quarta-feira, 27 de julho de 2016

ROM, O CAVALEIRO DO ESPAÇO, REESTRÉIA NAS HQS



                Rufem os tambores: um dos personagens mais legais dos quadrinhos dos anos 1980 finalmente está de volta. Rom, o Cavaleiro do Espaço, que enfrentava os perversos Espectros na série produzida de 1979 a 1986 pela Marvel Comics, acaba de retornar aos quadrinhos após exatos 30 anos de ausência, na nova série mensal produzida pela IDW Publishing, cuja primeira edição acaba de chegar às comic shops dos Estados Unidos.
                No ano passado, a IDW anunciou que havia conseguido a licença para produzir novas aventuras em quadrinhos do herói, que há décadas havia sumido dos quadrinhos, quanto teve encerrada sua primeira série regular, publicada pela Marvel Comics. Os fãs aguardaram pacientemente o anúncio da data oficial do retorno do personagem, o que foi revelado há alguns meses, sendo que a espera finalmente chegou ao fim, e tal qual outra série aguardada pelos leitores, os Micronautas, também trazida de volta recentemente pela mesma editora, as expectativas das novas aventuras de Rom são bem altas.
                O personagem teve direito a uma edição “0”, que foi lançada como parte das ofertas do “Free Comic Book Day” nos Estados Unidos no mês de maio, mas é agora que a história decola propriamente, com roteiros de Chris Ryall, e desenhos de Christos Gage. O novo título, mensal, tem o preço de US$ 4,99. E a primeira edição terá diversas capas variantes, uma delas com o desenho de ninguém menos do que Sal Buscema, desenhista das primeiras aventuras do Cavaleiro do Espaço quando lançadas pela Marvel, no fim dos anos 1970.
                "Não é nenhum exagero para mim dizer que o lançamento de uma nova série do Rom é uma das coisas que mais queria fazer acontecer para os fãs", disse Chris Ryall, roteirista da nova série, que explica: "Eu sei disso porque eu sou um deles. O personagem tem estado ausente quadrinhos por muito tempo e não podemos mais esperar para introduzir esta nova versão dele para todo mundo".
                Rom foi criado originalmente como um brinquedo, pelas mãos do trio Scott Dankman, Richard C. Levy, e Bryan L. McCoy, que o venderam à empresa Parker Brothers, nos anos 1970. Denominado inicialmente como “Cobol”, seu nome foi mudado para “Rom” por decisão dos executivos da empresa. Curiosamente, ambos os nomes são inspirados na área de informática, sendo “Cobol” uma linguagem de programação, enquanto “Rom” é a abreviação de “read only memory” (memória apenas para leitura, em português). Para a Parker Brothers, que até então figurava essencialmente como uma empresa que produzia jogos de tabuleiro, o personagem era um produto totalmente novo para sua linha, portanto, era preciso incrementar a sua divulgação, e para tanto, foi feito um acordo com a Marvel Comics, que produziria uma série mensal baseada no brinquedo, que porquestões de custos, tinha um visual e acabamento muito pobres, para tentar ser o mais acessível possível.
                Assim, em dezembro de 1979, estreava pela Casa das Idéias a série de Rom, o Cavaleiro do Espaço, com roteiros produzidos por Bill Mantlo, e desenhos de Sal Buscema. Na história, há cerca de dois séculos atrás, na vastidão do espaço interplanetário, existia o planeta Gálador, lar de uma civilização que conseguira, através da tecnologia, eliminar todas as necessidades de seu povo. No auge de sua civilização, os galadorianos passaram a explorar o universo, para compartilhar o seu conhecimento e tecnologia com raças que estivessem em necessidade. Ao adentrarem a Nebulosa Negra, contudo, eles se depararam com uma raça alienígena extremamente hostil e perversa, conhecida como Espectros (dire wraiths, no original em inglês), seres metamorfos que possuíam uma alta tecnologia combinada com magia negra, e que visavam conquistar a galáxia. Estes seres exterminaram quase completamente a frota galadoriana, cujos sobreviventes conseguiram retornar a Gálador e avisar seu mundo da ameaça que poderia chegar a seu planeta.
                Seus líderes elaboraram um plano que transformaria, através da avançada tecnologia que detinham, vários de seus cidadãos em verdadeiras armas de combate, dotadas de armaduras e poder incríveis, que poderiam enfrentar os Espectros, como cavaleiros espaciais. Mas, para isso, aqueles que se submetessem ao processo perderiam seus corpos humanos. Rom, um cidadão de Gálador, foi o primeiro a se voluntariar para se tornar um cavaleiro espacial, e sua coragem inspirou milhares de outros compatriotas a fazerem o sacrifício para salvar seu mundo da ameaça que se aproximava. Na batalha que se travou na Nebulosa Negra, os cavaleiros espaciais conseguiram vencer, após uma dura e sofrida luta, onde vários cavaleiros deram suas vidas para salvar o Universo, com Rom sendo saudado como o maior de todos os heróis de Gálador, pela sua coragem e liderança que inspirou a todos durante o combate, mas os Espectros sobreviventes fugiram para outras partes da galáxia, e para impedir que eles retornassem, os cavaleiros se dirigiram às várias regiões do cosmos. Quase duzentos anos depois, essa busca trouxe Rom à Terra, onde seus sensores haviam descoberto uma grande colônia dos Espectros, que graças a seus poderes de transmutação, viviam ocultos em meio à população humana do planeta. E iniciava-se a luta do lendário cavaleiro do espaço para livrar nosso mundo da ameaça alienígena que, cedo ou tarde, poderia conquistar nosso planeta.
                A principal arma do cavaleiro do espaço, além dos poderes conferidos por sua armadura, era o Neutralizador, uma das mais poderosas armas já criadas em Gálador, com a qual ele podia anular várias formas de energia, e também podia banir os Espectros para a dimensão do limbo, onde permaneceriam aprisionados por toda a eternidade. O herói também contava com o Analisador, que podia verificar a real natureza dos seres que iluminava com seus raios, descobrindo suas verdadeiras formas, o que o ajudava a identificar seus inimigos, que sempre estavam disfarçados nas mais variadas formas.
                Mas sua aparência robótica assustava as pessoas, e quando ele eliminava algum espectro, isso era visto pelo público simplesmente como assassinato de pessoas comuns, já que a ameaça dos Espectros era completamente desconhecida pela humanidade, o que o levou a ser considerado uma ameaça, chegando inclusive a confrontar vários heróis do panteão da Marvel, como os X-Men, Luke Cage, Punho de Ferro, e muitos outros. O herói tinha conseguido fazer amizade com duas pessoas, Steve Jackson e Brandy Clark, que depois de um tempo apaixonou-se pelo herói do espaço. A série publicada pela Marvel teve 75 edições regulares e alguns especiais, sendo encerrada em 1986. Com o fim do contrato, a Marvel infelizmente não pode mais usar o personagem em seu visual robótico, que pertencia à Parker Brothers, mas Rom ainda apareceu em algumas histórias posteriores ao fim da série, mas em sua aparência humana, reconquistada ao fim da série regular.
                No Brasil, o personagem estreou na edição N° 2 da revista Almanaque Premiere Marvel, da RGE-Rio Gráfica e Editora, onde teve suas primeiras 7 histórias de seu título regular publicadas. Com o fim da publicação, em dezembro de 1982, o personagem só voltaria à cena alguns meses depois, em julho de 1983, passando a ter suas histórias na nova revista do Hulk, lançada pela Editora Abril, que publicou por lá a grande maioria das aventuras do cavaleiro espacial, iniciando do ponto onde suas histórias haviam deixado de ser publicadas pela RGE. Depois, suas aventuras passaram a sair na revista dos X-Men, a partir de 1989, com a luta do cavaleiro espacial contra os Espectros encontrando seu fim na primeira edição do Superalmanaque Marvel, onde suas últimas aventuras foram publicadas no Brasil (edições 62 a 65 do título americano). A Abril deixou de lançar todas as demais histórias lançadas pela Marvel, que iam até a derradeira edição 75, quando foi encerrado o título nos Estados Unidos.
                Na nova série que está se iniciando, Rom continuará a enfrentar os Espectros, que novamente são uma ameaça a toda a galáxia. O herói agora faz parte da Ordem da Estrela Solar (Solstar Order, no original), uma força benevolente que criou os Cavaleiros Espaciais para trazer paz ao cosmo, enfrentando ameaças que possam comprometer o destino de várias raças e planetas pelo universo. Segundo Chris Ryall, os fãs que conhecem a história original de Rom já tem uma versão pré-concebida do personagem, e vários dos elementos vistos na série da Marvel continuarão presentes nestas novas aventuras, que reiniciam completamente a saga de Rom, que continua a ser visto como o maior herói dentre todos os cavaleiros espaciais.
                Curiosamente, apesar da boa receptividade da série de quadrinhos produzida pela Marvel o brinquedo original do personagem não fez muito sucesso no mercado, apesar das boas vendas iniciais, sendo descontinuado pouco tempo depois. Em 1991, a Parker Brothers acabou encampada pela Hasbro, empresa de brinquedos que comercializava produtos de várias outras séries, como G.I. Joe, Transformers, e outros, e é a atual detentora dos personagens, que o licenciou à IDW no ano passado para a criação das novas aventuras em quadrinhos. Aliás, por não possuir mais os direitos do visual robótico de Rom, original do brinquedo, a Marvel ficou impossibilitada de reeditar as histórias produzidas com o personagem, bem como das aventuras onde ele aparecida nas séries de outros personagens, como X-Men, Hulk, etc.
                Os velhos fãs agora esperam para ver como se dará a nova publicação do personagem em sua nova editora, que promete reapresentar o herói espacial com sua essência preservada, não só para atrair aqueles que conheceram suas aventura originais na Marvel, mas também para conquistar os leitores dos tempos atuais. Infelizmente, para os fãs brasileiros, as chances destas novas aventuras aportarem por aqui é pequena, já que boa parte das séries produzidas pela IDW de outras franquias de sucesso conhecidas pelos leitores nacionais, como Transformers, G.I. Joe, entre outras, continuam inéditas por aqui, sem perspectivas de serem lançadas em nosso mercado, o que deve ser a sina das novas aventuras do intrépido cavaleiro espacial.


ABRIL RELANÇARÁ MANUAIS DISNEY



                Uma boa notícia para os fãs das edições especiais Disney que a Editora Abril vem lançando nos últimos tempos: devido ao excelente resultado de vendas da reimpressão do Manual do Escoteiro Mirim, lançado em maio, que já exigiu três tiragens para atender à demanda do famoso livro usado pelos sobrinhos do Pato Donald em várias de suas aventuras, a Abril resolveu relançar todos os manuais da série Disney, publicados originalmente no Brasil nos anos 1970, e reimpressos pela última vez na década de 1980. E os novos lançamentos começam agora no mês de agosto, e tem tudo para serem novamente um sucesso de vendas, como ocorreu na sua publicação em nosso país no início da década de 1970, também motivado pelo grande sucesso do Manual do Escoteiro Mirim.
Lançado inicialmente no mercado editorial da Itália em 1969, criado pela editora Mondadori, o Manual do Escoteiro Mirim teve sua primeira publicação no Brasil em 1971, pela Editora Abril. Já famoso pelo uso por Huguinho, Zezinho e Luisinho em várias aventuras, o livro diversas informações sobre natureza, dicas de montagem de barracas, acampamento, normas de segurança, localização usando as estrelas, código morse, etc, além de diversos experimentos interessantes que qualquer criança poderia fazer em casa, ainda que algumas pudessem exigir a supervisão de um adulto, e outros conhecimentos práticos. Como agora, este livro fez um grande sucesso na época, o que motivou o lançamento de outros “manuais” estrelados por outros personagens dos Universo Disney, como o Tio Patinhas, Professor Pardal, Gastão, Vovó Donalda, entre outros. Sucesso que também se repetiu no Brasil, onde os livros foram sendo lançados durante a década de 1970, e ganhando várias reedições ao longo do tempo, primeiro pela Abril, e as últimas republicações já sob o selo da Nova Cultural, uma das empresas do Grupo Abril, que reuniu todos os livros sob o título de “Biblioteca do Escoteiro Mirim”. O Círculo do Livro, outra das empresas da Abril, também republicou a obra, disponível para venda somente a seus associados. Desde então, já se vão mais de 20 anos desde que estes livros foram lançados no mercado nacional, sendo disponíveis apenas em sebos para quem quisesse adquiri-los.
E agora, todos os 14 volumes originais lançados nos anos 1970 serão finalmente reimpressos, numa excelente oportunidade para o público leitor atual conhecer estas obras, que tem tudo para repetir o sucesso estrondoso visto no relançamento do Manual do Escoteiro Mirim. Para este ano, de acordo com Sergio Figueiredo, diretor de redação da Abril, serão lançados mais 5 livros, que deverão ser os seguintes, com seus respectivos meses de lançamento, cuja ordem ainda pode ser mudada, estando sujeita a confirmação de última hora por parte da editora, que pode inclusive mudar até os títulos:

# MANUAL DO PROFESSOR PARDAL: Lançado originalmente no Brasil em 1972, no formato 13 x 19,5 cm, com 256 páginas, com capa dura, terá seu relançamento neste mês de agosto, durante a Bienal do Livro, em São Paulo. Esta obra reúne várias informações sobre grandes invenções da história humana, além de trazer sinopses de várias histórias do Professor Pardal, e diversas matérias de como “construir” invenções simples em casa, para os mais variados fins, de forma didática e instrutiva.

# MANUAL DO TIO PATINHAS: Lançado originalmente no Brasil em 1972, no formato 13 x 19,5 cm, com 256 páginas, em capa dura, sua reedição deverá chegar às bancas e livrarias em setembro. Em sua edição original, este manual trouxe de brinde as leitores uma moeda metálica no valor de uma pataca, com certificado de legítimo proprietário da réplica, um item de colecionador raríssimo nos dias de hoje. Como não poderia deixar de ser, o livro reúne diversas informações sobre o assunto preferido do pato mais rico do mundo, ou seja, dinheiro, economia e negócios: com matérias sobre a origem das moedas, milionários famosos, história dos bancos, cheques, seguros, pedras preciosas, impostos, sistemas monetários, recordes de preços de obras de arte e vários outros assuntos ligados ao tema.

# MANUAL DA MAGA & MIN: Lançado originalmente em nosso país em 1973, no formato 13 x 19,5 cm, com 192 páginas, e capa dura, será disponibilizado em outubro para as bancas e livrarias. Este manual fala sobre mágicas, feitiços, manifestações sobrenaturais como assombrações, fantasmas, e tudo o mais que seja relacionado ao mundo das bruxas e outros seres imaginários, numa leitura pra lá de arrepiar e divertida.

# MANUAL DO MICKEY: Com data de relançamento programada para novembro, este livro foi lançado no Brasil pela primeira vez em 1974, no formato 13 x 19,5 cm, com 256 páginas e capa dura. Nesta obra, o destaque são matérias ligadas ao universo das investigações, aventuras e instituições mantenedoras da lei. Há reportagens sobre impressões digitais, os grandes detetives da história, espiões, detetives particulares, mistérios famosos, sindicatos do crime, grandes aventureiros, etc, além de uma biografia do Mickey, e a história do Pateta, seu melhor amigo, e do Pluto, seu cão de estimação, além de um texto detalhando parte dos confrontos do intrépido camundongo com um de seus maiores inimigos, o Mancha Negra.

# MANUAL DA VOVÓ DONALDA: Este livro será o último a sair neste ano, com data marcada para dezembro. Foi lançado pela primeira vez no Brasil em 1977, contando com 192 páginas, no formato 13 x 19,5 cm, e capa dura. Um diferencial deste livro é que ele explora sua própria criação, em uma metalinguagem singular, quando os principais personagens Disney se reúnem no sítio da Vovó Donalda em uma oficina gastronômica com vista à criação do próprio livro que o leitor tem em mãos. Outro detalhe interessante é que ele traz um capítulo especial somente sobre culinária brasileira, com diversas receitas de pratos nacionais.

                Até o fechamento desta matéria, o preço destes novos manuais ainda não havia sido divulgado, mas especula-se que possa ser em valor similar ao praticado no Manual do Escoteiro Mirim, que foi de R$ 39,90. Para 2017 está previsto o relançamento dos demais 8 livros que completam a coleção original de 14 títulos, sendo eles: Manual do Peninha; Manual do Zé Carioca; Manual do Gastão; Manual dos Jogos Olímpicos, Manual da Televisão, Manual de Mágicas, Manual do Automóvel; e o Manual da Copa do Mundo. Mas, até o presente momento, não foram definidas as datas, nem a ordem de lançamento destes livros restantes.
                Trata-se de um material clássico muito bem-vindo, e uma iniciativa mais do que louvável da Abril, que tinha a intenção de relançar estes livros, mas precisava antes testar a receptividade do público leitor, ainda mais neste momento em que a economia nacional está patinando, e com o mercado potencial para este tipo de publicação em franca disputa por outras editoras, que abarrotaram bancas e livrarias com várias edições de luxo de quadrinhos, em especial as sagas de super-heróis, como a Salvat, Eaglemoss, e a Panini. A resposta da excelente receptividade do relançamento do Manual do Escoteiro Mirim, que sumiu rapidamente das bancas, obrigando a editora a providenciar novas tiragens, mostrou que os fãs ainda mostram fôlego para este tipo de material com acabamento de luxo, para não mencionar sua qualidade, e raridade, já que se trata de títulos que não eram relançados há mais de duas décadas em nosso mercado editorial, que passou por momentos muito mais favoráveis que o atual durante este intervalo, onde eles poderiam ter sido republicados.
                Quem ganha não é apenas o público fã dos personagens Disney, mas todos os fãs de quadrinhos, que terão oportunidade de ler e/ou reler este material mais do que clássico, com muitas informações, matérias e curiosidades que certamente ainda mantém a sua atratividade, mesmo que algumas delas possam parecer defasadas e singelas em relação a certos assuntos dos dias atuais. Agora é aguardar o lançamento das mesmas.

domingo, 10 de julho de 2016

BATMAN: A PIADA MORTAL GANHA ANIMAÇÃO



                Demorou, mas enfim aconteceu. Depois de verem a adaptação em animação de “Dark Knight Returns” (Batman – Cavaleiro das Trevas), considerada a obra definitiva de interpretação do Homem Morcego, que saiu em duas partes em 2012 e 2013, chegou a hora dos fãs do Batman assistirem à animação daquela que é considerada uma das histórias mais antológicas do personagem, além de ser considerada a origem definitiva de seu maior e mais imprevisível inimigo, o Coringa. Estamos falando de Batman: The Killing Joke, mais conhecida por aqui como BATMAN – A PIADA MORTAL.
                Roteirizada por Alan Moore, e desenhada por Brian Bolland, A Piada Mortal foi uma Graphic Novel lançada em 1988 nos Estados Unidos pela DC Comics, e se notabilizou por mostrar quão violento e louco podia ser aquele que é chamado simplesmente de “Palhaço do Crime”, alcunha que muitas vezes nunca deu a exata dimensão da periculosidade do Coringa, em muitas ocasiões retratado apenas como isso mesmo, um palhaço fazendo piadas sem nenhuma graça. O Coringa foi mostrado como sendo uma pessoa normal que, após fracassar na carreira que escolheu, acabou descambando para o crime, mas tudo deu errado em um golpe onde o Homem Morcego interveio e promoveu o fracasso da empreitada. Desfigurado em um acidente no meio da ação, ele perdeu completamente a razão, assumindo sua nova persona, e se tornando um verdadeiro pesadelo para a cidade de Gotham City e o Batman.
                No Brasil, a Graphic Novel foi publicada ainda em 1988 pela Editora Abril, em formato americano, e que relançou a edição em 1999. Em 2005, a editora Opera Graphica também publicou a edição, no formato livro de bolso, em preto e branco, com capa dura. Já a Panini Comics, atual editora dos quadrinhos da DC no Brasil, relançou a obra em 2009, ganhando nova edição em 2011 e 2015, em formato americano e capa dura, a cores. A edição contou com um prefácio por Tim Sale, posfácio por Brian Bolland, apresentando também rascunhos do desenhista Brian Bolland. Trouxe também uma biografia de Bob Kane, Bill Finger, Jerry Robinson.
                Tudo começa quando o Batman, tentando analisar o curso de violência dos confrontos travados entre ele e o Coringa ao longo dos anos, decide confrontar seu inimigo, indo vê-lo no Asilo Arkhan, prevendo que, cedo ou tarde, esses confrontos só poderão ser terminados com a morte de um deles. Mas, como desgraça pouca é bobagem, o Cavaleiro das Trevas descobre que seu arquinimigo fugiu novamente, e ele tem novas idéias insanas na cabeça. Um dia ruim. É apenas isso que pode separar o homem são da completa loucura, na análise do Coringa. E, querendo provar o seu ponto de vista, ele resolve enlouquecer ninguém menos que o maior aliado de seu grande inimigo: o Comissário Gordon. Para tanto, ele invade a casa de Gordon, começando por balear e aleijar Bárbara Gordon, sua filha, deixando-a paralítica. Ele ainda tira fotos insinuando estuprar a garota recém-baleada, e faz questão de mostrar isso a Gordon, tentando enlouquecê-lo. Cabe ao Cavaleiro das Trevas impedi-lo de concretizar o seu objetivo, mas o que acontece quando o próprio Batman, frente às perversidades perpetradas pelo vilão, também pode descambar para a loucura, na tentativa de impedir o Coringa de continuar com seus atos hediondos de uma vez por todas? E, em meio à ação, a origem do Palhaço do Crime é mostrada em flashbacks, mostrando como uma pessoa simples e honesta acabou se tornando, após uma sucessão de golpes de azar, no maior perigo que Gotham City já encarou.
                Durante anos os fãs esperavam por uma adaptação dessa história. No cinema, as aparições do Coringa nunca adaptaram essa Graphic Novel, embora o filme de 1989 tenha usado alguns detalhes, mas sem a fidelidade desejada pelos leitores. Com o advento das produções animadas da DC nos últimos anos, as esperanças de renovaram, já que várias histórias menos importantes acabaram ganhando adaptações em animação. E as esperanças cresceram depois de 2013, quando a Warner lançou a adaptação animada de Cavaleiro das Trevas. Mas só na Comic-Con de San Diego do ano passado veio a confirmação de que A PIADA MORTAL ganharia enfim sua versão em animação, com previsão de lançamento para este ano, o que fez os fãs comemorarem intensamente. Em março deste ano, Mark Hamill e Kevin Conroy, os dubladores originais do Coringa e do Batman de Batman – The Animated Series, foram confirmados nas vozes dos personagens. E também foi estipulada a data de lançamento para o dia 2 de agosto para a animação sair no mercado de vídeo dos Estados Unidos.
                O trailer da animação, divulgado há algumas semanas, mostra grande fidelidade das cenas à graphic novel. Um indicativo de que a animação terá momentos fortes é que ela será a primeira produção animada com os heróis da DC a ter classificação Rated R, que significa que menores de 17 anos só poderão assistir na presença de um responsável. O trailer não mostra cenas pesadas, mas indica que elas possam ocorrer, o que já encheu os fãs de esperança de que a adaptação tenha sido bem feita, respeitando os detalhes da obra original. A animação terá 76 minutos de duração, e fica a expectativa de como ficou a qualidade dessa adaptação. E a espera está chegando ao fim. Haverá uma pré-estréia de A PIADA MORTAL durante a Comic-Com de San Diego, e no final do mês, haverá uma exibição especial no cinema dedicada unicamente ao novo longa animado.
 O melhor de tudo é que os fãs brasileiros também terão a chance de conferir essa adaptação em animação. A Warner já programou para o início de agosto o lançamento de BATMAN – A PIADA MORTAL no mercado de vídeo nacional, ao mesmo tempo em que haverá o lançamento nos Estados Unidos. Mas, ao contrário do que fará nos EUA, os brasileiros terão apenas a opção de lançamento em DVD, como tem sido política da empresa no lançamento das animações dos heróis da DC Comics no Brasil, ignorando solenemente o Blu-Ray. O disco já se encontra em pré-venda em diversas livrarias e sites virtuais, pelo preço de R$ 19,90, sendo um disco simples, com opções de áudio em inglês e português, além de legendas em ambos os idiomas. Nos Estados Unidos, o filme será lançado em um pacote combo, contendo um disco blu-ray, um DVD, além de trazer uma cópia digital HD, pelo preço de US$ 24,98, mas já podendo ser encontrado até por preços menores, mesmo na pré-venda, em diversas lojas virtuais. Haverá também uma edição de conteúdo idêntico, mas vindo em uma embalagem steelbook, que será vendida com exclusividade pela rede de lojas Target, pelo valor de US$ 16,99. Os fãs americanos terão também uma edição exclusiva da Best Buy, pelo preço de tabela de US$ 34,99, que trará também uma action figure do palhaço do crime, além de um exemplar impresso da edição “Batman: O Homem que Ri”. Nenhuma das edições americanas terá opções em nosso idioma. As edições ainda contam com os seguintes extras: “Two 22-minute episodes from The New Batman Adventures and Batman: The Animated Series”, “Madness Set to Music”, e “Many Shades of the Joker: The Tale of the Killing Joke”. Nenhum destes extras estará presente no DVD que será lançado no Brasil, para infelicidade dos fãs do Homem-Morcego, o que já não deveria ser surpresa, visto o descaso com que a Warner tem feito certos lançamentos por estas paragens.
                Um ponto que pode ser comemorado é que o longa animado também será exibido nos cinemas nacionais, através de uma parceria da rede Cinemark com o grupo Omelete, em sessão única e exclusiva marcada para o dia 25 de julho, às 20h, com áudio original e legendas em português. Os ingressos já estão à venda, podendo ser adquiridos nas bilheterias ou no site da rede Cinemark, ao preço de R$ 40 a inteira e R$ 20 a meia entrada. Clientes do programa Cinemark Mania têm 50% de desconto, sendo que em algumas localidades os ingressos já haviam até se esgotados no fechamento desta matéria. As cidades onde há filiais da rede Cinemark onde haverá exibição do longa animado serão Aracaju (Sergipe), Belo Horizonte, Uberlândia, Varginha (Minas Gerais), Brasília (Distrito Federal), Campinas, Guarulhos, Ribeirão Preto, Santos, São Paulo, São Caetano do Sul, São José dos Campos (São Paulo), Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Cuiabá (Mato Grosso), Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina (Paraná), Florianópolis (Santa Catarina), Goiânia (Goiás), Juazeiro, Salvador (Bahia), Manaus (Amazonas), Natal (Rio Grande do Norte), Niterói, Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Recife (Pernambuco), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Vila Velha, Vitória (Espírito Santo).
Nos Estados Unidos, A Piada Mortal também será exibida nos cinemas no mesmo dia, em nada menos do que 1.075 salas, um número que pode ser considerado recorde para uma animação do gênero, de acordo com dados da revista Variety. E a exibição americana também será diferenciada, em relação à exibição brasileira. Nos Estados Unidos, a sessão de exibição será precedida de uma introdução feita por ninguém menos do que Mark Hamill (o eterno Luke Skywalker de Guerra nas Estrelas, mas que se notabilizou por dublar o Coringa na maioria das animações feitas com o personagem desde Batman – The Animated Series, em 1992), além de um documentário sobre o envolvimento do ator no projeto de adaptação, e os bastidores de uma das cenas do longa animado.
                A chegada da tão esperada animação de A PIADA MORTAL deve ser comemorada pelos fãs dos quadrinhos, que enfim terão a chance de conferir esta contundente história da carreira do Batman. No caso do Brasil, a exibição nos cinemas também deve ser comemorada, bem como o lançamento no mercado de vídeo. Uma pena o lançamento não ser feito também em alta definição, ficando restrito ao DVD. Infelizmente, não se pode ter tudo, mas no caso do nosso país, isso não é feito na grande maioria das vezes por puro descaso, quando não é incompetência das empresas responsáveis pela empreitada. Uma piada realmente mortal, e que não tem graça alguma.