quinta-feira, 28 de maio de 2015

A SUPERMÁQUINA GANHA EDIÇÃO ESPECIAL PELA IDW



                A década de 1980 é lembrada até hoje como um período áureo de grandes produções na área de entretenimento. Inúmeras séries de cinema, TV, e animação, lançadas naqueles tempos, tornaram-se ícones da cultura pop, conquistando milhões de fãs no mundo todo, e repercutindo até os dias atuais. E neste mês de maio, a IDW Publishing, que vem lançando nos últimos tempos algumas séries de quadrinhos de várias produções de muitos anos atrás, está trazendo uma edição que deve fazer o furor dos nostálgicos fãs de seriados dos anos 1980, e não é nada menos do que a Supermáquina.
                KNIGHT RIDER - VOLUME 1, é uma edição de 112 páginas, ao preço de cerca de US$ 15, trazendo para os quadrinhos as aventuras do famoso seriado de TV produzido pela Universal Studios entre 1982 e 1987, estrelado pelo ator David Hasselhoff, que interpretava Michael Knight, um justiceiro audacioso vivendo em um mundo perigoso, tendo como parceiro a maior obra-prima da tecnologia automotiva já criada no mundo, o arrojado modelo Knight 2000, um belo carro Pontiac Trams-Am preto, comandado por uma inteligência artificial chamada KITT (abreviação para Knigh Industries Two Thousand - Indústrias Knight Dois Mil), dotado dos mais variados recursos e virtualmente indestrutível. A série teve 4 temporadas, tornando-se sucesso mundial em vários países, inclusive o Brasil, onde foi exibido com o nome de "A Supermáquina".
                Na trama, o policial Michael Long, na pista para desbaratar uma perigosa quadrilha de ladrões de segredos industriais, é traído por uma amiga e baleado no rosto, sendo deixado para morrer no deserto. Mas, um milionário excêntrico, Wilton Knight, salva a vida de Michael, e lhe dá, através de uma cirurgia plástica, um novo rosto, e uma nova identidade, Michael Knight. Acreditando que um homem pode fazer uma grande diferença, ele dá a Michael a chance de se tornar um agente especial com a missão de enfrentar os criminosos que teimam em desafiar as leis, e proteger os inocentes. Para tanto, ele recebe em mãos a maior criação do milionário: um carro praticamente indestrutível, comandado pelo computador KITT, e que a partir dali seria seu parceiro. Meio a contragosto, e surpreso, ele aceita a tarefa e sua nova missão de vida, pronto para defender a causa dos inocentes, como agente da FLAG (Fundation for Law and Government - Fundação pela Lei e Governo, na dublagem em português), comandada pelo melhor amigo de Wilton Knight, Devon Milles. Contando com o apoio técnico de Bonnie Barstow, engenheira que está sempre pronta a providenciar reparos e upgrades em KITT conforme as mais variadas missões, Michael inicia sua nova luta contra o crime, para provar que um homem pode fazer mesmo uma grande diferença.
                A química do seriado estava na relação entre Michael e KITT. A princípio desconfiado por ter um carro falante e capaz de pensar por si próprio, Michael desenvolve uma grande amizade com KITT, que com o passar do tempo, vai demonstrando cada vez mais entrosamento com seu piloto e parceiro, demonstrando grande personalidade, especialmente quando nas discussões que ambos travam, quando Michael acaba por vezes tendo de ser chamado à razão por KITT quando tem alguma idéia genial para resolver algum caso. E a série ainda rendia alguns momentos engraçados, quando algum transeunte acabava vendo o carro se dirigir sozinho, ou falar com alguma pessoa (afinal, carros não falam...?). E o público sempre delirava com as cenas de perseguição, ou quando a capacidade do carro era posta à prova, enfrentando uma saraivada de balas, ou atravessando paredes sem sofrer um arranhão sequer. Dos recursos, a turbo propulsão era o momento mais aguardado pelos fãs, com o carro a saltar por cima de qualquer obstáculo, ou otimizar sua velocidade para alcançar o inimigo.
                E é parte dessa emoção que os novos quadrinhos da Supermáquina prometem trazer a uma nova legião de fãs, além de tentar conquistar os velhos fãs do seriado. A edição da IDW é feita em parceria com a Lion Forge Comics, uma pequena editora que anunciou em 2013, durante a Comic Con de San Diego, ter adquirido a licença para produzir séries de quadrinhos digitais de alguns dos seriados mais populares dos anos 1980, entre eles, Knight Rider, as quais passaram a ser lançadas a partir do fim daquele ano. Até o momento, a Lion Forge já lançou 8 edições da série, todas em formato digital, que agora estão sendo lançadas no modo "tradicional", nesta edição Trade Paperback a cargo da IDW Publishing, que compila as primeiras aventuras da nova série de quadrinhos da Supermáquina. Os roteiros ficaram por conta de Geoffrey Thorne, com arte de Jason Johnson. Na primeira história, encontramos Michael Knight e seu fiel parceiro KITT prontos para uma nova aventura. Ou não? Tudo o que Michael quer é levar sua amiga, Katherine Beachum, para uma noite na cidade e relaxarem um pouco, pois na verdade ele está atuando como guarda-costas da moça, que é uma importante cientista de um projeto ultrassecreto do governo, chamado "Projeto Rider", e tem trabalhado arduamente na empreitada. E o que prometia ser uma noite de diversão agradável vai por água abaixo quando um grupo de mercenários altamente armados estraga completamente a festa, e joga Michael em um jogo de intrigas muito mais complicado do que se pode supor à primeira vista. E ele precisará de toda a sua capacidade, e da ajuda de seu parceiro de quatro rodas, para solucionar o mistério que se apresenta, e evitar sair morto desta encrenca. Portanto, é hora de Michael Knight e a Supermáquina entrarem em ação novamente.
                Para Geoffrey Thorne, que escreveu as histórias desta série de quadrinhos, o elemento mais importante na série era o relacionamento entre Michael e KITT, e de como sua parceria enfrentava as mais variadas situações, dos momentos mais sérios aos mais descontraídos, e até cômicos, um ponto que era vital manter nas novas aventuras. Para Jason Johnson, desenhista da série, o desafio era atualizar o visual de KITT, sem contudo descaracterizar o modelo original do Knight 2000. "O KITT era o veículo mais legal de todos quando eu era criança, e ainda é.", declaram Jason, que concorda com o ponto de vista de Thorne sobre a importância do relacionamento de Michael com seu carro, como verdadeiros amigos e parceiros de luta. Para Thorne, um ponto negativo é que muitos fãs da série são inflexíveis e até intolerantes quando você tenta mudar algo do seriado, explicando que este provavelmente foi um dos motivos que levaram ao fracasso do novo seriado produzido em 2008, que mostrava uma nova Supermáquina, o Knight 3000, que agora era conduzido pelo filho de Michael Knight, que havia crescido longe do pai, e iniciava uma luta parecida utilizando também um carro cheio de recursos tecnológicos e uma inteligência artificial sensiente. "Não vou fazer uma continuação linear da série de TV", garante, explicando que a essência do seriado estará presente nas aventuras, que estarão devidamente atualizadas com o tempo atual. Para o roteirista, Michael é um herói clássico. Ele serviu ao exército, trabalhou na polícia, e agora encara o desafio de dar sequência ao sonho de Wilton Knight, tornando-se um justiceiro solitário em um mundo perigoso. E todas as qualidades que se faziam parte do Michael Knight interpretado por David Hasselhoff estarão presentes na série de quadrinhos, como sua tendência bancar o machão, ser um pouco convencido e arrogante, etc.
                Já com relação ao KITT, Thorne informa que há algumas mudanças. "Na série, KITT era uma inteligência artificial já formada, com grande conhecimento de suas próprias capacidades, e do relacionamento com as pessoas, sendo, na maioria das vezes, a voz da razão a se contrapor ao comportamento por vezes excessivamente audacioso e até incauto de Michael. Na nova série, a inteligência de KITT ainda está se desenvolvendo, conhecendo suas capacidades, o que pode e o que não pode fazer, e buscando o que quer ser. Ele continua sendo muito inteligente, mas não é tão sábio, e esse desenvolvimento produzirá alguns dramas", relata Geoffrey Thorne. "Seu relacionamento evolui. Minha versão de KITT é mais teimosa e menos inclinada a obedecer Michael apenas por sua programação. Eles vão discutir mais, e Michael não vai ganhar sempre com seus argumentos. Mas eles estão unidos e um poderá morrer um pelo outro. Eles começam com Michael como uma espécie de pai a princípio, mas acabarão como irmãos. O grande obstáculo de Michael é realmente começar a ver KITT como se fosse uma pessoa e não apenas um dispositivo tecnológico super-inteligente.", conclui. Outro desafio na série, relata o roteirista, é que no seriado KITT podia fazer várias coisas que atualmente não seriam as mais apropriadas. As tecnologias atuais podem fazer muita coisa melhor e mais eficiente do que antigamente, e os novos recursos, como a internet, e desenvolvimentos atuais, tornam necessárias atualizações na lista de recursos à disposição do Knight 2000. Como pista destes novos recursos, Thorne diz que o carro pode ter sistema de invisibilidade, e a capacidade de invadir e controlar qualquer sistema de computador dentro de seu raio de ação, além claro, de aumentar incrivelmente sua velocidade.
                Para Shanon Eric Denton, editora da série na Lion Forge, Geoffrey Thorne foi a primeira escolha para escrever a nova série da Supermáquina. "Nós não estamos tentando mudar Knight Rider. Nós amamos a série, por isso queríamos alguém que pudesse mostrar esse amor, mas também trazê-la para os dias modernos, sem alterar o que tem funcionado tão bem durante tantos anos. Estamos em uma era em que os telefones que usamos no dia a dia têm mais poder de computação do que o KITT e NASA combinados tinham no momento em que a série estreou. E a pessoa capaz de lidar com essa transição dos anos 1980 aos dias de hoje tão perfeitamente era Geoffrey. Quanto ao aspecto da revista, o parceiro de Geoffrey nesta missão é o ex-artista da Wildstorm Jason Johnson. Jason tem uma grande energia cinética para o que ele faz e que nós realmente precisamos nesta série. Ele tem uma incrível capacidade de dar tanta atenção não apenas à tecnologia como com os personagens", revela Shanon.
                Os planos da Lion Forge são ambiciosos para a série de quadrinhos, prometendo, para breve, até um cross-over da Supermáquina com outra série clássica dos anos 1980, lançada no rastro do seu sucesso: Águia de Fogo. Promover o encontro do carro mais avançado do mundo com o supremo helicóptero de combate é algo que os fãs de ambas as séries sempre sonharam desde os anos 1980, quando ambas as séries eram exibidas, e que pode finalmente virar realidade em futuro próximo, uma vez que a editora também adquiriu os direitos de Airwolf (nome original de Águia de Fogo) para produzir também uma série de quadrinhos nos mesmos moldes de A Supermáquina, tendo sido lançados até o momento, também 8 edições, estas, por enquanto, disponíveis apenas em formato digital, que podem ser adquiridas no site da editora, no endereço .
                As artes da série produzidas por Johnson podem causar um certo estranhamento nos fãs mais antigos, uma vez que alguns visuais parecem um pouco diferentes em relação ao seriado original. O novo visual de KITT não ficou ruim, mas as feições de Michael Knight não ficaram tão parecidas com a do ator David Hasselhoff, que viveu o personagem na TV. Mas é uma questão de se acostumar, e se as histórias conservarem o espírito original da série de TV, os quadrinhos tem tudo para cativar os fãs do seriado quanto conquistar os leitores mais atuais, que nunca viram a produção original. A Lion Forge tem seus méritos em explorar o potencial de várias séries de sucesso de antigamente, e mostrar que não são apenas franquias de sucesso estrondoso como Jornada nas Estrelas ou Arquivo X que merecem ter novas aventuras, agora no mundo da arte sequencial.
                No Brasil, a Supermáquina foi exibida na década de 1980 e início dos anos 1990 na TV aberta, primeiro pela TV Record e depois pela TVS/SBT. Anos depois, o seriado seria exibido nos canais da TV por assinatura, e no início da década passada, teve a maior parte de seus episódios exibido pelo Canal 21. O seriado ganhou um telefilme, Supermáquina 2000, que deveria relançar o seriado, mas não fez o sucesso esperado, além das continuações Team Knight Rider (Equipe Supermáquina, exibida aqui como TKR - O Time do Futuro), além da Nova Supermáquina (a série de 2008), que não conseguiu repetir o sucesso da série original. Resta saber se esses novos quadrinhos da Supermáquina tem chance de aportar por aqui futuramente, uma vez que há muitos fãs do seriado em nosso país. Mais do que nunca, a esperança é a última que morre...

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