sábado, 30 de abril de 2016

IDW TRAZ DE VOLTA A SÉRIE DOS MICRONAUTAS



                Um antigo grupo de heróis dos quadrinhos está de volta, em nova editora, e com uma nova saga a ser mostrada. O grupo de personagens em questão são os Micronautas; a nova editora é a IDW Publishing, e a nova história começou a ser contada com o lançamento de MICRONAUTS, nova série regular da editora norte-americana, que chegou às comic shops dos Estados Unidos há poucos dias. os roteiros estão a cargo de Cullen Bunn, com arte de David Baldeon, com capas de J.H. Williams. A nova série, mensal, tem preço de US$ 3,99.
                Os leitores mais antigos irão lembrar das histórias que foram publicadas nos áureos anos 1980 nas publicações Marvel da Editora Abril, mais especificamente na revista Heróis da TV, que trouxeram para o público leitor de quadrinhos nacional as aventuras do grupo de heróis do Microverso, um local situado dentro do Universo Marvel tradicional, porém em realidade subatômica. Na trama, um grupo de heróis reúne-se para acabar com a tirania do perverso Barão Karza, que domina a sociedade daquele universo subatômico através de seu "banco de corpos", que torna quem o utiliza praticamente imortal, dando-lhe a chance de "trocar de corpo", e assim continuar vivendo indefinidamente, repetindo o processo de tempos em tempos. Como as pessoas desejam driblar a morte, Karza foi conquistando cada vez mais poder, até que eliminou as poucas autoridades que lhe faziam oposição. Dos mundos submetidos ao jugo de sua tirania, reuniram-se vários elementos que iniciaram resistência ao poder de Karza.
                Micronautas surgiu inicialmente como uma linha de brinquedos do mesmo nome da Mego, que por sua vez eram baseados na linha Microman, da empresa japonesa Takara, curiosamente uma das linhas que dariam origem, alguns anos depois, à série Transformers, da Hasbro, em parceria com a Marvel Comics. A Marvel fez um contrato de licenciamento com a Mego por sugestão de um de seus roteiristas, Bill Mantlo, que assim que viu a linha de brinquedos, praticamente criou tda uma história para os personagens da linha de action figures. Jim Shooter, então editor-chefe da Casa das Idéias, topou a parada, e assim, em janeiro de 1979, a Marvel lançava a primeira edição de Micronautas, com roteiros criados por Bill Mantlo, e desenhos de Michael Golden. Para a Mego, era um grande negócio: além de faturar alguns trocados com o licenciamento dos brinquedos, as histórias em quadrinho promoveriam a linha entre o público leitor, fazendo uma excelente propaganda e aumentando as vendas.
                A série teve sucesso, sendo publicada até 1984, com um total de 59 edições e dois especiais anuais lançados. A Marvel ainda promoveu alguns encontros dos Micronautas com seus personagens, como o Quarteto Fantástico e os X-Men. Houve ainda uma segunda série, intitulada Micronauts: The New Voyages (Micronautas: As Novas Viagens), publicada de 1984 até 1986, com mais 20 edições, quando a Marvel encerrou definitivamente as publicações com os personagens, ao fim do contrato de licença dos personagens.
                Os Micronautas retornariam aos quadrinhos em 2002, agora publicados pela Image, em uma curta série que durou apenas 11 edições, antes de ser cancelada. Em 2004, foi a vez da Devil's Due Publishing apostar na série, mas durou ainda menos, saindo do mapa após apenas 3 números. E os Micronautas foram novamente para o limbo editorial, até que no ano passado a IDW anunciou ter conseguido a licença para lançar quadrinhos dos personagens, o que está lançando agora.
                Mas quem curtiu os personagens se engana pensando que irá rever todos os heróis da trama, ou ver uma continuação da saga publicada pela Marvel Comics décadas atrás. Como tem se tornado praxe em diversas séries de quadrinhos que foram licenciados, a história da trama mostrada nos gibis da Marvel foi criada pela editora, assim como alguns dos personagens da série, como o Comandante Arturus Raan, Mari Marionette, e o Besouro, enquanto outros personagens, como Príncipe Acrólito, além do grande vilão da saga, o Barão Karza, são baseados nos brinquedos originais, e portanto, não pertenciam à editora, o que impediu que a Marvel pudesse republicar as histórias da série, ao fim do seu contrato de licenciamento, um problema que afeta até hoje outros materiais produzidos pela editora, como as histórias originais de Shang Chi, o Mestre do Kung Fu (por usar personagens licenciados, como Fu Manchi, Syr Dennis Nayland Smith, e mais alguns outros), e Rom, o Cavaleiro do Espaço (que por sinal também foi adquirida a licença para quadrinhos pela IDW), cuja mitologia das histórias foi inteiramente criada pela Marvel sobre o brinquedo do personagem.
                Inclusive, a Marvel tem feito uso dos personagens criados para a série Micronautas em algumas publicações recentes, reforçando a idéia de que a nova série que acaba de ser lançada pela IDW terá apenas o nome e alguns personagens mantidos, o que não se pode dizer da história, que será inteiramente nova. O Barão Karza continua a ser o grande vilão da trama, e há todo um grupo de novos personagens criados para esta nova série. Na nova história, o universo subatômico parece estar entrando numa era de entropia, num momento em que a ciência e a magia disputam o controle pelo destino dos eventos. Um grupo de pessoas e seres se reúne para investigar o que pode estar causando este fenômeno que parece estar devastando mundo após mundo. Mas o que eles poderão fazer para impedir que a entropia destrua a tudo e a todos? E o que o misterioso ser conhecido como Barão Karza tem em mente quando afirma que tem uma guerra para vencer? Com os recursos à disposição diminuindo rapidamente, um misterioso viajante perdido do tempo pode ser a chave para a salvação, mas e se não for, e o armageddon se tornar ainda mais inevitável do que já está parecendo?
                Entre os novos personagens, temos Oziron Rael, um homem que se rebela tanto contra as forças do misticismo quanto as forças da ordem. Chamado de "Oz" por seus amigos, ele está pouco disposto a ver pessoas inocentes morrerem devido à guerra. Possui uma nave chamada Heliopolis, uma nave de pesquisa que acabou virando cruzador de batalha. Temos também Acroyear (o velho Príncipe Acrólito, da versão Marvel), um superguerreiro criado geneticamente, que foi colocado para ser "aposentado" à força junto com o resto de sua raça, mas que escapou de ser destruído graças à Oz. Outros personagens na trama são Phenolo-Phi, um rebelde investigador emotivo que usa uma roupa protótipo de astronauta com planador; Larissa, uma Defensora Orbital, uma guerreira competente, e estudante de medicina e ciência, que criou uma tecnologia de defesa portátil que usa para poder proteger seus aliados ou pessoas inocentes; Biotron, robô volumoso e poderoso; e Microtron, o companheiro que está sempre com Oz, demonstrando uma inteligência e sarcasmo auto-depreciativo, mas sendo sempre alguém leal. E, claro, não poderia faltar o Barão Karza, que nesta nova versão se vê como o salvador que pretende resgatar o universo subatômico, impondo a ele uma ordem totalitária para protegê-lo de si mesmo, garantindo a integridade da realidade.
                Resta esperar como esta nova saga dos Micronautas vai se desenvolver, e se esta nova versão conseguirá obter o mesmo sucesso e reconhecimento de sua versão original de décadas atrás. A iniciativa é válida, ainda mais pelas limitações que a licença da propriedade impõe, e os tempos também são outros. Portanto, boa sorte à editora americana em seu projeto de relançar esta série.

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