sábado, 29 de agosto de 2015

TÚNEL DO TEMPO - OUTUBRO DE 1998



            Depois de um longo e tenebroso inverno, estou de volta com a seção "Túnel do Tempo", trazendo hoje mais um de meus antigos textos, publicados há muito tempo atrás. Este foi publicado em outubro de 1998, e o tema era o novo selo de revistas MC-2, abreviação para "Marvel Comics 2", que era uma nova linha de títulos que a Marvel Comics estava lançando a partir daquele mês nos Estados Unidos. A temática era mostrar o Universo Marvel num futuro próximo, cerca de 15 anos ou pouco mais adiante, e mostrar uma nova geração de heróis, que poderiam ser de nossa realidade, ou talvez de uma dimensão paralela. Tudo dependeria da aceitação do público leitor.
            Assim, éramos apresentados a 3 títulos mensais, com estes novos personagens. A principal estrela era a Garota-Aranha, filha de Peter Parker e Mary Jane Watson Parker (que já foram casados, um dia, até a Marvel ferrar com isso), secundada pela nova geração dos Vingadores, e pelo filho de um personagem que sempre foi visto como um vilão, o Fanático. A idéia era repetir o sucesso obtido alguns anos antes com o Universo 2099, que infelizmente após um bom início em 1992, deu sinais de fadiga irreversíveis e teve todos os seus títulos descontinuados até 1997. A idéia era de que um selo mostrando aventuras em um futuro mais próximo fosse mais viável. Fiquem agora com o texto...


MC-2: A NOVA GERAÇÃO DE HERÓIS DA MARVEL

Adriano de Avance Moreno

MC-2: Novo universo de heróis da Marvel no futuro próximo.
            Depois de enfrentar um péssimo ano em 1997, resultado de projetos que não caíram no gosto dos leitores, como a saga "Heroes Reborn", a Marvel Comics iniciou uma longa reestruturação de seus títulos, visando reabilitar-se junto a seu público leitor. Nos últimos meses, a maior editora de quadrinhos do mundo se empenhou na restauração da imagem de seus heróis clássicos, como os Vingadores, e o Capitão América. E agora a Marvel apresenta o seu mais novo sub-universo de super-heróis: a linha Marvel Comics 2, ou simplesmente, MC-2.
            Depois de lançar, na segunda metade dos anos 1980 o "Novo Universo", com uma geração de heróis que não interagia com os demais personagens da editora, a Marvel criou, há poucos anos, um novo sub-universo chamado "Marvel 2099". Depois de algum tempo de seu lançamento, estes dois sub-universos acabaram sendo cancelados, em virtude das baixas vendas. Marvel 2099 começou muito bem, mostrando versões futuristas dos heróis atuais da editora vivendo no ano de 2099, como o Homem-Aranha, Justiceiro, Motoqueiro Fantasma, X-Men, e até novos heróis, como Ravage. Mas, depois de 3 anos de publicação, o nível das histórias caiu muito, e os leitores, já sem sentir o mesmo impacto de novidade e mistério das primeiras histórias, debandaram, o que levou a Marvel a encerrar o seu universo de heróis futuristas. O Novo Universo acabou ruindo ainda mais rápido, não completando nem dois anos de publicação de seus títulos.
            A própria DC Comics também tentou, no início desta década, criar um sub-universo de heróis, a linha "Impact Comics", apresentando vários heróis que também foi cancelada depois de apenas 12 meses de publicação. Agora, a Marvel aposta em uma nova abordagem. E Tom DeFalco, editor e principal roteirista do novo selo, explica: "As histórias se passam em uma realidade possível do Universo Marvel, a cerca de 15 anos no futuro dos dias atuais. Não espere a atmosfera hardcore e pesada vista no Universo 2099, ou da saga "Dias de um Futuro Passado".
            As histórias do selo MC-2 serão mais compactas e leves, sem grandes storylines ou sagas épicas, mas nem por isso serão menos empolgantes e atraentes. DeFalco explica a razão desta diretriz para as histórias do novo sub-universo da editora: "Os quadrinhos de hoje são muito chatos, e os leitores acabam precisando de uma enciclopédia para acompanhar as vidas de determinados personagens; há uma sucessão de storylines que parece não ter fim, pois nunca se solucionam, e quando isso acontece, já há outras em andamento. MC-2 trará de volta o espírito das antigas histórias em quadrinhos. Quem perder os primeiros números não ficará com a sensação de pegar o bonde em movimento. Mas isso não impede que as histórias sejam interessantes: os leitores mais atentos vão descobrir que as histórias deste novo universo estão bem interligadas e completas, mesmo sendo este um universo bem pequeno."
            Os leitores já tiveram uma prévia do novo universo, que foi mostrado originalmente na edição Nº 105 da revista "What If...?", um título que mostra aventuras em realidades alternativas do Universo Marvel. Lá, foi mostrada a origem da Spider-Girl, que nada mais é do que a filha de Peter Parker, o Homem-Aranha, e sua esposa, Mary Jane Watson-Parker. Vendo o potencial das histórias daquela realidade, bem como a expectativa e excelente aceitação dos leitores pela história, Tom DeFalco viu aí a possibilidade de criação de um novo e excitante sub-universo dentro da Marvel Comics. E os títulos do novo selo MC-2 estarão chegando às comic shops americanas este mês.
            Para começar, temos o Nº 0 de Spider-Girl: May "Mayday" Parker, filha de Peter e Mary Jane Parker, é uma adolescente de 15 anos. Na realidade atual, a saga da criança do casal Parker não teve um final feliz, mas nesta realidade alternativa, as coisas correram de modo diferente e bem mais feliz. May é uma adolescente como qualquer outra, mas tudo muda quando ela descobre sobre a identidade secreta de seu pai, ao mesmo tempo em que seus próprios poderes aracnídeos começam a se manifestar. E agora? Ela continua com os "negócios da família", ou continua com seus estudos e sua vida aparentemente normal? E esta edição, além de trazer uma história completa, ainda traz previews dos demais títulos, além de matérias sobre os bastidores do novo universo de personagens do selo MC-2, e sua repercussão dentro da Marvel.
            Logo a seguir ao Nº 0, inicia-se a série regular de Spider-Girl. May ainda não está certa se deve assumir o lugar que foi de seu pai, mas provavelmente ela seja a única esperança de Peter quando ele fica na mira de um vilão chamado Mr. Nobody, um pistoleiro teleportador que cumpre ordens de um conhecido chefão do crime de Nova Iorque que o Homem_Aranha e o Demolidor enfrentaram diversas vezes no passado. Inúmeros outros personagens darão as caras nesta série, como Phill Urich, sobrinho de Ben Urich, amigo de Peter Parker no Clarim Diário. Isso sem falar no novo Duende Verde, que na verdade é o filho de Harry e Liz Osborn, agora adulto e igualmente pervertido como o avô, o primeiro Duende Verde.
            A seguir, temos o retorno do maior grupo de heróis do planeta: Os Vingadores. A equipe se desfez após uma trágica batalha onde eles perderam o Capitão América. Anos depois, a Mansão dos Vingadores nada mais é do que um Museu dedicado à história do supergrupo. Kevin Masterson, filho de Eric Masterson, vem ao lugar em busca da herança deixada por seu pai, que foi o vingador chamado Thunderstrike. Uma herança que se resume em um malho místico asgardiano de grande poder. E, contrariando o ditado popular de um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, Loki, o Deus do Mal, que desencadeou os eventos que levaram à formação dos Vingadores originais, acaba repetindo a dose neste novo sub-universo da Marvel. E cabe a Kevin Masterson, o novo Thunderstrike, à nova heroína conhecida como Stinger, ao novo Fanático, e ao misterioso Mainframe, continuarem a tradição dos maiores heróis da Terra.
            Completando, temos um novo Fanático na cidade. Zane Yama é um adolescente gringo de 14 anos que pode se transformar numa das mais poderosas criaturas da Terra. Não, ele não é um novo Hulk, mas um ser tão forte quanto o golias esmeralda: o Fanático. Muitos poderão chamá-lo de Fanático "Júnior", mas vão descobrir que encará-lo numa briga pode ser tão desagradável e catastrófico quanto encarar o Fanático original.
            Cada um dos títulos têm um enfoque diferente. Em Spider-Girl, veremos os conflitos de May Parker em relação à sua formação de caráter e os dramas adolescentes comuns à idade. Em A-Next, a ênfase é na ação. Já J2 terá enfoque mais no humor, mostrando as confusões de qualquer adolescente em relação aos assuntos do cotidiano, potencializados pelo dilema de aprender a conciliar sua vida comum com a de um super-herói, pra não mencionar na luta mais difícil de todas: conquistar uma namorada!
            Mas MC-2 não ficará restrito somente a isso. Vários outros novos personagens darão as caras nos números seguintes e, dependendo da receptividade e apelo, poderão também ter séries regulares ou minisséries dentro do novo selo MC-2. Nomes como o novo Quinteto Fantástico (que sucede o tradicional Quarteto Fantástico), os fabulosos X-People (sucessores dos X-Men), e o misterioso e ameaçador Darkdevil (que ninguém sabe afirmar se é um herói ou um vilão), cujas feições lembram o antigo Demolidor.
            DeFalco está entusiasmado: "Este é o trabalho mais divertido que já fiz nos últimos tempos, e apesar de estarmos no início, as possibilidades são imensas". Ron Frenz, desenhista do título Spider-Gilr, compartilhando do entusiasmo do colega, afirma ainda que "depois de ler os Nºs 1, os leitores certamente vão perguntar quando é que chegam os Nºs 2."
            Com tanto entusiasmo e otimismo, ainda mais calcados em títulos que realmente são interessantes, não há como discordar. Os leitores que se preparem: vem aí MC-2, ou simplesmente Marvel Comics 2: a Nova Geração!

OS TÍTULOS

Spider-Girl: A filha do Homem-Aranha leva adiante a herança das teias de seu pai como a nova heroína de Nova Iorque, e com tantos problemas quanto Peter teve em sua época.
SPIDER-GIRL Nº 0 (Seguindo-se SPIDER-GIRL Nº 1)
Com roteiros de Tom DeFalco e arte de Ron Frenz, e arte-final de Bill Sienkiewicz. Conheçam May "Mayday" Parker, a espetacular Spider-Girl. Acompanhe a estréia de May no universo dos super-heróis e sua luta não só contra os vilões, mas também para proteger o segreedo de seus pais. Na edição Nº 0, a nova escaladora de paredes de Nova Iorque enfrenta o novo Duende Verde. A seguir, na edição Nº 1, encara um novo vilão chamado Mr. Nobody, que apesar do nome, é muito perigoso. Descubra como está Peter Parker no futuro, bem como todos os seus amigos e colegas da continuidade atual. Para os aracnofãs, é atração no velho estilo aracnídeo dos bons tempos.

Avante Vingadores: Conheça a nova geração de heróis do maior supergrupo da Marvel no futuro.
A-NEXT
Argumento de Tom DeFalco, desenhos de Ron Frenz e arte-final de Brett Breeding. Kevin Masterson descobre a herança deixada por seu pai e torna-se o novo Thunderstrike. Cassie Lang, uma renomada bióloga, é a nova heroína conhecida como Stinger, onde continua as aventuras de seu pai, Scott Lang (que foi o Homem-Formiga, anos atrás). Junto de Zane Yama, mas conhecido como Juggernaut 2 (Fanático 2), e o misterioso Mainframe, eles são a nova geração de Vingadores. E ainda contam com Jubileu, Speedball e Jolt como membros reservas em potencial. Jarvis, o leal mordomo dos Vingadores, ainda estará vivo? E por que Thor, o Deus do Trovão, é agora o soberano de Asgard? Mais uma vez, eles serão os maiores heróis da Terra.

Conheça J2, o filho de Cain Marko. Só não vá chamá-lo de Fanático "Júnior"...
J2
Roteiro de Tom DeFalco, desenhos de Ron Lim, arte-final de Al Milgrom. Conheça Zane Yama, o mais novo herói do pedaço, e suas aventuras e desventuras no mundo dos super-heróis. Acompanhe sua origem e sua ligação com o Fanático original. Depois, veja como ele batalha para descolar um uniforme (algo meio complicado quando não se sabe costurar, e tendo mais de 2 metros de altura e pesando quase uma tonelada, fica difícil achar algo que sirva). Para completar, Zane ainda inicia, ou tenta iniciar, um relacionamento amoroso com a garota de seus sonhos, e para impressioná-la, enfrenta logo de cara um velocista chamado Rollerblast num parque de diversões. Mas como derrotar um inimigo que não se consegue nem tocar? Ação! Novos Uniformes! Tudo novo!


ATUALIZANDO: O Universo MC-2 infelizmente durou menos do que o Universo 2099, pelo menos em número de títulos lançados, mas permaneceu por mais tempo sendo lançado pela Marvel. Dos títulos lançados, apenas Spider-Girl vingou, tendo uma primeira série com 100 edições, e ganhando pouco tempo depois uma segunda série, com mais 30 números, durando até o ano de 2009. A-Next ficou com apenas 12 números lançados, enquanto J-2 virou minissérie de 4 edições. Posteriormente foram lançadas novas minisséries ambientadas no Universo MC-2, estreladas pela American Dream, o Quinteto Fantástico, Darkdevil, e a Wild Thing, uma jovem que era filha do Wolverine. Todas estas minisséries tiveram datas de lançamento aleatórias, publicadas pela Marvel de tempos em tempos. Ficou estabelecido que o Universo MC-2 é de uma linha de tempo alternativa ao Universo Marvel "oficial", visto que acontecimentos posteriores criaram empecilhos para a existência de alguns personagens exibidos no selo. A Marvel publicou aventuras baseadas no Universo MC-2 de forma esporádica até o fim da década passada e início desta década.
            No Brasil, os leitores tiveram poucas chances de ler histórias deste selo. Foram publicadas apenas algumas histórias da Spider-Girl, chamada aqui de Garota-Aranha, que teve algumas aventuras publicadas primeiro nos formatinhos da Editora Abril, antes que esta lançasse a linha Premium Marvel e DC, com o corte de vários títulos no mix publicado. Pouco depois, a Pandora Books lançou o Almanaque Marvel, com a intenção de lançar histórias que eram descartadas pela Abril. Infelizmente, a publicação durou poucos números, e depois disso, nunca mais se viu nada do Universo MC-2 por aqui.
American Dream: sucessora do legado do Capitão América.

Wild Thing: filha do Wolverine. E com garras de energia psiquica...
Quinteto Fantástico, com Franklin Richards à frente...
 

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

GOTHAM E THE FLASH GANHAM BOXES DVD/BD NO BRASIL



                O mercado de vídeo nacional pode não estar sendo nenhuma maravilha, mas ainda consegue ter alguns momentos satisfatórios para o fã que curte seriados, em que pese isso ter virado exceção e não a regra nos últimos anos, com várias produções ganhando lançamentos chinfrins por aqui, quando não são absolutamente ignorados pelas distribuidoras. Pelo menos agora em setembro, duas das mais novas séries de TV enfocando o Universo DC estarão ganhando seus boxes nacionais, e o melhor de tudo é que serão lançamentos tanto em alta definição - Blu-Ray, quando em DVD.
                THE FLASH - PRIMEIRA TEMPORADA COMPLETA, traz as novas aventuras do herói mais veloz de todo o Universo DC. Lançada em 2014, a série mostra as aventuras de Barry Allen, um jovem perito da polícia científica que ao sofrer um acidente com produtos químicos em um laboratório, ganha a capacidade de correr a velocidades inimagináveis. Aos trancos e barrancos, com a ajuda de amigos dos Laboratórios STAR, vai aprendendo a usar suas novas habilidades para combater o crime em sua cidade, Central City, ao mesmo tempo em que tenta descobrir quem foi o assassino que matou sua mãe e colocou eu pai, acusado do crime, na cadeia. O herói é interpretado por Grant Gustin no papel-título.
                A série teve um excelente desempenho em sua primeira temporada, com 23 episódios, e garantiu sua continuidade com méritos, garantindo ponto de honra para a DC Comics que vem tendo muito mais sorte com séries de TV de seus personagens do que filmes no cinema, enquanto a Marvel vem deitando e rolando (com algumas exceções) na tela grande nos últimos quinze anos. A Warner está lançado o seriado em alta definição, ao preço de R$ 149,90, em um box de 4 discos Blu-Ray. Já a versão em DVD, com 5 discos, tem o preço de R$ 129,90. As opções de áudio para ambas as caixas são inglês e português, com legendas nestes dois idiomas, mais espanhol. Como extras, temos comentários em áudio, erros de gravação, e cenas excluídas, tanto em BD quanto em DVD, o que infelizmente não é muita coisa. Mas, por outro lado, é bom ver a série ser lançada por aqui, lembrando que este é o segundo seriado de TV produzido com o velocista escarlate da DC Comics: em 1990, a Warner produziu uma série com o personagem, estrelado por John Wesley Ship que foi muito boa e conquistou os fãs na época, pela qualidade dos efeitos e mantendo boa fidelidade aos quadrinhos do personagem. Infelizmente, a série durou apenas uma temporada, com 21 episódios, e nunca foi lançada oficialmente em DVD no Brasil, tendo sido lançado um episódio ou outro por distribuidoras obscuras no mercado nacional de vídeo. Na época do VHS, o seriado teve duas fitas lançadas por aqui, e foi só. A nova série, aliás, presta homenagem à produção de 1990 com a presença de John Wesley Ship no seu elenco, interpretando o pai de Barry Allen nesta nova versão, que na história, está preso, acusado de ter assassinado a própria esposa, e incapaz de provar sua inocência.
                GOTHAM - PRIMEIRA TEMPORADA COMPLETA, é o outro lançamento que a Warner está trazendo ao mercado de vídeo brasileiro neste mês de setembro. Assim como a série do Flash, Gotham também chegará em Blu-Ray, em uma caixa de 4 discos, também pelo preço de R$ 149,90, enquanto o box em DVD também fica por R$ 129,90, com 6 discos. A exemplo de Flash, os áudios disponíveis são inglês e português, com legendas também em espanhol. Os extras também são praticamente os mesmos: comentários em áudio, erros de gravação, e cenas excluídas.
                Assim como The Flash, Gotham conseguiu surpreender por mostrar o universo da cidade de Gotham City sem a presença do Batman, o que muitos julgavam ser impossível. O personagem principal é James Gordon, em seus primeiros dias como detetive policial na grande metrópole, que se revela uma cidade corrupta, violenta, e extremamente perigosa. E é neste contesto que Bruce Wayne, um jovem garoto, vê seus pais serem barbaramente assassinados em um beco quando voltavam do cinema. O trauma desperta no garoto o desejo de fazer justiça que anos depois levará à criação do Cavaleiro das Trevas, mas sua sede de justiça para com o criminoso que matou seus pais também desperta a determinação do jovem policial Gordon a fazer a lei a justiça prevalecer. Mas, ao lado do cínico detetive Harvey Bullock, Gordon vai aprender que Gotham é uma cidade podre, cheia de maus elementos em todos os lugares, até mesmo dentro da polícia, e que seus esforços podem muito bem cair no vazio, numa cidade dominada não apenas por pessoas corruptas, mas pelo crime organizado.
                A série consegue mostrar que a grande metrópole já era um lugar perverso e corrompido, ao qual o surgimento do Batman foi apenas uma consequência. Durante a série, são apresentados diversos personagens conhecidos que farão parte do universo do Homem-Morcego, com alguns deles já dando os indícios do que se tornariam, enquanto outros ainda irão se perder pelo caminho e se tornar novos pesadelos adicionais para Gotham City. A primeira temporada rendeu 22 episódios, com a segunda já garantida e pronta para estrear agora em outubro nos Estados Unidos, a exemplo da série do Flash.
                Dois excelentes lançamentos da Warner no mercado nacional, mais do que merecidos para estas duas séries que conseguiram grande sucesso no último ano, mostrando que a Warner, a despeito de não ter conseguido criar no cinema um universo como o da Marvel, ao menos consegue mostrar sucesso nas séries de TV. Os únicos poréns destas caixas são os preços, bem elevados, como qualquer lançamento, e a baixa quantidade de extras, algo que vem decaindo muito nos últimos tempos. Com relação ao preço, o dólar em disparada não ajuda neste quesito, infelizmente, e o que já era caro antes, agora é torcer para não ficar ainda mais caro. Ou deixar para comprar as caixas em alguma promoção nas lojas nacionais, mais adiante...

MYTHOS CANCELA REVISTA MENSAL DO JUIZ DREDD



                Foi bom enquanto durou, mas a dura realidade econômica acaba de decretar o fim de mais um título de quadrinhos no mercado nacional. A revista JUIZ DREDD MEGAZINE, que nos últimos dois anos brindou os leitores nacionais com material da conceituada publicação inglesa 2000AD, tendo as histórias do Juiz Dredd como principal atrativo, está sendo encerrado pela Mythos Editora, que levou adiante a publicação do título no mercado nacional. E o motivo é mais claro possível: baixas vendas. E sem vender, nenhuma revista consegue se manter firme nas bancas. Com isso, é mais uma opção de bons quadrinhos que o leitor nacional perde nos últimos meses, após a HQM Editora também anunciar o cancelamento da publicação dos títulos da Valiant Comics que editava pelo mesmo motivo.
                Lançada em maio de 2013, a revista era um mix com histórias de vários personagens publicados na Inglaterra pela revista 2000 AD, capitaneada pelo Juiz Dredd, que era o personagem mais conhecido por aqui, e o de maior apelo comercial. Com formato "magazine", periodicidade mensal, e 68 páginas ao preço de R$ 10,90, o título foi lançado nas bancas em caráter experimental pela Mythos, que programou um lote de 6 números para testar a viabilidade da publicação. Com as vendas apresentando números bem satisfatórios, o título foi aprovado e seguiu saindo pela editora, oferecendo um bom material de quadrinhos aos leitores nacionais, e fazendo da empreitada a mais duradoura publicação de material da 2000AD por aqui até hoje, superando de longe a publicação mensal mantida pela saudosa Ebal no final dos anos 1970, quando chegou a ter 10 números lançados aqui com o título "Ano 2000". A derradeira edição da publicação da Mythos é a 24, lançada neste mês de agosto nas bancas nacionais.
                Infelizmente, a exemplo do que aconteceu com os títulos de super-heróis da Valiant da editora HQM, que também começaram muito bem de vendas nos primeiros números, as vendas começaram a despencar perigosamente já no ano passado, de acordo com Pedro Bouça, editor-assistente e tradutor das revistas e encadernados da Mythos, que em entrevista ao site 2000AD Brasil, explicou as razões para o cancelamento do título mensal. Segundo ele, a editora se esforçou para manter a viabilidade do título, mas a crise econômica que estourou esse ano, aliada à feroz concorrência dos títulos de super-heróis das bancas nacionais, acabaram por tornar a revista deficitária, o que levou a seu cancelamento.
                Para Bouça, de acordo com suas declarações ao site 2000AD Brasil, o esquema de "mix" da publicação, trazendo histórias de personagens variados, usando o Juiz Dredd como principal atrativo da publicação, infelizmente não deu certo, e mesmo com a qualidade dos outros títulos publicados, os leitores não corresponderam da forma que se esperava, e as vendas foram ficando críticas.
                Para os fãs do juiz mais durão de Mega City 1, ainda resta uma esperança: a Mythos pretende lançar aventuras do personagem em encadernados, sendo que agora em setembro já deverão ser lançados dois volumes: a primeira edição é JUIZ DREDD NAS GARRAS DO JUIZ MORTE, encadernado com cerca de 240 páginas, capa dura, ao preço de R$ 79,90. Esta edição compila as histórias em que Dredd enfrentou o Juiz Morte, um ser vindo de uma dimensão paralela onde a própria vida passou a ser considerada um crime, uma vez que só os vivos cometiam crimes. E, tendo matado todos aqueles em seu mundo, o Juiz Morte e seus asseclas acabam cruzando as barreiras dimensionais e preparam-se para aplicar sua "justiça" também na Mega City 1 desta dimensão, dando a Dredd e seus companheiros, como a Juíza Anderson, um dos mais mortais desafios já enfrentados na história da metrópole do futuro. Também está programado a edição PREDADOR VS JUIZ DREDD VS ALIENS, reunindo duas minisséries clássicas onde o implacável juiz enfrenta os mais mortais alienígenas já conhecidos, que resolvem fazer de Mega City 1 seu campo de caça, prometendo causar um verdadeiro massacre. Esta edição terá 180 páginas, com capa dura, sendo que o preço ainda não foi divulgado.
                O recado de Pedro Bouça é claro: se os encadernados venderem bem, Dredd continuará ganhando edições especiais no formato de tempos em tempos. Se as vendas não forem boas, as chances de novas aventuras serem publicadas pela Mythos podem ser esquecidas. Como desgraça pouca é bobagem, a alta do dólar nos últimos meses, decorrente da crise de confiança no mercado nacional, só ajudou a complicar o mercado nacional de quadrinhos, uma vez que os direitos de publicação são negociados totalmente em dólar, e com a cotação mais elevada, as editoras nacionais têm que gastar muito mais dinheiro no licenciamento dos títulos, aumentando o seu custo de produção, e logicamente, tendo de cobrar mais caro pelas edições à venda para terem o necessário retorno. E, na situação econômica atual, com dinheiro curto, edições caras levam desvantagem no mercado de quadrinhos, cuja concorrência anda bem forte nos últimos tempos. No caso do material da 2000AD, segundo Bouça informou, os valores de licenciamento praticados pela 2000 AD já não são exatamente baratos, custando bem mais caro do que títulos de editoras como Marvel ou DC, que são negociados em valores bem mais acessíveis.
                Os leitores, obviamente, sempre querem ter mais opções de títulos à venda nas bancas, gibiterias, e livrarias. Mas não basta as editoras promoverem o lançamento destes títulos. O leitor que diz querer estes materiais precisam dar o seu apoio adquirindo os mesmos, de forma que os esforços despendidos pelas editoras tenham retorno. Infelizmente, os números de vendas, por mais que os leitores afirmem que fazem sua parte, nem sempre correspondem aos necessários para se manter a viabilidade econômica da publicação. E se o título não gera lucro, infelizmente o cancelamento é certo. Iniciativas como a da Mythos, que conseguiu publicar a revista mensal com o Juiz Dredd e outros personagens da 2000 AD por tanto tempo, podem ser consideradas heróicas, a exemplo do que a HQM fez com os títulos da Valiant Comics, mas uma hora, infelizmente, a realidade se impõe, e mostra que não é mais possível continuar. E a mais nova vítima é o Juiz Dredd. Que os encadernados com o personagem consigam apresentar boas vendas para que os leitores nacionais continuem tendo a chance de ler suas aventuras. Apenas reclamar que tal personagem não é publicado aqui infelizmente não vai ajudar a melhorar a situação do nosso mercado...

YVONNE CRAIG, A BATGIRL DOS ANOS 1960, MORRE AOS 78 ANOS



                O seriado televisivo do Batman produzido por Willian Dozier na segunda metade da década de 1960 foi responsável pela primeira onda de "batmania" a varrer o mundo. O sucesso das aventuras da Dupla Dinâmica ia de vento em popa, e a venda de produtos licenciados, bem como dos títulos de quadrinhos dos personagens estavam nas alturas. A primeira temporada, lançada em 1966, foi um verdadeiro arraso de audiência, mas como tudo que é bom dura pouco, durante a segunda temporada, em 1967, o público começou a se cansar da fórmula das aventuras, e os índices de audiência começaram a cair. Na tentativa de realavancar a popularidade da série, foram feitas mudanças para o seu terceiro ano, alterando a estrutura das aventuras, e introduzindo uma nova personagem, a Batgirl, uma nova heroína para ajudar Batman e Robin a enfrentar os vilões de Gotham City.
                Com a nova personagem estreando nos quadrinhos da DC Comics na edição 539 de Detective Comics, pelas mãos do roteirista Gardner Fox e do desenhista Carmine Infantino, os leitores eram apresentados a Barbara Gordon, filha de James Gordon, o comissário de polícia de Gotham City, que após uma noite incomum onde ajudava o milionário Bruce Wayne a escapar de um rapto, decide usar a fantasia que havia criado para se tornar a mais nova heroína da cidade, a Batgirl, ou Batmoça, nos quadrinhos nacionais. E, para a introdução da personagem no seriado televisivo, Dozier contratou a atriz Yvonne Craig, que do alto de seus trinta anos, fez cintilar os olhos dos marmanjos fãs da dupla dinâmica com seu uniforme colante roxo brilhante, com o qual entrava em ação para auxiliar Batman e Robin nos percalços da luta contra o crime. Infelizmente, a presença da nova heroína não foi suficiente para salvar o seriado do cancelamento, que chegou a seu fim após 3 temporadas e 120 episódios, em 1968. Mas a Batgirl ganhou força para se manter firme nos gibis, estrelando novas aventuras até os dias atuais.
                Praticamente imortalizada como Batgirl, o papel pelo qual é mais lembrada, a atriz Yvonne Craig faleceu há poucos dias, aos 78 anos, em sua casa em Pacific Palisades, Califórnia, vítima de um câncer de mamas que infelizmente se espalhou para outras partes do corpo. O anúncio foi feito no site oficial da atriz no último dia 17, e segundo sua família, ela já lutava contra o câncer há cerca de dois anos, fato que era do conhecimento de poucos pelo estilo reservado de vida de Yvonne. A atriz estava afastada do meio artístico nos últimos anos, fazendo apenas alguns trabalhos esporádicos, como a dublagem da vovó na série infantil Olivia. Muitos fãs lamentaram a morte de Craig, pelas lembranças que têm de sua atuação como a cruzada embuçada na série do Batman dos anos 1960.
                Nascida em 1937, na cidade de Taylorville, Illinois, Yvonne começou a estudar dança aos 14 anos, e ao fim da década de 1950, começou a trabalhar como atriz em alguns filmes e séries de TV, entre elas Perry Mason, Xeque-Mate, Os Detetives, Viagem ao Fundo do Mar, Laramie, Dr. Kildare, O Agente da UNCLE, Big Valley, Meu Marciano Favorito, James West, O Rei dos Ladrões, Jornada nas Estrelas, Terra de Gigantes, O Homem de Seis Milhões de Dólares, Justiça em Dobro, A Ilha da Fantasia, etc. No cinema, atuou ao lado de Elvis Presley nas produções "Loiras, Morenas e Ruivas", e "Com Caipira não se Brinca".
                Por ser bailarina, a atriz tinha boa desenvoltura para as cenas de luta, onde enfrentava os criminosos com chutes e algumas acrobacias, uma vez que por ser uma mulher, não pegaria bem a personagem sair na porrada com os bandidos, como Batman e Robin faziam, ao som (ou melhor, aparição) das onomatopéias que enchiam a tela nos momentos de luta. Fora isso, sua personagem estava longe de ser a mocinha indefesa que era o padrão das personagens femininas na época. Barbara Gordon, a identidade secreta da personagem, era bibliotecária, e sabia muito bem usar a cabeça para investigar os crimes que eram perpetrados pelos vilões, tendo plena condição de agir de forma independente da Dupla Dinâmica, que nunca soube sua real identidade. E, se os heróis tinham o Batmóvel para se locomover, a heroína não ficava atrás, percorrendo a cidade com sua batmoto, com toda a destreza possível de se pensar de uma garota conduzindo uma moto naqueles tempos. E vale lembrar que a atriz ainda fazia as cenas de ação e de pilotagem da moto sem dublês. Por interpretar uma heroína que nada ficava a dever aos heróis do seriado, Craig inspirou muitas garotas, mostrando que elas também podiam ser fortes e decididas, e que podiam lutar pelos seus sonhos tanto quanto os homens. "As mulheres me diziam que eu era um modelo a ser seguido", declarou a atriz, em entrevista feita há alguns anos ao canal de notícias americano CNN, mostrando como seu personagem caiu no gosto do público feminino.
                Yvonne Craig foi casada duas vezes. Seu primeiro casamento foi ainda nos anos 1960, com o cantor Jimmy Boyd, que durou apenas dois anos; em 1988, casou com Kenneth Aldrich, um promotor público que já conhecia há anos, e com quem ainda vivia até sua morte. Como Batgirl, Yvonne deu vida à primeira super-heroína numa produção de TV, que conheceria alguns anos depois a Mulher-Maravilha, estrelada por Lynda Carter, outro personagem da DC Comics, e será eternamente lembrada pelo seu papel como a cruzada embuçada de Gotham City, graças às inúmeras reprises do seriado, que mesmo tendo sido cancelado em 1968, continuou sendo exibido mundo afora de forma praticamente ininterrupta até hoje, e que no ano passado finalmente ganhou lançamento em vídeo em Blu-Ray e DVD nos Estados Unidos (e apenas em DVD no Brasil, infelizmente).

sábado, 15 de agosto de 2015

MYTHOS LANÇA O ÉPICO ENCONTRO DE CONAN E GROO



                No ano passado, a editora Dark Horse promoveu o encontro mais improvável de todos os tempos nos quadrinhos, ao promover o embate dos dois guerreiros bárbaros mais conhecidos de todos os tempos, em uma minissérie de 4 partes. Conan, o guerreiro bárbaro da Ciméria, criado por Robert E. Howard, famoso por suas aventuras criadas na década de 1970 pela Marvel Comics, encarou o que seria o desafio supremo de sua vida, ao enfrentar nada menos do que...Groo, o Errante! Sim, o guerreiro bárbaro descerebrado e um completo desastre ambulante criado pela mente de Sergio Aragonés em parceria com Mark Evanier. Um confronto de proporções épicas ou devastadoras? Será Groo aquele que derrotará Conan? Ou Conan é que será capaz de vencer o maior desastre humano que já singrou o mundo dos quadrinhos? Pois agora chegou o momento de os leitores brasileiros saberem a resposta, na edição especial que está sendo lançada pela Mythos Editora. GROO VS CONAN é uma edição de luxo em capa dura, no formato americano, com cerca de 140 páginas, ao preço de R$ 39,90, e que chega às principais bancas e comic shops do país neste mês de agosto.
                Preparem-se para verem Espadas! Encantamentos! E estupidez a um nível nunca antes esperado! Juntos pela primeira vez, o mais heróico, e o mais imbecil dos guerreiros, na mais devastadora batalha já presenciada nos quadrinhos! Dois homens! Três espadas! E apenas um cérebro! Ou talvez, na mais otimista das hipóteses, quem sabe um cérebro e meio! De um lado, temos o maior guerreiro da Era Hiboriana, Conan da Ciméria, com a fama mortal de ser o mais destemido e admirável dos guerreiros; do outro lado temos Groo, o Errante, o mais desmiolado e o menos admirável dos aventureiros, mas não menos devastador, como podem comprovar milhares de guerreiros (ou infortunados) que tiveram o privilégio (ou infelicidade) de cruzar seu caminho. Só mesmo na mente alucinada de um monumental cartunista como Sergio Aragonés os rumos e as lâminas de dois espadachins tão díspares poderiam se cruzar!
                Com roteiros concebidos por Mark Evanier, enquanto Sergio Aragonés mostra o seu inconfundível traço característico, aliado à arte do desenhista Tomas Yeates, e do colorista Tom Luth, o palco para o encontro dos encontros está montado. Será que o invencível Conan vai trucidar o Groo? Ou o igualmente invicto Groo é o primeiro e único bárbaro capaz de aniquilar o cimério? Só descobrindo mesmo nesta edição de luxo da Mythos Editora, que em seu release, afirma que "ignoraram a pressão de howardianos radicais que ameaçavam cortar suas cabeças por terem tido o atrevimento de trazer esta obra para as bancas e livrarias brasileiras. E ainda publicaram em capa dura para dificultar a ação daqueles que prometeram comprar exemplares só para rasgá-los e enviá-los triturados à redação da editora!"
                No enredo, o dilema existencial das comunidades que se sentem ameaçadas por Groo, cuja simples presença já é capaz de causar desastres. Cansados de viverem na expectativa de que o próximo ato do bárbaro desmiolado cause sua destruição, a população local resolve contratar um guerreiro para livrá-los do problema. E este guerreiro é justamente Conan. Guerreiro experiente e calejado, tendo deixado os corpos de inúmeros adversários pelo caminho, Conan está prestes a entrar numa bela enrascada, da qual pode muito bem não sair vivo... E, por sua vez, Groo, cuja inteligência pode ser medida nas mais ínfimas medidas (e bota ínfima nisso), praticamente desconhece o significado da palavra medo quando saca suas espadas e se põe a lutar, muitas vezes matando até seus próprios aliados, de modo que também desconhece o tamanho do desafio que será enfrentar o bárbaro cimeriano.
                Prometido para o primeiro semestre de 2012, o lançamento teve de ser adiado por problemas de saúde com Sergio Aragonés, que enfrentou uma crise de dor nas costas, chegando até a ser hospitalizado, o que o impediu de trabalhar por um longo período. Com aproximadamente metade da arte da minissérie pronta, a Dark Horse Comics teve de suspender o lançamento da minissérie até que Sergio se recuperasse, o que atrasou o lançamento em dois anos, tendo o primeiro volume da minissérie sido finalmente lançado nos Estados Unidos em julho do ano passado, para alegria dos leitores e fãs dos personagens, que puderam ver enfim quem iria sair inteiro deste confronto de proporções capazes de abalar toda a realidade.
                Por mais que os leitores desejassem um confronto entre os dois bárbaros mais famosos dos quadrinhos, o projeto de juntar os dois personagens demorou a tomar forma. Groo, aliás, foi criado como uma sátira às aventuras de Conan, que no início dos anos 1980 desfrutava do seu mais alto nível de popularidade entre os leitores de quadrinhos, graças às histórias publicadas pela Marvel, com direito a ganhar até duas adaptações em filmes para o cinema, com Arnold Schwarzenegger. Apesar de tanto um quanto o outro serem nômades e guerreiros quase imbatíveis, Groo, apesar de seu raciocínio lento e atrasado em quase todos os aspectos, já se provou ser um destruidor muito maior do que Conan, tendo devastado, direta ou indiretamente, muito mais lugares, inclusive nações inteiras, que sucumbiram tragicamente ao seu encontro, por vezes até momentâneo, por suas paragens. É o cross-over mais esperado por muitos leitores, onde ninguém sabe o que pode acontecer, especialmente quando a dupla Evanier & Aragonés está no comando da publicação, e com Conan na jogada, literalmente tudo pode acontecer!
Como detentora atual dos direitos de publicação dos dois personagens no mercado nacional, onde tem lançado edições especiais de ambos nos últimos tempos, nada mais natural para a Mythos do que lançar este tão esperado encontro de ambos os personagens numa mesma aventura. Algo que já estava planejado ainda em 2014, tão logo a minissérie foi publicada completamente nos Estados Unidos. E, apesar de alguns atrasos, eis que a edição nacional está saindo, e para felicidade dos fãs, a edição traz a minissérie completa em um único volume. Portanto, que Crom esteja a postos com muitas porções de queijo derretido...
Conan VS Groo é apenas um dos vários cross-overs que as editoras americanas tem lançado com vários personagens conhecidos do último ano para cá, mas no momento, é o único que está sendo publicado aqui. Com um pouco de sorte, quem sabe tenhamos a sorte de vermos outros lançamentos deste tipo no mercado nacional. E alguns deles envolvem editoras com as quais a Mythos tem relações. Sonhar é possível, mas por enquanto, é curtir a aproveitar o encontro antológico dos guerreiros bárbaros mais famosos dos quadrinhos.

COM "SAILOR V", JBC ENCERRA O UNIVERSO DE SAILOR MOON



                No ano passado, a JBC Editora realizou um dos grandes sonhos dos fãs de mangás e animes, ao finalmente conseguir trazer para o Brasil os quadrinhos originais de uma das mais famosas séries dos anos 1990: Sailor Moon! A série de anime das super-heroínas vestidas com roupa de marinheiro fez sucesso quando foi exibida pela TV Manchete, durante o boom de animes provocado pela série Cavaleiros do Zodíaco em nosso país, o que fez as emissoras correrem atrás dos desenhos animados nipônicos.
                Com a crise da TV Manchete, Sailor Moon teve apenas sua primeira fase exibida por aqui, e só vários anos depois, o restante da animação chegaria ao Brasil, sendo exibida pelo canal pago Cartoon Network. E a grande legião de fãs, vendo os mangás tomarem de assalto as bancas nacionais, começaram a sonhar com a publicação das aventuras originais criadas por Naoko Takeuchi em nosso país. Depois de muitos problemas e atrasos, eis que a JBC conseguiu finalmente s direitos da publicação, e lançou a série nas bancas brasileiras em março de 2014, e com a promessa de lançar absolutamente todos os quadrinhos do universo de Sailor Moon. Após a publicação da série original, que aqui teve 12 volumes em sua nova compilação, a editora nipo-brasileira lançou mais dois volumes, trazendo histórias curtas de Sailor Moon e suas amigas, em momentos que se passam durante os eventos mostrados na série.
                E agora, nos últimos dias de julho, chegou às bancas nacionais o último lançamento que faltava para fechar a publicação de Sailor Moon no Brasil: CODENAME SAILOR V (Codinome Sailor V), com as aventuras solo da Sailor Venus. Serão dois volumes, fechando o ciclo de aventuras das guerreiras lunares em solo nacional. Cada edição de Sailor V tem cerca de 282 páginas, ao preço de R$ 16,50, e com impressão nos mesmos moldes das republicações de outras séries feitas recentemente pela editora, com papel de excelente gramatura, e com direito a algumas páginas coloridas.
                Na verdade, Sailor V veio antes de Sailor Moon, sendo na verdade a precursora das aventuras da Princesa Lunar. O mangá, de autoria de Naoko Takeuchi, começou a ser publicado na revista Run-Run, da Editora Kodansha. Na trama, a jovem estudante Minako Aino, de apenas 13 anos, tem sua vida mudada ao cruzar com o gato branco Artemis, que podendo falar, revela que ela é uma guerreira escolhida para defender a paz e a justiça em nosso mundo, e lhe dá uma caneta que a permite se transformar na heróina Sailor V (Sailor Venus), ganhando poderes e habilidades que terá de usar na luta contra criminosos e outras ameaças que surjam na cidade. O resultado agradou à direção da Kodansha, e a própria Naoko começou a desenvolver melhor a idéia, expandindo o conceito de uma heroína solo para um grupo nos mesmos moldes, a exemplo do que acontecia nas séries Super Sentai. Vendo o potencial desta nova série, a Kodansha escolheu a revista Nakayoshi para a publicação da nova série, Bishoujo Senshi Sailor Moon, aprimorando os conceitos exibidos na série da Sailor Venus, que mais adiante, também se juntou às heróinas da nova série. Na verdade, quando a série Sailor Moon começa, Sailor Venus já é uma heróina conhecida do público, pelos seus atos heróicos e de combate ao crime, salvando as pessoas, e ela serve de inspiração para as novas heroínas em Sailor Moon.
                Mesmo com a estréia de Sailor Moon, que já de início começou a fazer um grande sucesso, ganhando quase ao mesmo tempo versão em anime, o mangá de Sailor V continuou sendo publicado na revista Run-Run, que tinha uma periodicidade maior do que a Nakayoshi. Devido a esta diferença de periodicidade, o mangá de Sailor V, apesar de muito menor do que o de Sailor Moon, demorou quase tanto para ser encerrado, totalizando então 3 volumes encadernados, enquanto Sailor Moon teve 18 volumes. Com as revisões sofridas pela série, que modificou a estrutura dos volumes, tornando-os maiores, Sailor Moon ficou com 12 volumes, versão que foi lançada aqui pela JBC, enquanto Sailor V ficou em 2 volumes apenas, que agora estão sendo lançados no mercado nacional.
                Com o desenvolvimento de ambas as séries, Naoko começou a incluir "participações especiais" das personagens de Sailor Moon na série da Sailor Venus, uma vez que as aventuras desta se passam antes dos eventos mostrados em Sailor Moon. Ao final, a série Sailor V acabou ficando à sombra de Sailor Moon, dado o sucesso retumbante da nova versão criada por Naoko Takeuchi, que depois da versão em anime, ainda ganhou uma produção em live-action, e recentemente, ganhou um remake em animação, contando a história do mangá de forma muito mais fiel. Mas, mesmo sem ter tido a mesma fama, Sailor V foi o pontapé inicial que permitiu o surgimento de Sailor Moon, e isso não pode ser menosprezado. Na verdade, muitos fãs até gostariam que a heroína ganhasse sua própria versão em anime de suas aventuras-solo, o que não parece algo impossível de acontecer, uma vez que as guerreiras lunares ganharam nova produção animada, e a franquia nunca esteve em baixa popularidade, seja no Japão, ou em diversos outros países onde foi Sailor Moon foi publicado e/ou exibido.
                Mas o que é mais importante é que a JBC manteve sua promessa de lançar Sailor Moon na íntegra, e com os dois volumes de Sailor V, fecha a saga das heroínas lunares com todos os méritos, para deleite da grande legião de fãs nacionais das personagens. Vida longa à Sailor Venus e às demais guerreiras Sailors!

STAN LEE TEM EDIÇÃO ESPECIAL DA MUNDO DOS SUPER-HERÓIS



                Qualquer fã de quadrinhos que se preze conhece o nome "Stan Lee", mesmo que não curta os quadrinhos concebidos por ele, que renovaram o gênero dos comics de super-heróis nos anos 1960 nos Estados Unidos, criando ali um universo de personagens que estão por aí até hoje, e que na última década e meia, vem invadindo os cinemas cada vez mais com aventuras destes personagens. Um dos pilares que transformou a Marvel Comics na mais famosa e poderosa editora dos Estados Unidos, ao lado do igualmente talentoso Jack Kirby, Stan Lee é um nome mais do que lendário do mundo dos quadrinhos mundiais, do qual é impossível ignorar seus feitos.
                E o "criador" do Universo Marvel é o tema da mais nova edição especial da revista informativa Mundo dos Super-Heróis, publicada pela Editora Europa, e que acaba de completar 9 anos de publicação ininterrupta, um feito em se tratando do mercado editorial nacional, onde as publicações deste tipo costumam não durar muito tempo nas bancas, ainda mais se tratando de material destinado à cultura dos quadrinhos, onde o grosso dos fãs e nerds de carteirinha tem na internet o seu principal meio de receber notícias da área. ESPECIAL MUNDO DOS SUPER-HERÓIS - GRANDES ARTISTAS, N° 1, traz justamente Stan Lee na capa, prometendo um verdadeiro mergulho na vida e carreira profissional de Stanley Martin Lieber, desde seus primeiros anos de vida, até os dias atuais, mostrando detalhes de sua longa carreira, com várias curiosidades e polêmicas que envolvem o seu nome.
                A nova publicação, que ainda não tem uma periodicidade definida, foi lançada durante o Fest Comix 2015, realizado no último mês de julho em São Paulo, capital, no estande da revista Mundo dos Super-Heróis, montado dentro do evento, com direito a palestra de alguns dos principais profissionais que participaram da confecção da edição. Com 68 páginas, e preço de R$ 12,50, no que depender do resultado visto no Fest Comix, a nova publicação vai ir longe: todos os exemplares disponíveis para venda no evento se esgotaram. Por enquanto, a revista já chegou às bancas de São Paulo capital, e Rio de Janeiro capital, com distribuição para o restante das bancas do país somente a partir do mês de setembro.
                O conteúdo dessa edição especial de 68 páginas está dividido da seguinte forma:

# Primeiros tempos (1922-1960): Englobando o início da carreira de Stan Lee na Timely (antigo nome da Marvel, nos anos 1930) aos 17 anos, com curiosidades sobre seu trabalho e vida pessoal;

# Um universo fantástico (1961-1970): O início da criação do fabuloso Universo Marvel. feito em parceria com artistas como Jack Kirby, Steve Ditko, etc..., que mudou os rumos da Marvel, com a criação do Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, Vingadores, Hulk e vários outros super-heróis;

# Diferenciais de sucesso (1965-1967): Conheça os outros fatores que alavancaram a Marvel: veja as suas primeiras animações e o tratamento vip que era dado aos leitores da editora;

# De olho nos negócios (1970-2015): Saiba como Stan Lee deixou de criar os roteiros para se tornar o publisher responsável por abrir novas oportunidades para a Marvel, com uma lista dos principais projetos em que o artista esteve envolvido, dos anos 1970 até os dias atuais;

# Guerra de egos: Nem só de flores foi a carreira de Stan Lee no mundo dos quadrinhos: houve momentos ruins, e alguns deles bem terríveis. E em meio ao sucesso visceral da Marvel durante as décadas de 1960 e 1970, veja detalhes das lendárias brigas e desentendimentos que ocorreram entre Stan Lee e seus parceiros Jack Kirby e Steve Ditko;

# Participações especiais: Seja em filmes, séries e desenhos animados, Stan Lee virou ícone pop. Listamos seus momentos mais divertidos no cinema e na TV;

# Leitura obrigatória: Uma seleção de 25 gibis marcantes criados por Stan Lee e seus parceiros, além da indicação de onde e quando essas histórias saíram no Brasil;

# Palavras do mestre: Numa edição especial sobre a vida e obra de Stan Lee, o próprio não poderia deixar de dar sua opinião sobre os acontecimentos vividos. Em duas entrevistas, ele comenta sua carreira e como criou seu mais famoso personagem – um certo herói aracnídeo;

# Artigo final: O escritor e jornalista Roberto Guedes fala do estilo carismático do publisher Stan Lee e da importância dele para os quadrinhos.

                Quem não estiver a fim de esperar para ver a revista chegar na banca de sua cidade pode efetuar a compra diretamente na Editora Europa, seja por telefone (bastando ligar para XX-11-3038-5050 ou 0800 8888 508) ou pela internet, acessando o site www.europanet.com.br/superheroi, na aba “edições especiais, e seguir as instruções.
                A publicação começa com um nome bem forte na área dos quadrinhos, e a revista tem boas chances de emplacar, tornando-se mais uma publicação regular da editora, a exemplo do que já vem acontecendo com outro lançamento recente, feito no ano passado: a revista Mundo Nerd, que aos poucos vai se tornando presença mais frequente nas bancas, trazendo matérias do universo da cultura pop, para deleite da comunidade nerd, que já ajudou a tornar a revista Mundo dos Super-Heróis uma referência quando o assunto é publicação informativa de quadrinhos no Brasil, que em tempos saudosos já teve até versão nacional da famosa revista Wizard americana, além de contar com diversas outras publicações informativas sobre o gênero, que devido às dificuldades e particularidades de nosso mercado, infelizmente vivem apenas na memória dos fãs. Portanto, vida longa à mais nova publicação da "família" Mundo dos Super-Heróis...