mulher-Maravilha, William Moulton Marston, nunca antes visto, e descobrindo uma história cheia de nuances e preconceitos e discriminação sobre as mulheres. Começando em seus anos de graduação em Harvard, Marston foi desde muito cedo influenciado por sufragistas e feministas, como Emmeline Pankhurst, que foi proibida de falar no campus em 1911, quando Marston ainda era um calouro. Na década de 1920, Marston e sua esposa, Sadie Elizabeth Holloway, trouxeram para casa a Olive Byrne, a sobrinha de Margaret Sanger, uma das feministas mais influentes do século XX. A história da família Marston era um conto de dramas, intrigas e ironia. Na década de 1930, Marston e Byrne escreveram uma coluna regular para os círculos familiares em que celebravam a vida familiar convencional, mesmo que eles próprios perseguissem vidas de extraordinária inconformidade. Marston viveu uma vida de segredos, apenas para explorá-los nas páginas das aventuras da Mulher Maravilha.
                Assim, mais do que explorar a história da personagem, esta obra é um retrato do tratamento que as mulheres recebiam na época, consistindo em uma viagem de força da história intelectual e cultural. Para Lepore, a Mulher-Maravilha é o elo perdido na história da luta pelos direitos das mulheres, em uma série de eventos que começa com as campanhas de votação feminina do início dos anos 1900 e termina com o ritmo conturbado do feminismo um século depois. O livro traz várias revelações baseadas em cartas e fotografias nunca antes vistas dos papéis da família Marston.
                Nascida em 1966, em West Boylston, Massachusetts, Lepore desde cedo decidiu que queria ser escritora. Embora não tivesse como objetivo tornar-se uma historiadora, sua carreira acabou levando-a para este caminho. Ela ganhou seu bacharelado em Inglês da Universidade Tufts em 1987, seguindo-se a um mestrado em Cultura Americana da Universidade de Michigan em 1990. Em 1995, ela concluiu um doutorado em Estudos Americanos pela Universidade de Yale, onde se especializou na história do início da América. Lepore começou a lecionar na Universidade da Califórnia, em San Diego, passando depois pela Universidade de Boston, antes de começar a dar aulas em Harvard, onde atualmente é professora de História. Ela começou a escrever vários livros e artigos sobre história, e outros assuntos. Seu primeiro livro, "The Name of War", ganhou o Prêmio Bancroft; Seu livro de 2005, "New York Burning", foi finalista do Prêmio Pulitzer. Em 2008, ela publicou "Blindspot", uma novela simulada do século XVIII, escrita em conjunto com Jane Kamensky. O livro mais recente de Lepore, "The Whites of Their Eyes", é uma revisão do livro do New York Times Editors 'Choice. E em 2015, lançou estelivro sobre a Mulher-Maravilha, contando todos os segredos de bastidores da vida da família do criador da personagem, e de como estes acontecimentos se refletiram na criação e nas aventuras da persoangem, além de apresentar a história da heroína nestes anos todos em que foi publicada.
                Para Art Spiegelman, autor de Maus, o livro de Jill Lepore foi obsessivamente pesquisado, mostrando uma encarnação do movimento dos direitos das mulheres. Outros definem que este livro devolve a Mulher-Maravilha o seu legítimo lugar como um ícone essencial dos direitos das mulheres, em um trabalho de descoberta dinamicamente pesquisado e interpretado, espetacularmente ilustrado, que injeta um novo entusiasmo na história do feminismo, numa história contada de maneira irresistível, que dá muito prazer de ler. Já Alison Bechdel, autora de Fun Home, descreve que "A História Secreta da Mulher Maravilha é tão cruel, tão improvável, tão incrivelmente correta, como se estivesse cheia de dispositivos curiosos próprios de uma história em quadrinhos. No nexus do feminismo e da cultura popular, Jill Lepore encontrou um capítulo revelador da história americana. Nunca mais vejo os braceletes da Mulher-Maravilha do mesmo jeito."
                Apesar de tudo, demorou para a personagem engrenar. A heroína não era vista como algo revolucionário, e apesar de ter histórias-solo, ela só foi ganhar um título realmente seu, com nome na capa, no início dos anos 1950. Marston não chegou a viver para testemunhar todo o sucesso que a personagem faria ao longo dos anos: ele faleceu em 1947, e coincidência ou não, a personagem começaria a ganhar mais destaque justamente nos anos seguintes, inclusive com seu uniforme, que até então a fazia parecer uma dona de casa fantasiada, a ficar mais justo e curto. Mas, uma vez feita a fama entre os leitores, a heroína não parou mais, e a força da personagem se faz sentir até hoje, sendo a única super-heroína a ser publicada ininterruptamente desde a sua criação, em histórias-solo, com raras interrupções, ao contrário de outras super-heroínas que vivenciaram períodos de fama e esquecimento. É verdade que a personagem já teve diversas abordagens ao longo de sua história, com fases boas e ruins, e com alguns visuais e concepções diferentes do que todo mundo conhece. Mas a Mulher-Maravilha nunca deixou de defender seus ideais, mesmo que estes tenham passado por algumas adaptações ao longo do tempo, e a concepção da personagem hoje a coloque como uma verdadeira guerreira nata. Não por acaso, a heroína foi a terceira personagem do panteão da DC Comics a ganhar um seriado de TV em live-action. O Super-Homem foi o primeiro, no início dos anos 1950, na série estrelada por George Reeves, enquanto que na década de 1960, Batman ganhou as telas da TV com o seriado estrelado por Adam West. E em 1975, seria a vez da Mulher-Maravilha, cuja imagem foi imortalizada pela atriz Linda Carter no papel da personagem, depois de um telefilme fracassado estrelado por Cathy Lee Crosby.

                Esta obra é um excelente lançamento, não apenas por relacionar a hiistória de uma das mais antigas e famosas heroínas dos quadrinhos mundiais, mas por dar uma grande explicação sobre o panorama vivido pelo seu criador, em meio à luta das mulheres para ter seus direitos reconhecidos e serem tratadas em completa igualdade com os homens. Uma luta que, a grosso modo, não acabou até hoje, haja visto em que em várias sociedades, a mulher ainda é tratada de forma discriminatória, e submetida a humilhações e posições de inferiorização, como por exemplo em certos países islâmicos, onde lhes são negados direitos dos mais simples. É um livro que deve ser lido não apenas pelos fãs de quadrinhos, mas por aqueles que se interessam pelos direitos humanos – de todos, sejam homens e mulheres, e de como se travou parte da luta dos direitos femininos para terem direito também a esta conquista. Cumprimentos à editora Best Seller por lançar esta obra no mercado brasileiro, e que possam vir outros livros igualmente interessantes no futuro.