segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

“O INSPETOR” GANHA NOVA SÉRIE MENSAL NOS EUA



                Os fãs de quadrinhos com personagens clássicos tem mais um motivo para comemorar, pelo menos nos Estados Unidos. A American Mithology Productions, editora cujo objetivo é resgatar personagens antigos nos quadrinhos, acaba d lançar sua mais nova série mensal: THE INSPECTOR, ou para os mais antigos, O Inspetor, personagem que teve várias histórias publicadas no Brasil nos tempos em que a Editora Abril publicava as aventuras da Pantera Cor-de-Rosa por aqui.
                Com formato americano, cerca de 36 páginas, e preço de US$ 3,99, a edição traz novíssimas aventuras do personagem que surgiu nos créditos de abertura dos filmes da cinessérie “A Pantera Cor-de-Rosa”, estrelados pelo impagável Peter Sellers no papel do atrapalhado Inspetor Closeau. Aliás, foi a segunda série de quadrinhos a surgir daqueles créditos, já que a famosa Pantera Cor-de-Rosa que aparecia na animação de abertura não demorou a ganhar uma série de desenhos animados pouco tempo depois, ganhando também suas próprias aventuras em quadrinhos, processo que se repetiu com o personagem do Inspetor Closeau, que ganhou uma série animada de 34 episódios, e várias histórias em quadrinhos.
                Nos Estados Unidos, as histórias em quadrinhos dos personagens foram publicadas pela Gold Key durante vários anos, entre as décadas de 1960 e 1970, enquanto os filmes de Peter Sellers estavam sendo produzidos. Boa parte desse material acabou lançado aqui no Brasil pela Editora Abril, muitos anos depois, quando lançou nas bancas nacionais o título da Pantera Cor-de-Rosa, que teve 93 edições regulares publicadas entre 1973 e 1988, com direito a alguns almanaques e edições especiais. Até mesmo o Inspetor ganhou algumas edições especiais próprias, publicadas de maneira irregular durante esse período.
                O desenho animado, tanto da Pantera, quanto do Inspetor, também foram exibidos no Brasil nas TVs aberta e por assinatura. Enquanto o desenho da Pantera teve chance de sair até em box de DVD, o Inspetor ganhou apenas um solitário lançamento em vídeo nos tempos do VHS.
                O anúncio da American Mithology Productions é direto ao ponto: “os fãs pediram, e nós estamos trazendo de volta o inspetor mais atrapalhado de todos os tempos. Com a criminalidade em alta, o Comissário de Polícia nada mais pode fazer do que trazer de volta à ação o seu incansável subordinado no combate às forças que desafiam a lei.” Portanto, é hora do Inspetir Vivaldo (nome que o personagem ganhou nas publicações brasileiras) e seu inseparável parceiro, o sargento Du-Du (Deux-Deux, no original) saírem a campo para levarem os malfeitores à justiça, ainda que isso implique em inúmeras confusões e trapalhadas.
                Curiosamente, apesar de ser claramente o próprio Inspetor Closeau dos filmes de Peter Sellers, o personagem da animação e dos quadrinhos nunca teve esse nome, e nem mesmo o Comissário, seu oficial superior, foi sequer chamado pelo mesmo nome que o Comissário Dreyfuss tinha nos filmes, sendo mais aceito que se trata de uma cópia do personagem, e não o mesmo. A American Mithology Productions tem trazido aos leitores americanos alguns títulos bem interessantes nos últimos tempos, entre os quais uma nova série dos Três Patetas, que há tempos não tinham histórias em quadrinhos publicadas nos Estados Unidos, e agora ganhando novas aventuras com direito à representação fiel dos atores que imortalizaram os personagens no cinema e na TV. Outros títulos publicados pela editora são as aventuras da série Stargate - Atlantis, e “The Land That Time Forgot” (A Terra que o Tempo Esqueceu).
                Vale lembrar que a American Mithology Productions já tem em publicação também uma série mensal com novas aventuras em quadrinhos da própria Pantera Cor-de-Rosa, lançada há vários meses atrás. Portanto, dada a parceria que os personagens tiveram na sua origem comum, nada ais óbvio do que o Inspetor ganhar sua própria série mensal, que de acordo com a editora, era um pedido que os fãs e leitores já faziam desde que o título da Pantera começou a ser publicado. Infelizmente, para os fãs mais antigos que se lembram das histórias e dos desenhos destes dois personagens, a chance de estas novas aventuras aportarem por aqui é praticamente nula, ou extremamente reduzida, uma vez que até personagens de maior apelo e popularidade andam penando para terem sequer uma ou outra edição lançada por aqui, sejam em bancas, sejam em livrarias, onde as editoras ganharam um nicho novo para lançarem quadrinhos. Vez por outra, o desenho animado da Pantera ainda aparece em alguma reprise esporádica na TV, e isso é tudo o que eles podem contar no presente momento no Brasil.

IDW PREPARA NOVAS EDIÇÕES “DEVIATIONS” PARA 2017



                Desde que a Marvel lançou a primeira série do título “O Que Aconteceria Se...?” (What If...?, no original, em inglês) no final da década de 1970, os fãs de quadrinhos sempre manifestaram grande interesse por ver as realidades “alternativas” onde a vida e o rumo de seus heróis preferidos tomaram outras direções, muitas vezes ansiadas por eles em determinados acontecimentos, mas que nem sempre se mostravam mais felizes ou menos traumáticas. O sucesso da empreitada da Marvel pode ser sentida quando a DC Comics lançou sua própria série de histórias de realidades alternativas com seus heróis, na linha “Túnel do Tempo” (Elseworlds, no original, em inglês). E, neste ano, foi a vez da editora IDW Publishing tentar a sorte neste tipo de histórias, quando lançou no primeiro semestre várias edições de algumas de suas séries licenciadas sob o título “Deviations” (Desvio, em português), mostrando o que aconteceu com vários personagens, entre eles os Caça-Fantasmas, G.I. Joe – Comandos em Ação, Transformers, Arquivo X, entre outros, onde o rumo normal dos acontecimentos sofreu mudanças após momentos-chave terem tido outro desenlance, com todas as consequências advindas desse ponto crucial.
                E a editora estadunidense prepara-se para lançar uma nova leva de edições da linha “Deviations” para o próximo mês de março de 2017, dando sequência ao projeto, com alguns novos títulos, que não são necessariamente continuações das edições lançadas em 2016, embora a própria IDW tenha declarado, à época, que dependendo da receptividade destas edições, poderia até desenvolver séries regulares destes personagens em suas novas realidades alternativa. Enquanto estas séries ainda não surge, os leitores podem matar sua curiosidade de novas realidades para mais alguns dos títulos publicado pela editora. Confiram as edições que já foram anunciadas pela IDW:

STAR TREK: DEVIATIONS - Roteiro de Donny Cates, com arte e capas de Josh Hood. Em uma realidade onde os romulanos descobriram a Terra antes dos vulcanos, e fizeram o primeiro contado da humanidade com uma raça alienígena, nosso planeta é agora uma brutal colônia penal do Império Romulano, que dirige o que sobrou da raça humana com mão de ferro. O combatente da resistência William Riker, em seus constantes esforços na luta contra os opressores alienígenas, descobriu uma vasta conspiração, e junto com sua equipe de renegados fora da lei (alguns que serão facilmente reconhecíveis), terá lutar para resgatar um prisioneiro misterioso no nível mais escuro das masmorras romulanas. O único homem na Terra que ainda detém a chave para o acesso da humanidade às estrelas! Edição com 40 páginas, ao preço de US$ 4,99. Além da edição com capa official de Josh Hood, haverá também uma edição com capa variante de Rachael Stott.

ORPHAN BLACK: DEVIATIONS # 1 (de 6) - Argumento de Heli Kennedy, com desenhos de Wayne Nichols, e capa por Cat Staggs. Em um mundo onde Sarah conseguiu salvar Beth de tirar a própria vida! Com esta única mudança dos acontecimentos, o Clone Club se reúne de uma maneira completamente diferente e o mistério do Projeto LEDA se desdobra de maneiras novas e excitantes! Veja todos os seus personagens favoritos retornarem de uma forma totalmente nova! Edição com 40 páginas, ao preço de US$ 4,99. Além da edição com a capa desenhada por Cat Staggs, haverá também uma edição com capa variante de Fico Ossio.

THE X-FILES: DEVIATIONS 2017 - História de Amy Chu, com arte de Elena Casagrande, e capa por Cat Staggs. Em um mundo onde o jovem Fox Mulder foi seqüestrado por alienígenas e nunca mais voltou, outra agente Mulder toma a cruzada contra a decepção! A agente Samantha Mulder retorna em sua parceria com a cética agente Dana Scully para investigar uma figura sombria que pode conter a verdade por trás do desaparecimento do irmão de Samantha, Fox. E, para ajudar a dupla deagentes do FBI nesta busca, elas contarão com um grupo conhecido apenas como Pistoleiros Solitários. Edição com 40 páginas, com preço de US$ 4,99. Haverá também uma edição com capa variante desenhada por Claudia Gironi.

MY LITTLE PONY: DEVIATIONS - História de Katie Cook, com arte e capa por Agnes Garbowska. Em uma realidade onde o príncipe Blueblood se torna o aluno de Celestia, e não da Twilight Sparkle! O que acontecerá quando ele viajar para Ponyville para obter uma lição de amizade? Edição com 40 páginas, com preço de US$ 4,99. Haverá uma edição com capa variante desenhada por Katie Cook.

JUDGE DREDD: DEVIATIONS - Roteiro, arte e capa por John McCrea. Em um mundo alternativo, o mais temível e determinado agente da lei da futurista cidade de Mega City-1, o conhecido Juiz Dredd se transformou em um lobisomem ... e ficou assim para sempre, não conseguindo retomar sua condição humana, o que obviamente mudou por completo sua vida! O lendário criador de Dogwelder, John McCrea, lança um olhar de lado para uma das mais célebres histórias de Dredd, "Cry of the Werewolf", criada por John Wagner e Alan Grant, e do grande falecido Steve Dillon. Prepare-se para o... "Uivo do Lobo!" E se o marginais de Mega City 1 achavam que um Juiz Dredd “humano” era um problema dos grandes, é porque nunca o viram desta outra maneira... E os resultados não serão nem um pouco agradáveis... Edição com 40 páginas, ao preço de US$ 4,99. Como as demais edições, esta também contará com uma capa variante desenhada por Andrew Currie.

                Serão ao todo cinco edições, que serão lançadas nas semanas do mês de março de 2017. Infelizmente, não há nenhuma previsão de alguma destas edições saírem no Brasil, até porque nenhuma destas séries possui publicação regular em nosso país, e o pouco que tem sido publicado, como no caso do Juiz Dredd, tem saído na forma de encadernados com arcos de história completos, a fim de viabilizar os lançamentos. E até mesmo as edições da primeira leva desta série, publicados pela editora norte-americana no primeiro semestre deste ano, com personagens muito mais populares e conhecidos por aqui, não parecem ter boas possibilidades de terem sua publicação nas bancas nacionais, ainda mais no atual momento de crise econômica pelo qual nosso país atravessa, o que diminui ainda mais as chances de vermos esse material por aqui. Mas, quem sabe o futuro nos reserva alguma boa surpresa neste sentido? É aguardar para ver.

PANINI RELANÇA MANGÁ DE “LOBO SOLITÁRIO”



                Uma das melhores séries de mangás já publicados no Brasil está de volta às bancas. Trata-se de LOBO SOLITÁRIO, série criada por Kazuo Koike e Goseki Kojima, publicada originariamente no Japão de setembro de 1970 a abril de 1976, pela revista Weekly Manga Action, da editora Futabasha, e que rendeu 28 volumes encadernados. A iniciativa é da Panini Comics, que já havia lançado a série em nosso país na década passada, entre 2004 e 2007, e que agora ganha uma reedição pela multinacional italiana, com o subtítulo “Edição Luxo”, com a nova edição apresentando uma qualidade gráfica superior à da primeira edição lançada pela Panini, como vem sendo praxe nas republicações dos quadrinhos japoneses realizadas nos últimos anos, não apenas pela própria Panini, mas também por sua principal rival, a JBC.
Considerada por muitos críticos como a obra máxima dos mangás, a série “Lobo Solitário” se tornou referência mundial no que tange às artes visuais como o cinema, por sua beleza plástica simples e crua, e narrativa paradoxalmente dinâmica e dramática – característica ímpar da cultura japonesa. A obra também é tida como notório retrato fidedigno da época de ouro dos samurais, o apogeu da Era do Shogunato, também conhecido como Período Edo, que durou do ano 1603 até 1868, quando o Xogun foi deposto pela Revolução Meiji, e dotou o Japão de ares mais modernos.
É neste momento por vezes conturbado da sociedade japonesa que conhecemos o protagonista da série, Itto Ogami. Vítima de uma farsa perpetrada pelo clã Yagyu, que desejava para si o posto de “executores”, uma distinção pertencente à família Ogami, Itto viu todo o seu clã ser massacrado pelo clã rival. Incriminado como um traidor, só restaria a Itto cometer o tradicional suicídio dos samurais japoneses, o seppuku. Mas ele não se matou, e levando seu filho recém-nascido com ele, passa a perambular pelo Japão, vivendo como um assassino de aluguel. Exímio espadachim, Ogami também é grande conhecedor de outras artes, como estratégia militar, e o panorama político da sociedade japonesa. Para viver, ele vende seus serviços como assassino àqueles que possam contratar. E inicia sua jornada errante. Este é o caminho sangrento de Itto Ogami e seu filho Daigoro em busca de vingança contra a poderosa e influente família Yagyu, braço direito do Shogun, que orquestrou das sombras a ruína do clã Ogami.
                A nova publicação feita pela Panini será com periodicidade bimestral, no formato 13,7x20 cm, 288 páginas, ai preço de R$ 18,90. A primeira edição acaba de chegar às bancas nacionais. E, além da qualidade gráfica ser superior à da última publicação, este novo lançamento é baseado na versão original do mangá, publicada no Japão, enquanto o primeiro lançamento feito pela Panini em nosso país trouxe a versão que havia sido adaptada pela editora norte-americana Dark Horse Comics, o que só aumenta o valor desta nova reedição. O sucesso da série de mangá foi tamanho no Japão que as aventuras de Ogami e seu filho ganharam nada menos do que 6 filmes para cinema, produzidos entre 1971 e 1974, estrelados pelo ator Tomisaburo Wakayama no papel de Itto Ogami, e Tomikawa Akihiro como seu filho Daigoro, e contando com a supervisão da dupla criadora do mangá, o que lhes garantiu grande fidelidade aos quadrinhos. Todos estes filmes já foram lançados no mercado de vídeo nacional há pouco tempo atrás, pela distribuidora Versátil, em um box contendo todos os filmes.
                O mangá de “Lobo Solitário” chegou pela primeira vez ao Brasil em 1988, pela editora Cedibra, que publicou 9 edições da série, tendo como base a edição lançada nos Estados Unidos pela First Comics, em 1987. Em 1990, foi a vez da Nova Sampa trazer de volta as aventuras de Itto Ogami e seu filho Daigoro, com cerca de 14 números, lançados entre setembro de 1990 a maio de 1991, e depois tendo uma breve continuação em 1996. Mas em nenhuma destas editoras os leitores nacionais conseguiram ver toda a obra criada por Kazuo Koike e Goseki Kojima, que permaneceu incompleta em nosso país até a década seguinte, quando os quadrinhos japoneses finalmente conquistaram seu lugar no mercado editorial de quadrinhos nacional de forma estável e duradoura. E esta nova publicação, pela Panini Comics, apresentou enfim aos leitores brasileiros a história completa de Ogami e seu filho.
                Praticamente uma década após o encerramento da publicação da série, este relançamento vem em boa hora para aqueles que sempre ouviram falar de “Lobo Solitário”, mas nunca tiveram chance de comprar as edições da série, que tornaram-se escassas até mesmo nos sebos nacionais, mostrando que quem adquiriu a obra em sua última publicação dificilmente se desfez dela após sua leitura. E a periodicidade bimestral da nova edição deverá ajudar o leitor a acompanhar a série, em virtude do momento ainda delicado pelo qual passa nossa economia, onde muitos fãs infelizmente precisam contar o seu parco dinheiro na hora de escolher uma série para acompanhar. E uma obra do quilate de “Lobo Solitário” merece ser apreciada por todos aqueles que curtem bons quadrinhos, sejam eles de que país forem. E as boas séries não envelhecem jamais, e Lobo Solitário continua tão boa nos dias de hoje quanto nos dias em que foi criada, há pouco mais de 45 anos atrás.
                Um belo lançamento da Panini, para fechar o ano de 2016 com o pé direito. Os leitores e amantes da arte sequencial agradecem...