terça-feira, 13 de dezembro de 2016

GHOST IN THE SHELL GANHA EDIÇÃO NACIONAL PELA JBC



                Quem espera sempre alcança, e os fãs dos quadrinhos nipônicos viram sua paciência recompensada após praticamente quase dois anos de espera, desde quando a editora JBC prometeu que lançaria no mercado nacional uma das mais cultuadas obras da história dos mangás. Pois eis que durante a Comic Com Experience 2016, a megaconvenção dedicada ao universo pop/nerd, a editora nipo-brasileira apresentou a edição nacional de GHOST IN THE SHELL, com uma riqueza de acabamento nos detalhes de deixar qualquer fã de quadrinhos satisfeito. O anúncio de que a obra criada por Shirow Masamune finalmente seria lançada em nosso país, durante a CCXP 2016, já havia sido anunciada semanas antes do evento, e todo o pessoal da JBC trabalhou horas sem fio para garantir que a edição chegasse impressa a tempo de ser apresentada na convenção que ocorreu na capital paulista, nos últimos dias 1 a 4 deste mês de dezembro, no bairro do Jabaquara, zona sul da metrópole.
                A edição nacional compila todos os capítulos do mangá original, criado por Shirow Masamune, nome artístico do mangaká Masanori Ota, publicado entre 1989 e 1991 na revista japonesa Young Magazine, da editora Kodansha. Lançada no formato 17 x 24 cm, a edição tem 352 páginas, sendo 62 delas inteiramente coloridas, com papel lux cream, com direito a sobrecapa com 2 cores especiais, além das 4 cores normais que são utilizadas na produção de todas as capas, ao preço de R$ 64,90. A edição não será vendida em bancas, e terá distribuição exclusiva para livrarias e lojas especializadas.
                E a receptividade dos fãs no estande da JBC, durante a CCXP, para adquirir este lançamento, foi excelente, com a maior parte da tiragem levada à feira sendo vendida com incrível rapidez. E os fãs que visitaram o estande da editora ainda tiveram a oportunidade de acompanhar uma palestra ministrada por Marcelo Del Greco e Cassius Medauar, gerentes de conteúdo da editora, que explicaram aos fãs toda a epopéia que a JBC enfrentou para poder publicar enfim o mangá de Ghost in The Shell no Brasil, com vários detalhes curiosos revelados em primeira mão para todos os presentes.
                Foram reuniões e mais reuniões, tanto com a Kodansha, como com o autor, para aprovar todos os pormenores da edição nacional. Um exemplo citado por Del Greco e Medauar foram sobre as orelhas da edição nacional, que por imposição dos japoneses, tiveram que ficar em japonês igual ao original. E a quarta capa (contra-capa) ficou em uma mistura de inglês e japonês (igual ao original) e com inserções em português. A meticulosidade de exigências chegou ao nível de se determinar até em quantos milímetros ficariam certas medidas da edição, e todas elas tiveram que ser acatadas para que a obra tivesse sua publicação finalmente aprovada e liberada para ser lançada aqui. Outro exemplo de exigência imposta pelo autor foi a obrigatoriedade de seu nome ser grafado conforme a ordem de apresentação japonesa, Masamune Shirow, e não Shirow Masamune, como seria o correto por aqui. No Japão, o sobrenome costume ser dito antes do nome, ao contrário do costume ocidental. Acontece que o pseudônimo adotado por Masanori Ota faz referência ao legendário criador de espadas Masamune, e a inversão da ordem do nome de seu pseudônimo deixaria sem sentido o termo. Por outras razões, a editora não pode nem mesmo aproveitar o logo da versão animada do mangá, cuja primeira produção para cinema foi lançada no mercado nacional de vídeo, primeiro pela Flashstar, e mais recentemente pela Focus Filmes, com o subtítulo de “O Fantasma do Futuro”. Tanto apuro por parte dos japoneses acabou atrasando em vários meses o lançamento, e algo que era tido por muitos para ser lançado até no ano passado, só conseguiu efetivamente sair já neste mês de dezembro, primeiro com exclusividade para quem esteve presente na CCXP. Aos poucos, as livrarias e comic shops estão recebendo os exemplares para venda a seus clientes, bem como começando a estar disponíveis também em algumas lojas on-line.
                A história de Ghost in the Shell se passa depois do ano de 2029, marcado pelo surgimento de uma nova tecnologia que permite a fusão do cérebro à computação, e por tabela, à rede mundial de computadores, marcando uma nova era no que tange à interação entre o mundo real e o virtual. Com uma ambientação estilo cyberpunk, o autor foca os acontecimentos mais nas ramificações éticas, filosóficas e sociais da fusão em massa da humanidade com a tecnologia, com consequente o desenvolvimento de inteligências artificiais, e a onipresença da rede de computadores como uma oportunidade para reavaliar assuntos como a identidade pessoal, a singularidade da consciência e o aparecimento do trans-humanismo. O fio narrativo da história cobre as atividades desenvolvidas pela Comissão Nacional Japonesa de Segurança Pública, Seção 9, especializada no combate a crimes perpetrados com uso da tecnologia, tendo como principal protagonista Motoko Kusanagi, que ocupa a função de líder tática da Seção 9. Devido ao fato de seu corpo ser artificial (ela é uma ciborgue, dotada de um corpo robótico, sendo que apenas o seu cérebro e a coluna medular serem orgânicos), ela possui capacidades sobre-humanas, podendo executar certas operações que pessoas comuns nunca conseguiriam. Entre outras habilidades, Motoko tem conectores que a permitem se ligar à rede, para as mais diversas finalidades.
                O sucesso da série rendeu um longa metragem animado, produzido pela IG Productions em 1995, com direção de Mamoru Oshii, que tocava fundo no dilema onde terminava o ser humano e começava a máquina. O filme fez sucesso em diversos países, e acabou sendo lançado também no Brasil, com o título de “O Fantasma do Futuro”. Em 2002, Ghost In The Shell ganharia uma série animada para TV, com 26 episódios, intitulada “Ghost In The Shell: Stand Alone Complex”, com direito a uma segunda temporada, “Ghost in the Shell: Stand Alone Complex 2nd GIG”, e um especial de vídeo, finalizando a história, em “Ghost in the Shell: Stand Alone Complex - Solid State Society”. Paralelamente, um novo filme animado para cinema foi lançado em 2004, continuando os eventos do longa de 1995, intitulado “Ghost in the Shell 2: Innocence”. De 2013 a 2015, a série ganhou mais uma versão animada: “Ghost In The Shell: Arise”, com novas aventuras, em uma nova versão das aventuras. Mas, fora o primeiro longa para cinema, todas as demais produções animadas permanecem inéditas no Brasil até hoje.
                Em 2017, será lançado nos cinemas uma versão cinematográfica estrelada por atores, tendo Scarlet Johansson no papel da personagem Motoko Kusanagi. Pelos primeiros trailers divulgados, o visual da produção está bem fiel ao mangá e às animações lançadas até aqui. O filme também será exibido no Brasil, já tendo o nome adaptado com o subtítulo “O Vigilante do Futuro”. Tendo finalmente o mangá sido lançado por aqui, em mais uma excelente iniciativa da editora JBC, é aguardar pela produção live-action e conferir se ela fará juz à história criada por Shirow Masamune.


Nenhum comentário:

Postar um comentário