quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

PANINI LANÇA MIRACLEMAN



                Demorou, mas finalmente aconteceu, e os leitores brasileiros poderão ter a chance de apreciarem um dos mais contundentes materiais do gênero super-herói já produzidos: Miracleman está de volta!
                Criado pelo artista Mick Anglo em 1954 como um "sucessor" oficial para as aventuras do Capitão Marvel da Fawcett Comics, cujas histórias haviam sido canceladas, para a editora britânica Len Miller, o personagem, chamado originalmente de Marvelman, fez sua fama por quase 10 anos, sendo publicado até 1963. No início da década de 1980, o herói voltou a ganhar novas aventuras em uma série escrita por ninguém menos do que Alan Moore, que não só atualizou o personagem como manteve o conhecimento das aventuras originais dos anos 1950 e 1960. Esta nova série era publicada dentro da revista "Warrior", publicada pela Quality Communications, e mostrava Mick Moran, identidade secreta do herói, já adulto, quando acaba redescobrindo sua identidade heróica, esquecida há muitos anos, e tem de encarar a dura realidade dos dias atuais, inclusive descobrindo que muita coisa de seu passado nunca foi como imaginava. Esta série enterrou definitivamente o clima inocente das antigas aventuras, e foi muito elogiada pelos leitores, pela maneira adulta e trágica como o personagem foi mostrado, precisando lidar com acontecimentos dolorosos envolvendo seus próprios amigos e aliados, e tendo de fazer escolhas das mais difíceis. Alan Moore engrandeceu o personagem, e a série conquistou muitos fãs, o que não a impediu de ter um encerramento prematuro, na edição N° 21 de Warrior, sem ter uma conclusão adequada. Pouco tempo depois, a editora americana Eclipse Comics adquiriu os direitos de publicação do personagem, e deu sequência à publicação das aventuras lançadas pela editora inglesa, ainda com roteiros escritos por Alan Moore. E, uma vez que a editora Marvel Comics havia feito o registro do nome "Marvel", Marvelman teve seu nome mudado para Miracleman.
                Alan Moore escreveu as aventuras do herói até a edição 16 da Eclipse, sendo substituído por por Neil Gaiman. A Eclipse, entretanto, faliu no início dos anos 1990, encerrando a publicação da revista, com 24 edições, sendo que a edição 25 já estava pronta. A partir daí, o personagem viveu uma longa e complicada batalha de direitos autorais, que demandaram mais de uma década para serem efetivamente solucionados, sendo seus direitos adquiridos pela Marvel Comics em 2009, que logo de início anunciou planos de trazer o personagem de volta. Isso só ocorreu no início deste ano, quando a editora americana lançou o título "Miracleman", onde está republicando na íntegra as aventuras do herói. E em 2015, promete começar a produzir novas aventuras, após concluir a republicação do material clássico do personagem, inclusive trazendo aos leitores a edição 25 finalizada pela Eclipse, mas nunca lançada.
                A edição nacional tem 68 páginas, em formato americano, com o preço de R$ 8,20, com direito a 3 capas variantes, sendo uma delas metalizada. Além de uma introdução do editor Fernando Lopes, a edição ainda traz alguns esboços da concepção da série de Miracleman dos anos 1980, além de uma sinopse sobre a criação do herói, por Mike Conroy. Completa o material extra um bate papo de Joe Quesada com o próprio criador do personagem, Mick Anglo, que faleceu em 2011, antes de poder presenciar o retorno efetivo do seu personagem. A edição traz as aventuras publicadas em Miracleman N° 1, mostrando o herói ao lado de Young Miracleman e Kid Miracleman detendo uma horda de invasores do futuro, além do material publicado nas edições 1 e 2 da revista "Warrior", além das aventuras das edições 25 e 32 de Marvelman, de 1954, estas com arte apenas em preto e branco. O título brasileiro deve ter periodicidade mensal, assim como a edição americana. O material lançado pela Warrior teve todas as histórias recolorizadas, mantendo fidelidade à apresentação original. Devido à briga de Alan Moore com as editoras americanas, o artista exigiu que seu nome não constasse da republicação das aventuras, de modo que a edição não cita o seu nome.
                É a grande chance dos leitores nacionais, antigos e novos, conhecerem efetivamente o herói, que teve teve raríssimas aparições em nosso mercado editorial. Na década de 1950, Miracleman teve algumas de suas aventuras publicadas pela RGE, que publicava a revista do Capitão Marvel, sendo chamado de Jack Marvel. Em 1989 e 1990, a pequena editora Tanos chegou a lançar 4 edições do herói, com arte em preto e branco, mostrando as aventuras da revista Warrior para o público brasileiro, mas ficou apenas nisso, e somente agora os leitores terão a chance de acompanhar a continuação das aventuras do herói. E já não era sem tempo, pois as histórias desenvolvidas por Alan Moore, e posteriormente por Neil Gaiman, são muito boas, e mereciam ser lançadas de maneira decente em nosso país. Afinal, com nomes do quilate de Moore e Gaiman no comando das histórias, isso por si só já é garantia de qualidade nos roteiros. Quem curtiu Watchmen e Sandman que o diga...
                Mais um ponto positivo para a Panini, pois não é todo dia que se tem um material de renome sendo lançado nas bancas nacionais. Que Miracleman tenha enfim sua grande e merecida chance de ser lido e apreciado pelos fãs de quadrinhos nacionais...

Um comentário:

  1. "Dizem" que a editora Tanos publicou esse material sem autorização. Mas vai saber...

    Olha, tb acho legal lançar esses HQs em banca. Mas, no final das contas, me pareceu mero oportunismo editorial lançar a fase Moore em revistas com acabamento canoa. Tanta porcaria por aí tem encadernado, por que não esse obra-prima? Me que fossem em TP, já valeria a pena. Acho que a maioria dos colecionadores pensa assim.

    Gostei de seu espaço. Notei que não possui "botão" seguir. Se posteriormente usá-lo e topar parceria (seguimento recíproco, já que abordamos temas afins), é só me avisar.

    Abraços,

    Kleiton
    kleitongoncalves.blogspot.com.br

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