quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

GUERRA, SOMBRA E ÁGUA FRESCA EM DVD



                Colecionar seriados antigos no Brasil se tornou tarefa complicada nos últimos anos. As distribuidoras diminuíram consideravelmente suas apostas no gênero, e quando aparece algum lançamento, os fãs tem de torcer para que pelo menos saia feito de maneira correta, o que nem sempre acontece. A série original de Galactica - Astronave de Combate, lançada pela Universal no ano passado, é um exemplo: o box nacional veio completamente sem os extras presentes na versão americana, que ainda teve direito a lançamento em alta definição (blu-ray), e versões remasterizadas dos episódios. Como desgraça pouca é bobagem, além do preço exagerado do box, a autoração dos discos parece ter sido feita nestes programas básicos de gravação de mídias que se tem em um computador doméstico, de tão simples e insossa que é.
                Ainda assim, quando surge um novo lançamento na área, os fãs comemoram, pois é a chance de verem ou reverem um material antigo que há muito tempo não passa mais na TV. E é com essa esperança que se vê o mais novo lançamento no mercado nacional, de uma famosa série de humor dos anos 1960 que tinha como pano de fundo a 2ª Guerra Mundial: Guerra, Sombra e Água Fresca, que foi lançada no mês passado, pela World Classic.
                GUERRA, SOMBRA E ÁGUA FRESCA - PRIMEIRA TEMPORADA COMPLETA traz todos os 32 episódios da primeira temporada do seriado, com opções de áudio em inglês e português, além de legendas em ambos os idiomas, em 5 discos. O preço da caixa é de R$ 99,90, e apesar da apresentação básica de conteúdo, sem trazer nenhum material extra, a embalagem é muito bem feita, com os discos acomodados em um digistak transparente, envolto por uma luva com reprodução da mesma arte do box americano. E pelo menos a imagem dos episódios, se não está exatamente "remasterizada" como vem anunciado na embalagem, não é também exatamente ruim, embora se recomende ver em um aparelho sem o recurso de upscaling de imagem, já que a resolução é a padrão de TV. O melhor de tudo mesmo é poder contar com a dublagem original em português da série, além de ver, pela primeira vez, o episódio piloto, que foi o único produzido em preto e branco, intitulado "O Espião", nunca exibido no Brasil, e por isso mesmo, o único sem possuir dublagem em nosso idioma.
                Produzida entre 1965 e 1971, com o título original de "Hogan's Heroes" (Os Heróis de Hogan), a série tem como palco o Campo 13, uma prisão para prisioneiros de guerra, durante a 2ª Guerra Mundial. O campo tem orgulho de nunca ter sofrido uma fuga de prisioneiros sequer, mas as coisas não são bem o que parecem. O campo é comandado pelo incompetente Coronel Klink (Werner Klemperer), que tem como braço direito o Sargento Schultz (John Banner). Seus principais prisioneiros são um grupo das forças aliadas comandadas pelo Coronel Hogan (Bob Crane), o oficial mais graduado entre os prisioneiros. Mas o que os oficiais alemães não sabem é que Hogan e seu grupo são agentes especiais das forças aliadas, e de dentro do Campo 13, planejam e fazem as maiores artimanhas para complicar a vida das forças nazistas. E tudo isso debaixo do nariz do Coronel Klink, a quem Hogan sempre consegue levar na conversa fiada para saber de alguma manobra ou estratégia militar que os alemães estejam tramando nas imediações. E quando a barra aperta e Klink ameaça "investigar" o que anda acontecendo em seu campo de prisioneiros, Hogan sempre consegue dissuadir o Coronel de seu intento. Claro, a ficha de Klink como oficial do exército alemão não é nenhuma maravilha, e com boatos de que militares incômodos são enviados para a Frente Russa dos combates, o Coronel volta e meia sempre acaba concordando com os pontos de vista de Hogan. Afinal, é preciso manter a fama do local como um presídio sem fugas e sem confusões. E com isso eles tiravam o maior deboche dos nazistas, fazendo e acontecendo a todo momento. Hogan e seus homens chegaram a roubar um tanque e escondê-lo dentro do Campo 13, só para mostrar o que eles eram capazes de aprontar. Quem ficava na saia justa era o Sargento Schultz, que muitas vezes presenciava boa parte das confusões, mas preferia ficar na sua, repetindo sempre "eu não ver nada, eu não saber de nada", evitando encrencas para o seu lado, afinal, ele era o chefe dos guardas do Campo 13...
                O grupo de Hogan conta com os serviços do sargento americano James Kinchloe (Ivan Dixon), especialista em rádio e comunicações, e que consegue imitar e simular com facilidade as vozes dos alemães no rádio ou telefone, sendo muito requisitado na hora de enviar ou passar mensagens falsas. Também tem o sargento americano Andrew J. Carter (Larry Hovis), que é o especialista em química e explosivos, inventando o que for preciso quando é necessário mandar alguma coisa pelos ares. Já o cabo francês Louis LeBeau (Robert Clary) quebra o galho como o cozinheiro do grupo, e ainda dá seu ar da graça como mestre da camuflagem, tendo treinado os cães do Campo 13 para seguirem suas ordens e deixarem os guardas alemães desnorteados quando há alguma perseguição ou tarefa que envolve os animais. Graças a isso, é ele quem lidera as entradas e saídas pelos túneis secretos que existem no campo de prisioneiros, por onde Hogan e seus homens sempre dão uma "saidinha" para dar um giro pelas proximidades no cumprimento de alguma missão para sabotar os esforços nazistas na guerra. Outro membro importante é o cabo inglês Peter Newkirk (Richard Dawson), que é um jogador e especialista em lutas corpo-a-corpo, ficando sob sua responsabilidade provocar as distrações nas missões de sabotagem realizadas pelo grupo.
                O seriado contou com 6 temporadas, com um total de 168 episódios, que foram exibidos pela rede CBS nos Estads Unidos. No Brasil, o seriado foi exibido pelas TVs Tupi (1968-72), Excelsior (1969), Bandeirantes (1976-79; 85-86; 88), Multishow (1996-97), e Rede 21 (2004-06), onde teve sua última reprise, há praticamente 10 anos, nunca mais tendo sido exibida por aqui.
                Vale lembrar que este lançamento, muito provavelmente, é "semi-oficial", para não dizer paralelo, como costuma acontecer com os demais lançamentos da World Classic, uma vez que os direitos de distribuição da série pertencem à Paramount. Mas o fã destas séries antigas pouco vai se importar se o lançamento é oficial ou não. Ele quer ter a série, e como as distribuidoras que geralmente possuem os direitos ultimamente andam se lixando para o consumidor, deixando de lançar este tipo de produção, não há outra opção além de adquirir este tipo de material, que geralmente tem apresentado uma qualidade de apresentação que praticamente nada deve a um lançamento "oficial", geralmente com caixas muito bem feitas e com belo design de apresentação. Claro que há algumas exceções, como foi o caso da série clássica do primeiro Ultraman, também lançada pela World Classic, disponibilizada recentemente, que tinha qualidade de imagens dos episódios abaixo de qualquer expectativa, revoltando vários compradores. Mas não parece ser o caso de Guerra, Sombra e Água Fresca, que agora pode ser comprado pelos fãs nas principais lojas do país.
                Quem sai perdendo neste caso são as distribuidoras "oficiais", por continuarem ignorando o público consumidor, que quer ter estas séries. Depois, que não venham reclamar de que a pirataria lhes prejudica, quando eles próprios ajudam a fomentá-la, lançando apenas as séries mais recentes.

3 comentários:

  1. Concordo que as distribuidoras estão perdendo um filão. Essa é uma das séries que eu queria ter na minha prateleira.

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  2. Tomara que as demais temporadas sejam lançadas também.

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  3. Já foram lançadas 4 temporadas, faltam só duas agora

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