sexta-feira, 31 de outubro de 2014

SÉRIE DE TV DO BATMAN DOS ANOS 1960 FINALMENTE É LANÇADA EM VÍDEO



                Santa espera! Demorou, mas enfim aconteceu, e a mais famosa produção para TV de Batman finalmente ganhará oficialmente o mercado de vídeo, pelo menos, nos Estados Unidos. BATMAN - THE COMPLETE TV SERIES LIMITED EDITION BLU-RAY trará todos os 120 episódios produzidos pela 20th Century Fox, durante os anos de 1966 a 1968. E o melhor de tudo, em uma bela edição com todos os episódios remasterizados e recolorizados para alta definição. A caixa, composta de 13 discos, já se encontra em pré-venda nas grandes redes de lojas virtuais dos Estados Unidos, com previsão de lançamento para o próximo dia 11 de novembro. O preço de tabela, da edição em blu-ray, é de cerca de US$ 270.
                Porduzida por William Dozier e Howie Horwitz, o seriado trazia uma caracterização do Cavaleiro das Trevas muito diferente da conhecida atualmente. Abusando do nonsense e de situações estapafúrdicas, "Batman" mostrava o conhecido defensor de Gotham City como um implacável defensor da moral e dos bons costumes, sempre pronto a servir de exemplo para os cidadãos, apresentando-se como um defensor da justiça simpático e cordial, mas nem por isso menos tolerante com a bandidada, com os quais o intrépido justiceiro sempre caia na porrada, auxiliado por seu inseparável Robin, o Garoto Prodígio, que recitava trocentas "santa" exclamações por episódio, os quais sempre eram recheados visualmente com as onomatopéias das lutas travadas pela Dupla Dinâmica contra os malfeitores. "Pow", "soc", "plaft", entre outras palavras, eram imperdíveis durante os combates. Adam West interpretada Bruce Wayne e sua contraparte mascarada, enquanto o jovem Burt Ward dava vida ao jovem parceiro Robin. Todos os episódios começavam com algum crime sendo cometido em alguma parte de Gotham City, que ameaçava levar pânico à população da grande metrópole.
                Logo em seguida, em seu gabinete na Chefatura de Polícia, o Comissário Gordon, ao lado do Chefe O'Hara, ao saber do ocorrido, sabia que só um homem em toda Gotham City seria capaz de enfrentar o dilema, e de um telefone vermelho em sua sala, simplesmente ligava para convocar o herói mascarado. Na famosa mansão de Bruce Wayne, o leal mordomo Alfred invariavelmente atendia a ligação, repassando o recado para Bruce Wayne e seu tutelado Dick Grayson, que imediatamente se mandavam para a Batcaverna, assumindo a identidade da dupla dinâmica, e disparando rumo a Gotham City, para uma reunião com Gordon e O'Hara. E cada aventura geralmente durava dois episódios, sendo que ao fim da primeira parte, nossos heróis encontravam-se irremediavelmente presos em uma armadilha mortal que prometia ceifar suas vidas, enquanto o narrador conclamava os telespectadores a sintonizarem novamente naquele bat-canal, naquela mesma bat-hora, para conferir se nossos heróis conseguiriam escapar e dar o troco nos bandidos. Para delírio dos fãs, vários dos vilões das HQs estavam presentes, como o infame Charada, o astuto Pinguim, o frio Senhor Gelo, a sedutora Mulher-Gato, e o maior de todos os inimigos, o não menos mortal Coringa, interpretado por Cesar Romero, com direito a todos os seus requintes de piadas mortais. Ao mesmo tempo, a dupla também tinha de lidar com toda uma nova legião de vilões exclusiva do seriado, como o maluco Cabeça-de-Ovo, interpretado por Vincet Price, que geralmente queria o resgate de suas ações criminosas em algo ligado a ovos, ou ao hilário Rei Tut, na pele de Victor Buono, vilão que surgia quando um inocente professor de história levava uma pancada na cabeça e passava a pensar que era um faraó egípcio. Imperdível.
                Foi um sucesso arrebatador, e a produção foi exportada para uma infinidade de países, inclusive o Brasil, e segue sendo reprisada até hoje, sempre rendendo bons índices de audiência onde quer que esteja sendo exibida. O seriado detonou a primeira onda de "batmania" pelo mundo, com venda de todo tipo de quinquilharia ligada à imagem do Homem-Morcego. No terceiro ano da série, tentando revitalizar os índices de audiência, que já começavam a decair, introduziram a Batgirl, interpretada por Ivonne Craig. Mas o desgaste do seriado já era nítido, e a rede ABC, que exibia o seriado, resolveu não renovar o contrato de produção. Outra emissora até ofereceu-se para continuar exibindo a série, mas a Fox já tinha desmantelado todos os sets de filmagem, de modo que os custos para retomar a produção não seriam viáveis. O seriado ainda contou com um filme longa-metragem, com os mesmos atores e caracterização, onde a dupla dinâmica enfrenta a união de seus maiores inimigos, que ameaçam as nações do mundo com uma invenção diabólica.
                O seriado também dividiu opiniões, e deixou muitos batfãs irados com a abordagem nonsense da série, que acabou estigmatizando a figura do Batman, tirando toda a seriedade de sua personalidade, e chegando a insinuar até um romance entre o cruzado embuçado e o menino prodígio. Mas o sucesso da produção de TV era tanto que até as histórias em quadrinhos publicadas pela DC Comics na época começaram a espelhar o mesmo tipo de caracterização. Levaria anos para Batman recuperar sua reputação de herói sombrio e sério, começando com uma boa série de aventuras solitárias do defensor de Gotham City nos anos 1970 sob a batuta de Neal Adams, e só terminando em definitivo na segunda metade dos anos 1980, com a magistral minissérie "Cavaleiro das Trevas" de Frank Miller, que restabeleceu a personalidade do Batman, que perdura até hoje.
                Mas o sucesso da série de TV se mantém até hoje, ainda sendo reverenciada por uma verdadeira legião de fãs em todo o mundo. Com o advento do mercado de vídeo, todos esperavam ver a oportunidade de comprar a série de TV ou alugar suas fitas, ainda nos tempos do VHS. Mas havia um detalhe que estava comprometendo o lançamento: Batman foi uma produção licenciada da Fox. O personagem era propriedade da DC Comics, e a Fox adquiriu licença para a produção da série televisiva. Com a aquisição da DC pelo grupo Warner, concorrente da Fox tanto no mercado televisivo quanto de cinema, as duas partes se desentenderam na negociação dos detalhes de lançamento da série em outras mídias. Por contrato, a Fox tinha o direito de licenciar a série para exibição em TV no mundo todo, com os devidos direitos sendo pagos à DC. Mas o lançamento em vídeo ficou emperrado por décadas. Apenas o filme de cinema, produzido em 1966 com o propósito de servir como divulgação da série, estava liberado para lançamento em vídeo. A série de TV, infelizmente, era outra história. Os fãs teriam de esperar muito tempo até que a situação se resolvesse.
                E isso finalmente aconteceu. Após muitos e longos anos, a Fox e a Warner finalmente acertaram suas pendências, e finalmente todos os fãs terão a chance de rever em vídeo a famosa série e todas as suas bat-abobrinhas. O anúncio foi feito em julho último, durante a Comic Con em San Diego, e de lá para cá todos estão em uma espera impaciente para finalmente colocarem esta série em suas estantes. O lançamento é da Warner Home Video, e a coqueluche do lançamento é a versão do box em blu-ray, que além de trazer todos os episódios com a qualidade da alta definição, terá nada menos do que mais de 3 horas de extras exclusivos sobre a série, entre os quais "Hanging with Batman"(Pendurando com Batman); "Holy Memorabilia Batman!"(Santa Memorabilia, Batman); "Batmania Born!"(Nascimento da Batmania); "Bats of the Round Table"(Morcegos da Távola Redonda); "Inventing Batman in the words of Adam West"(Inventando Batman nas palavras de Adam West); "Na Na Na Batman!", entre outros.
                E como se isso fosse pouca coisa, o box também trará uma miniatura do Batmóvel da série, da Hot Wells, um scrapbook de Adam West, uma coleção de cards dos personagens, cópia digital dos episódios, além de um livreto de 32 páginas com um guia completo com sinopses de todos os 120 episódios. Santos brindes, Batman! A festa não vai ficar restrita apenas a quem tem acesso à mídia de alta definição: o mesmo box, sob o título BATMAN COMPLETE SERIES trará praticamente todo o seriado em DVD, em uma caixa de 18 discos, com o mesmo material extra disponibilizado na versão em blu-ray. Mas o único brinde que virá nesta versão será o guia de episódios. O preço desta caixa de DVD será de cerca de US$ 200. E quem estiver curto de grana ainda terá a opção de comprar o box em DVD com os episódios da primeira temporada do seriado, cuja caixa terá 5 discos, ao preço de US$ 40. Todas as caixas sairão no dia 11 de novembro. Já as outras duas temporadas deverão ser lançadas em 2015 em DVD para quem preferir este tipo de opção de compra.
                E quanto isso chega por aqui? Essa pode ser a má notícia: até o presente momento a Warner do Brasil ainda não se manifestou com relação ao lançamento deste box no mercado nacional. Como a série fez grande sucesso também em nosso país, tudo indica que poderá ser lançada por aqui, mas ainda não há uma data anunciada para isso. E, se levarmos em conta as dificuldades que tiveram para finalmente poderem lançar a série em vídeo, não há detalhes de como isso se aplica ao restante do mundo. E para deixar os fãs nacionais menos esperançosos, a caixa americana disponibiliza áudio apenas em inglês e francês, tendo também opções de legendas nestes dois idiomas, e também em castelhano, não havendo menção alguma de opções em português. Em muitos lançamentos recentes, uma vez que todo o continente americano é zona "A" para discos blu-ray, as versões lançadas nos Estados Unidos já trazem opções em nosso idioma, utilizando a mesma matriz de replicação. E, mesmo que seja lançada por aqui, muito provavelmente pode ser feito apenas em DVD, sem existir a opção do blu-ray, e também sem os brindes trazidos pela caixa americana. Santa urucubaca, Batman!
                O jeito é torcer para que a caixa seja lançada por aqui. Por enquanto, em DVD só há mesmo o longa-metragem do seriado, lançado há anos atrás pela Fox no mercado nacional, além de uma caixa de discos piratas que circula pelo mercado nacional trazendo parte dos episódios do seriado. A espera dos fãs americanos está para terminar, mas a dos brasileiros ainda promete se esticar mais, esperemos, um pouco apenas... Santa torcida, Batman!...

CULT CLASSIC ENCERRA SÉRIE DE FANTOMAS EM DVD



                Os fãs das antigas produções de animação japonesa podem comemorar: a distribuidora Cult Classic, que no ano passado começou a resgatar para o mercado de vídeo nacional várias produções antigas da Terra do Sol Nascente, conclui neste mês de novembro o lançamento de mais uma série em box de DVD. FANTOMAS, O GUERREIRO DA JUSTIÇA - Volume 4, finaliza a série trazendo os 13 últimos episódios estrelados pelo herói cadavérico e sua risada sinistra na luta contra o pérfido vilão Doutor Zero e sua organização criminosa. O preço do box é de cerca de R$ 60,00. As opções de idiomas são em japonês e português (exceto em 2 episódios), com opção de legendas em português.
                Cada box trouxe sempre 13 epísódios, sendo que a série teve um total de 52 episódios produzidos pela Daichi Doga, e exibidos pela Yomiuri Television no Japão. A versão em anime foi produzida cerca de um ano após a produção de um filme com atores mostrando o mesmo personagem. O sucesso do filme live-action incentivou a produção da versão animada, com algumas diferenças. Foram aproveitados detalhes da origem do herói, na Atlântida, além da trilha sonora, e do vilão Doutor Zero. Essa produção live-action já foi lançada no ano passado no Brasil pela própria Cult Classic.
                A distribuidora, aliás, cumpre com este lançamento a promessa de lançar a série de forma completa no mercado nacional, uma vez que a mesma havia sido prometida pela Focus Filmes, outra distribuidora que já havia lançado diversas outras produções nipônicas no mercado de vídeo nacional, como Changeman, Flashman, Jaspion, Jiraya, Jiban, entre outros. Infelizmente a distribuidora perdeu o interesse após fracas vendas de seus últimos produtos, como a série de "A Princesa e o Cavaleiro", que se encontra inacabada até hoje. Para esperança dos fãs, a Cult Classic, cujo foco de mercado são justamente produções antigas, resolveu assumir o desafio, e após lançar alguns outros live-actions japoneses, trouxe ao mercado a série de Fantomas, que cativou muitos fãs em suas exibições na TV brasileira nos anos 1970 e 1980.
                O ponto negativo é a ausência de dublagem em português em cerca de 10 episódios, cujo áudio nacional, produzido na época pela AIC - São Paulo, não foi recuperado. Por ser uma distribuidora pequena, a Cult Classic não providenciou uma nova dublagem para estes episódios, disponibilizando apenas legendas em português. Mas, para os fãs, este detalhe não faz muita diferença, uma vez que agora eles poderão ter acesso a toda a série, antes disponível apenas no acervo de alguns colecionadores que conseguiram gravar os episódios de quando tiveram suas últimas reprises.
                Uma facilidade que a distribuidora estará oferecendo agora aos compradores é a opção de uma caixa reunindo os 4 boxes componentes da série. Trata-se apenas de uma caixa acondicionando todos os 4 boxes, sem nenhum material adicional ao que já foi lançado separadamente, indicada especialmente para quem ainda não comprou nenhum dos boxes individuais já disponíveis. O preço desta caixa com a série completa será de cerca de R$ 240,00.
                Na série, a equipe do Doutor Still, um renomado cientista, é atacada pelas forças maléficas do perverso Doutor Zero, que quer dominar o mundo, ao resgatar a jovem Marie, cujo pai foi morto pelas forças do vilão, eles descobrem o continente perdido de Atlântida, e o esquife de Fantomas, um poderoso defensor da justiça que poderia ser invocado quando o mundo estivesse em perigo. A jovem Marie desperta o poderoso herói ao jogar água em seu corpo inerte, e Fantomas torna-se seu protetor, sempre surgindo para defender a jovem e seus amigos dos planos do Doutor Zero. Mais à frente, na série, Fantomas encontra seu maior inimigo, o Doutor Morte, um ser perverso com poderes iguais aos seus e tão invencível quanto. Ao lado do determinado Doutor Still e seu corajoso filho Terry, de sua amiga Marie, e do atrapalhado Gaby, Fantomas está pronto para enfrentar e frustrar todas as maquinações monstruosas criadas pelo Doutor Zero e sua organização.
                A Cult Classic merece parabéns pela conclusão do lançamento desta série em DVD. Agora é aguardar com expectativa possíveis novos lançamentos de antigas séries de animação pela distribuidora, que já afirmou ter interesse de continuar investindo no segmento, para sorte dos fãs e saudosistas do gênero.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

COLUNA HQ - ESTRÉIA



            Saudações, pessoal. Trago aqui hoje um novo tipo de material para o blog. É a estréia da COLUNA HQ no HQPRESS, que aqui terá uma temática diferente da COLUNA HQ original, publicada em jornal. Enquanto a versão impressa traz matérias curtas, para facilitar a publicação nos periódicos, que hoje em dia andam regulando cada vez mais espaço para notícias sobre quadrinhos e similares, esta versão on-line será mais como um editorial, onde irei colocar minha opinião pessoal sobre algum assunto que considere relevante no universo dos quadrinhos, seriados, filmes, etc, tudo o que diga respeito à cultura pop/nerd. Já trago alguns pequenos comentários e opiniões nas matérias aqui publicadas, mas nestas, o enfoque ainda é feito de maneira mais objetiva, enquanto na COLUNA HQ o enfoque será subjetivo, trazendo meus pontos de vista e minhas explicações sobre eles.
            Obviamente que não irei agradar a todos. Talvez eu tenha opiniões que colidam com as de muita gente, ao mesmo tempo em que outros concordarão com o que penso. Não é minha intenção ser o dono da verdade. Espero apenas trazer algumas boas discussões sobre alguns temas que podem ser interessantes a todos que aqui frequentam em busca de notícias e matérias sobre o universo pop/nerd. E começo hoje abordando a enxurrada de coleções de quadrinhos de luxo que estão invadindo as bancas nacionais. Curtam então o texto de minha nova versão da COLUNA HQ...

PS: A versão impressa da COLUNA HQ continua nos mesmos moldes. Apenas aqui ela terá seu caráter exclusivamente opinativo. E vamos em frente...



COLEÇÕES DE LUXO A RODO...PARAÍSO OU INFERNO?


A Salvat deu o pontapé inicial com sua Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel. E quer mais...

                Para quem curte colecionar quadrinhos, podemos dizer que o momento atual do mercado nacional é único. Temos um número grande não apenas de títulos mensais como de edições especiais, e de vários gêneros. Sem dúvida algo muito bom. E a coqueluche do momento, é sem dúvida, as coleções de luxo, "graphic novels", que algumas editoras estão lançando no mercado nacional no último ano, com um acabamento primoroso, como o leitor sempre quis de seus quadrinhos favoritos. Uma maravilha, não? Quem poderia esperar que chegaríamos a esse ponto anos atrás? Todo mundo está contente. Ou quase. Para dizer a verdade, tem é muita gente preocupada também. E não é à toa.
                Falando exclusivamente das coleções de luxo, tudo teve início no ano passado, quando a editora Salvat, através de um acordo de parceria com a Panini Comics, lançou sua coleção de Graphic Novels da Marvel. Primeiro em algumas cidades para teste de aceitação, esta coleção passou a ser distribuída pra valer a partir de agosto de 2013, sendo lançada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, e Paraíba. Os dois primeiros são os principais mercados consumidores de quadrinhos do país. O fato da Paraíba estar inclusa, a rigor, não vem ao caso querer saber porquê, e antes que me acusem de desprezar o estado do Nordeste, devo dizer que fico feliz pelos leitores paraibanos estarem tendo esta chance junto dos de São Paulo e do Rio, e espero que o quanto antes leitores dos Estados restantes possam apreciar adequadamente as edições desta coleção.

                Composta de cerca de 60 edições, que são lançadas quinzenalmente nas bancas, as edições da Salvat possuem um excelente acabamento, trazem histórias completas, ou quando muito, divididas de modo a ocuparem dois volumes. O material escolhido para as edições é de bom nível, mesmo que muitos reclamem da falta de materiais mais antigos que poderiam estar inclusos, em detrimento de outros mais recentes que foram publicados há poucos anos. Não dá para agradar a todos, é verdade, mas no geral, a coleção vai bem. O principal ponto positivo é o preço, bem mais acessível do que as edições de luxo lançadas pela própria Panini, cuja qualidade não difere muito das edições da Salvat. Um ponto interessante é que completa, as lombadas dos volumes formam uma bela arte que certamente ficará muito bonita de ser visualizada nas estantes dos colecionadores. A periodicidade vem sendo bem feita, de modo que a coleção já está em sua 31ªedição. Para tentar deixar o leitor ansioso com o que está por vir, a ordem dos lançamentos é sortida: as 31 edições lançadas até o momento não são as primeiras 31 edições. A ordem está misturada, mas isso não chega a incomodar.

                Recentemente, mostrando que a coleção está realmente vendendo bem, a Salvat passou a relançar as primeiras edições comercializadas, ainda nos mesmos Estados onde já vem lançando a coleção, um sinal inequívoco de que as tiragens estão mesmo se esgotando, ou vendendo quase tudo. Caso contrário, eles passariam a lançar as edições nos Estados onde estas ainda não foram distribuídas, e isso quer dizer que, quando chegar a hora de lançar no resto do país, serão necessárias novas tiragens, mais um ponto a ser valorizado pela iniciativa da Salvat, proporcionando um belo número de edições de altíssima qualidade gráfica a um preço mais em conta que, se não chega a ser 100% popular, ainda está bem acessível.

                Agora, outra boa notícia: a Eaglemoss, outra editora especializada em coleções, começou a lançar em determinadas cidades uma coleção nos mesmos moldes da produzida pela Salvat, mas focada inteiramente nos heróis da DC Comics. Nada mais justo, não? Afinal, se estamos tendo uma coleção dos heróis da Marvel, porque não termos uma da DC também, afinal, eles merecem. E tudo indica que a partir de janeiro, se não houver mudanças de cronograma, esta coleção começará a ser vendida nos principais mercados do país, oferecendo aos decenautas um prazer por enquanto restrito aos marvetes. E porque não, para ambos os grupos? Afinal, muito fã Marvel também gosta de ler DC, e vice-versa. Então, quando mais graphic novels, melhor.


A Coleção de Graphics DC vem nos mesmos moldes das edições da Salvat, para alegria dos decenautas.

                Mas aí também vem a PlanetadeAgostini, e resolve lançar uma coleção, ou melhor, DUAS coleções de Guerra nas Estrelas (Star Wars é o caralho, eu uso o nome traduzido em português...): uma delas sendo uma enciclopédia, trazendo informações sobre planetas, personagens, armas, tecnologia, absolutamente tudo presente no universo criado por George Lucas & cia., para saciar o mais sedento fã da Força. E como desgraça pouca é bobagem para quem segue a saga dos Jedis, a outra coleção é praticamente uma compilação de boa parte dos quadrinhos publicados até hoje de Guerra nas Estrelas, começando pela quadrinização do primeiro filme, lançada pela Marvel, lá em 1977, e vindo até as mais recentes sagas lançadas pela Dark Horse nos últimos anos. E vão ser 70 volumes de quadrinhos, e mais 50 volumes da enciclopédia. Os fãs de quadrinhos podem querer mais?


A PlanetadeAgostini vem com duas coleções para arrebatar os fãs de Guerra nas Estrelas. Uma enciclopédia (acima) explicando todos os pormenores da grande saga iniciada em 1977 por George Lucas, e uma compilação dos quadrinhos da franquia como jamais se viu neste país (abaixo). Os fãs poderão sentir o poder do lado negro da Força em seus bolsos como nunca antes imaginaram...



                Acredite, podem! A mesma Salvat que lançou a coleção de Graphics Marvel, agora resolveu lançar outra coleção de edições especiais da Marvel, intitulada "Os Heróis Mais Poderosos..." trazendo edições focadas em um personagem e/ou grupo da famosa Casa das Idéias. Já está saindo em algumas cidades, seguindo o tradicional cronograma de testes, então, preparem-se que logo, logo, esta nova coleção também entra "pra valer" na competição. E nem mencionei ainda outra coleção, também em fase de testes, da mesma Salvat, que está lançando todos os álbuns de Asterix com qualidade de luxo, para fã nenhum do intrépido guerreiro gaulês criado por Albert Uderzo e René Goscinny botar defeito. Realmente, nunca antes na história do mercado nacional de quadrinhos, tivemos tantas opções de edições com tão alta qualidade à disposição do público leitor. É o paraíso, não?


Asterix e seus companheiros também estão ganhando uma coleção de luxo pela Salvat. Leitores, preparem-se e torçam para a famosa poção mágica fortalecer seus bolsos, por Tutatis!

                Depende. Assim como muitos outros fãs de quadrinhos, fico realmente contente em ver vários lançamentos de qualidade gráfica deste nível no Brasil. Gibis, antigamente, não passavam de "coisa de criança", e agora, se vê que o status das publicações de quadrinhos atingiu outro patamar, com muito mais reconhecimento. E as editoras que até então não investiam nesse mercado, que ficava restrito apenas a empresas como Abril ou Panini, agora parecem dispostas a brigar para conquistar o público leitor, oferecendo um leque de opções interessante e variado. Mas...será que o público leitor vai aguentar comprar tantas coleções? Poucos serão capazes disso, e a maioria, acreditem, não vai suportar o tranco.

                Ah, mas ninguém é obrigado a comprar tudo...você compra apenas a edição que lhe interessa...nem todo mundo gosta do mesmo material... De fato, todas estas afirmações são verdades incontestáveis, mas o buraco é um pouco mais complicado. Em primeiro lugar, se nos atermos apenas às coleções elencadas acima, o panorama não é tão diversificado assim. Tirando Asterix, uma das mais famosas séries de quadrinhos franceses, todas as demais coleções são do gênero "comics", que se tornaram sinônimo de super-heróis. E estes materiais vêm de poucas editoras, Marvel, DC, e Dark Horse (Guerra nas Estrelas). E mesmo havendo a tradicional preferência marvete/decenauta, muitos certamente vão querer comprar também as edições da outra editora. Sou um marvete inveterado, mas isso não me impede de comprar quadrinhos da DC, quando gosto de uma história boa que eles publiquem. Assim, o inverso também é verdadeiro: muito decenauta não torce o nariz de comprar boas histórias da Marvel. Claro que existe quem lê Marvel e não quer saber de DC, e vice-versa, mas acreditem, esse público hoje não é tão radical quanto já foi um dia.

                E o material de Guerra nas Estrelas, por sua vez, com histórias contadas no mesmo estilo, apesar de sua origem nos cinemas, também disputa praticamente quase o mesmo público que lê Marvel e DC, com pouca diferença de mentalidade. E Guerra nas Estrelas vem com duas coleções igualmente interessantes, que merecem ser lidas sem distinção. Em outras palavras, a grosso modo, todas estas coleções vão disputar boa parte do mesmo público leitor, e igualmente, boa parte dele tem desejo de colecionar tudo o que estará sendo oferecido. O problema é que poucos serão capazes de fazer isso.

                A economia brasileira não anda bem das pernas nos últimos tempos. Qualquer um vê isso. E com dinheiro curto, itens supérfluos são os primeiros a serem cortados do orçamento. Quadrinhos, muito provavelmente, ficam na alça de mira. E, com grana curta, o leitor terá de escolher suas prioridades. Com tantas coleções no mercado ao mesmo tempo, a maioria terá de optar por esta ou aquela coleção, ou escolher a dedo, entre todas as coleções, qual edição vai ser imprescindível ou não, sacrificando a opção de ter a coleção completa. Com o preço de cada encadernado na faixa de R$ 33/R$ 35 reais, se formos contabilizar todas as coleções, teremos algo em torno de R$ 250 reais mensais. Se levarmos em conta que nosso salário mínimo é pouco menos do que 3 vezes isso, e muita gente tem de viver com 2 ou 3 salários mínimos em nosso país, torna-se uma quantia difícil de ser dispendida por muita gente. E mesmo quem tiver condições financeiras de adquirir isso sem pesar tanto no bolso, certamente vai escolher o que melhor lhe atrair.

                Se o valor ainda não parece tão elevado, é preciso lembrar que este público leitor, muito provavelmente, também já está comprando outros títulos de quadrinhos, sejam eles os títulos de linha da Panini, Abril, ou os vários mangás atualmente lançados nas bancas nacionais. Também temos tido várias edições especiais, tanto de comics quanto de outros gêneros de quadrinhos. Então, diante de todos estes belos lançamentos, o que parece ser o paraíso pode muito bem parecer o inferno para muitos leitores, sem condições de poderem adquirir as edições que tanto almejam.

                Quero dizer então que estas belas coleções não deveriam ser lançadas por aqui? Não. Todas merecem ser lançadas. O problema é o timing dos lançamentos. Com todas vindo ao mesmo tempo, a tendência é a competição prejudicar as vendas ao invés de ajudar. Se cada coleção viesse uma após a outra, muito provavelmente venderiam bem mais, mesmo que isso demorasse mais para acontecer. Os leitores teriam melhores condições de comprar todas que desejassem, e não ter de optar apenas pelos números mais importantes, decorrente da necessidade forçada de não ter condições financeiras de comprar tudo o que desejasse.

                Ora, mas nos Estados Unidos e Europa temos coleções como essas, aos montes, e títulos de linha a rodo. Por que aqui não pode ter? Porque não dá para comparar o mercado americano e dos países da Europa ao do Brasil. O poder aquisitivo do público leitor é muito diferente da nossa realidade. Os preços de lá são comparativamente mais baixos do que os daqui, de modo que, mesmo com tantos lançamentos, o público potencial é muito maior, e mesmo com as vendas pulverizadas entre todos eles, as publicações não só vendem como têm bons lucros, o que motiva as editoras a continuarem com seus lançamentos, realimentando o mercado. Por aqui, não temos capacidade de fazer isso nas mesmas condições. Falta ao mercado consumidor nacional o que muitos chamam de "massa crítica", que podemos definir como a condição de potencial consumidor que é capaz de sustentar uma publicação.

                Nos Estados Unidos, esse mercado é tão forte, que mesmo publicações voltadas para nichos específicos conseguem vender e se sustentar sem maiores problemas. Não é uma realidade absoluta, mas abarca uma boa parte do mercado. No Brasil, esse público consumidor ainda não atingiu esse mesmo potencial de sustentação do mercado editorial. Assim, estas coleções lançadas tanto pela Eaglemoss, Salvat, e PlanetadeAgostini, juntas todas no mercado ao mesmo tempo, podem acabar mais canibalizando umas às outras do que alavancar o mercado. Há condições de todas elas se sustentarem ao mesmo tempo, com suas vendas pulverizadas entre o público consumidor nacional? Há, mas isso depende um pouco da capacidade do mercado consumidor, e também da postura das editoras.

                Tachar as editoras de gananciosas ou de incompetentes no que tange ao planejamento dos lançamentos é ser superficial. Nenhuma delas, teoricamente, está nessa para perder dinheiro à toa, e o investimento para lançar tais coleções com essas qualidades é alto, e precisa de retorno. Todas mostraram prudência lançando primeiro os títulos em teste em cidades específicas para aferirem as possibilidades de retorno, a fim de analisarem se o lançamento a pleno no mercado nacional, ainda que restrito a alguns Estados, fosse viável. Como demonstrou a Salvat, há um mercado que pode absorver este tipo de lançamento. Mas é verdade que os números de venda obtidos pela Coleção Graphic Novels Marvel foram obtidos sendo a única coleção presente nas bancas. A partir de agora, com as coleções de Guerra nas Estrelas, e das Graphic Novels DC, será que estes números de vendas continuarão tão favoráveis? Pelo sim, pelo não, a Salvat parece querer garantir o seu mercado, o que explicaria o lançamento da nova coleção da Marvel, e dos álbuns de Asterix. O objetivo seria tentar fidelizar o leitor aos seus lançamentos, evitando que migrem para alguma coleção lançada pela concorrente. Mas estes novos lançamentos, todos simultâneos, como já afirmei, podem derrubar as vendas, ao invés de fortalecê-las, pulverizando as compras do leitor, antes mais centradas em apenas uma coleção. Só o tempo dirá qual a realidade desta competição de mercado, que só agora está começando pra valer.

A Salvat acabou de chegar à metade de sua coleção de Graphic Novels Marvel e já está lançando uma segunda coleção de luxo, também voltada para os heróis Marvel...

                Estivesse a economia em pleno crescimento, as condições de sucesso poderiam ser melhores, mas 2014 tem mostrado a economia brasileira quase parando, e 2015 não garante uma retomada do crescimento. E quando a economia não cresce, os salários tendem a estacionar. E tem outro problema: a inflação está em alta, e isso pressiona os custos de produção. Do seu início em agosto do ano passado, as edições da Salvat já trouxeram um aumento de 10%. Parece pouco, mas quem teve um aumento desses no salário do ano passado para cá? Este é outro detalhe que só ajuda a complicar a situação.

                É de se esperar que as editoras conheçam plenamente este panorama, e saibam ajustar suas metas de vendas e faturamento de acordo com as possibilidades do mercado. Com um bom planejamento, mesmo que as vendas se pulverizem entre as diversas coleções e suas edições, isso não quer dizer que elas necessariamente ficariam no prejuízo, o que provocaria o cancelamento dos lançamentos. Um bom gerenciamento e condução destes projetos, calibrados adequadamente, podem garantir o sucesso de todas as empreitadas que estão sendo feitas neste filão do mercado de quadrinhos nacional, não apenas agora mas também no futuro. Mas estamos falando do Brasil, e não é surpresa que algumas empresas errem seus passos, ou confiem demais em suas capacidades, ou simplesmente façam o que der na telha, tomando decisões equivocadas e comprometendo totalmente a credibilidade e/ou qualidade dos lançamentos. Isso para não falar também das particularidades do mercado nacional, como o famigerado custo Brasil, que por vezes transforma ações empresariais corriqueiras em verdadeiros dilemas sem fim, capazes de fazer naufragar inúmeros empreendimentos, mesmo alguns deles muito bem planejados e coordenados por gente que entende do riscado. E nada impede também que as editoras estejam querendo garantir o seu filão de qualquer jeito, jogando os lançamentos no mercado de forma agressiva e talvez impetuosa demais. Se este modo de agir estiver dando a tônica dos lançamentos, todo mundo sai perdendo: as editoras, por não atingirem suas tiragens de venda esperadas, ainda que por culpa delas mesmas; e os leitores, que podem perder mais uma opção de colecionar quadrinhos, por falta de condições ideais para adquirir tais materiais, além da própria ganância do mercado editorial, superestimando as condições do público do mercado consumidor de quadrinhos. O potencial do mercado desbravado pela Salvat pode ter deixado o pessoal com olho gordo em explorar esse filão o quanto antes, e o máximo possível, antes que outros o façam.

                Como se isso ainda fosse pouco, nem mencionei que vem mais uma coleção por aí: Placas Marvel Colecionáveis, esta pela Coleções Altaya, que na verdade é uma subdivisão da PlanetadeAgostini. Os marvetes, claro, podem comemorar mais um lançamento voltado a seus heróis, ou ficar também preocupados com o grande número de lançamentos de edições de luxo de seus heróis favoritos. Temos então um paraíso de excelentes edições, mas que podem levar muitos para o inferno da falência, ou então ficar simplesmente passando vontade, vendo as edições em banca, e sem poderem comprar.

                Que as editoras saibam moderar o seu apetite com o lançamento de tantas edições ao mesmo tempo, para que todos possam sair ganhando, empresas e consumidores. O excesso e o exagero, por outro lado, podem ser o caminho para a ruína, em vários aspectos. E, de problemas, já andamos cheios nos últimos tempos, não precisamos de mais para complicar a situação...


E a mais nova Coleção de luxo vem pela Altaya. Os marvetes que preparem seus bolsos...
 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

JORNADA NAS ESTRELAS ENCONTRA O PLANETA DOS MACACOS



                Para quem curte encontros inusitados de personagens, a editora americana IDW Publishing está pegando gosto pela coisa, e virando um prato cheio para os fãs de quadrinhos. Com o insólito cross-over que sai em breve unindo os Caça-Fantasmas com as Tartarugas Ninjas, este fim de ano ainda irá assistir a outro encontro praticamente impensável até pouco tempo atrás. Agora, será a vez da união dos universos de Jornada nas Estrelas e do...Planeta dos Macacos! STAR TREK PLANET OF THE APES - THE PRIMATE DIRECTIVE (Jornada nas Estrelas Planeta dos Macacos - A Diretriz Primata) será uma minissérie em 5 partes, que chegará em dezembro às comic shops dos Estados Unidos, e promete causar impacto nos personagens de ambas as franquias.
                Os roteiros serão dos irmãos Scott e David Tipton, e a arte será de Rachael Stott, com direito a capas variantes em cada edição, com artes de Stott e também de Juan Ortiz. Cada edição terá 32 páginas, ao preço de US$ 3,99, e periodicidade mensal. Scott e David foram os responsáveis pelo cross-over que uniu, há 2 anos atrás, a tripulação da Enterprise D com a série Doctor Who, na história "Star Trek: The Next Generation/Doctor Who: Assimilation 2" (Jornada nas Estrelas: A Nova Geração/Doctor Who: Assimilação ao Quadrado). E eles prometem retomar a dose de ousadia nesta nova empreitada. A minissérie é resultado de uma parceria entre a IDW, detentora dos direitos de quadrinhos de Jornada nas Estrelas, e a Boom! Studios, que possui os direitos de publicação de quadrinhos da franquia do Planeta dos Macacos.
                Dessa vez, é a tripulação da série clássica de Jornada, liderada pelo velho e audacioso Capitão Kirk, quem irá se envolver em encrenca. Quando a Federação Unida de Planetas descobre que os klingons estão causando interferência na civilização de um mundo desconhecido, a tripulação da nave USS Enterprise é enviada para investigar e, se possível, tomar as devidas providências para fazer com que tudo retome o seu curso normal. Mas o que acontece quando os guerreiros klingons estão apoiando um general gorila a dar um golpe de estado em sua própria sociedade e tomar o poder para si, James Kirk e seus comandados precisarão buscar auxílio do renomado cientista primata Dr. Zaius para ajudar a proteger a Cidade dos Macacos da rebelião orquestrada pelo general renegado.
                Além de terem que se entender com seus tradicionais desafetos klingons, os tripulantes da Enterprise terão de enfrentar a desconfiança não apenas do povo macaco, mas também de um terráqueo revoltoso que já se encontra no planeta dos primatas sensientes. O coronel astronauta George Taylor tem suas próprias idéias a respeito, e sua intromissão pode ajudar a deixar a situação ainda mais tensa do que já se encontra.
                Você gostaria de ver um klingon montando a cavalo empunhando um rifle? Ou ver o Sr. Spock fazer seu famoso elo mental com um primata sensiente? Prepare-se para ver a famosa tripulação da nave Enterprise, representante de um futuro onde a humanidade evoluiu no melhor sentido da palavra, encontrarem-se com os conhecidos personagens do filme dos anos 1960, onde os macacos dominaram nosso mundo após a queda da humanidade. E o encontro não promete ser dos mais amigáveis. Se só com os macacos inteligentes já haveria problemas, ter os klingons ajudando a tumultuar ainda mais o ambiente promete fazer deste encontro uma das mais perigosas aventuras de toda a carreira de exploradores da famosa nave da Frota Estelar.
                "O Planeta dos Macacos e Jornada nas Estrelas são franquias inovadoras de ficção científica, e ambos lidam com muitos dos mesmos temas e problemas sociais", diz Greg Goldstein, presidente e chefe de operações da IDW Publishing. "Um cruzamento entre os dois é algo mais do que natural e vem com muito atraso.", finalizou, em declaração proferida em julho, durante a Comic Con em San Diego, quando foi feito o anúncio da produção de um encontro entre ambas as franquias. "Antes que eu conseguisse ler histórias em quadrinhos quando era criança, eu podia assistir ficção científica na televisão. Meu pai costumava me acordar maneira quando já tinha passado da minha hora de dormir para assistir a Jornada nas Estrelas, e eu levava uma lancheira de Planeta dos Macacos comigo ao jardim de infância todos os dias", declarou Ross Richie, fundador e CEO da BOOM! Studios. "Basta dizer que, juntar estes dois titãs da ficção científica numa mesma página, de uma forma que provavelmente nunca aconteceria nas telas, é um grande momento para mim tanto pessoal como emocionalmente.", completou.
                Fica a esperança de uma boa história, para empolgação dos fãs tanto da macacada quanto dos trekkers. A IDW tem conseguido lançar bons materiais de Jornada nos últimos anos, e para os fãs brasileiros, um pouco deste material tem chegado por aqui pela Devir Livraria, que lançou algumas edições em tempos recentes. Resta esperar que mais à frente essa minissérie possa aportar por aqui, e que os leitores nacionais possam ter a chance de ver este encontro inusitado.


FANTAGRAPHICS LANÇA COLEÇÃO DE LUXO DE DON ROSA



                Enquanto aqui no Brasil a Editora Abril está lançando as edições especiais destinadas à comemoração dos 80 anos de criação do Pato Donald, nos Estados Unidos, os fãs e leitores dos quadrinhos Disney estão ganhando os primeiros volumes de uma coleção imperdível. WALT DISNEY'S UNCLE SCROOGE AND DONALD DUCK: THE DON ROSA LIBRARY VOLS. 1 & 2 está sendo lançada no mercado americano pela Fantagraphics Books, e como seu nome portentoso indica, é uma biblioteca destinada a Don Rosa, o legítimo herdeiro de Carl Barks na criação das aventuras da Família Pato. A editora americana está disponibilizando este mês os dois primeiros volumes da coleção, e os leitores poderão adquirir as edições tanto individualmente, quando em um belíssimo gift set de colecionador.
                Cada volume individual tem preço de cerca de US$ 30,00, e possui cerca de 208 páginas, com direito a capa dura e papel de primeira qualidade no miolo. O formato é 21,5 x 28 cm. No primeiro volume, intitulado "O Filho do Sol", Tio Patinhas, Donald e seus sobrinhos se metem em uma tremenda aventura na América do Sul, em consequência de mais uma disputa do pato mais rico do mundo contra um de seus maiores rivais, o traiçoeiro Pão-Duro McMônei, pela posse de um importante tesouro inca. No segundo volume, "Retorno a Quadradópolis", nossos patos aventureiros estão novamente às voltas com o povo mais quadrado das montanhas andinas, se metendo em várias confusões. A edição gift set tem preço de cerca de US$ 50,00, e os volumes vêm acondicionados em um belo box inteiramente colorido. E, segundo os editores, o preço é uma barganha, que faria até mesmo o avarento Tio Patinhas topar a parada.
                A coleção promete publicar em ordem cronológica as aventuras produzidas por Don Rosa com os personagens Disney, a exemplo do que já vimos no Brasil há alguns anos, quando a Abril lançou a coleção completa das obras de Carl Barks. Mas a edição da Fantagraphics é bem mais luxuosa no formato do que a edição lançada pela Abril, o que não é exatamente demérito da publicação brasileira, que também foi muito bem feita.
                Nascido em Louisville em 1951, Gioachino (Keno) Don Hugo Rosa iniciou seus trabalhos desenhando as aventuras de Donald, Tio Patinhas & Cia. em 1987, e pela qualidade de seus trabalhos, é considerado por todos o herdeiro artístico de Carl Barks, o mais importante artista dos quadrinhos Disney. Sua obra mais famosa é "A Saga do Tio Patinhas", onde conta toda a história do pato mais rico do mundo desde o nascimento até a conquista de sua grande fortuna. A Abril já lançou a história duas vezes no Brasil em edições especiais, e prepara-se para relançá-la em 2015 em edição de luxo. Suas histórias já foram lançadas em várias edições da edição nacional do Tio Patinhas.
                Quem quiser adquirir esta bela obra, porém, terá um empecilho: a venda é restrita aos Estados Unidos e ao Canadá, e a própria editora avisa em seu site que pedidos feitos de fora destes países não serão aceitos. É uma imposição da Disney no contrato de publicação. Mas nada impede que uma coleção igual seja lançada pela Abril no Brasil. O problema é que a editora brasileira teve um desentendimento com o artista há alguns anos, e embora isso não a impeça de publicar as histórias criadas por Don Rosa, certamente haveria problemas em usar o nome do artista em uma coleção. Mas claro que as duas partes podem voltar a se entender, e quem sabe quando isso acontecer, a Abril possa lançar para Don Rosa uma coleção nos mesmos moldes feitos para as histórias de Carl Barks? Sonhar não custa...
                Enquanto isso, os fãs americanos que se preparem para esta lindíssima coleção, que merece um lugar fixo em qualquer estante de um fã de quadrinhos.


ABRIL LANÇA COLEÇÃO TEMÁTICA DO PATO DONALD



                Com 80 anos de criação completados em junho último, um dos mais icônicos personagens do mundo dos quadrinhos, o famoso Pato Donald, estava merecendo algumas edições especiais para comemorar a data. E a Editora Abril, apesar de algum atraso, começa a se redimir este mês, com a chegada às bancas das mais novas edições temáticas de sua linha de quadrinhos Disney, agora dedicadas integralmente ao pato mais famoso dos quadrinhos. Serão 4 edições especiais que sairão mensalmente até o fim do ano, todas elas com histórias completamente inéditas, para alegria dos fãs.
                AS MUITAS VIDAS DO PATO DONALD, título das edições, terão 308 páginas cada número, com capas envernizadas com detalhes em alto relevo, ao preço de R$ 16,00 cada edição. A distribuição será setorizada, primeiro para a região Sudeste e depois nas demais regiões do Brasil. Cada edição dará destaque a uma das várias facetas do personagem. Nesta primeira edição, o enfoque é na vida de aventureiro. A segunda edição trará sua vida em família, enquanto a edição três enfocará o perfil de herói do Donald. E, fechando a coleção, a vida profissional será o tema da edição 4. Uma grande mostra da versatilidade do pato, que se mete praticamente em  todo tipo de situação desde que foi criado, no início dos anos 1930. A fim de situar o leitor, a primeira edição traz dois textos de Marcelo Alencar, falando sobre os primórdios do personagem, e um resumo de todas as histórias apresentadas na edição.
                O personagem apareceu pela primeira vez como coadjuvante na história "A Galinha Sábia", desenho animado lançado em junho de 1934, que logo ganhou versão em quadrinhos. Com uma aparência ligeiramente diferente, o pato já ostentava seu inconfundível traje de marinheiro, e de personagem secundário, logo começou a ganhar histórias próprias, criadas pelos artistas Ted Osborne e Al Taliaferro. Mas a fama de Donald decolaria mesmo a partir de 1942, quando ganhou as primeiras aventuras criadas por Carl Barks, que desenvolveria todo um universo de personagens ao lado do raivoso pato e seus três sobrinhos, chegando a "fundar" uma cidade inteira onde todos viveriam, Patópolis. E Donald ganharia também seu parente mais próximo, o pão-duro e quaquilionário Tio Patinhas, que alçaria fama própria, tão grande quanto a do próprio sobrinho.
                No Brasil, Donald teve a honra de dar início às publicações de quadrinhos da Editora Abril, em 1950, e do seu título, a empresa, fundada por Victor Civita, viraria um império empresarial, publicando revistas de diversos assuntos e tendo sido, até o fim dos anos 1990, a principal editora de quadrinhos do país, ao lado da já então finada Ebal. E o mais impressionante de tudo é que sua revista continua sendo publicada até hoje, 64 anos depois, mostrando um fôlego invejável, e uma prova inequívoca da popularidade do personagem em nosso país, que teve, em sua longa trajetória de publicação pela Abril, uma verdadeira avalanche de aventuras produzidas aqui mesmo, ajudando a aumentar a sua versatilidade.
                Por vezes atrapalhado, teimoso, irritadiço, Donald cativou fãs em todo o mundo onde foi publicado. Não é qualquer personagem que chega aos 80 anos, e como afirma Marcelo Alencar no texto de resumo das aventuras da primeira edição, Donald tem fôlego para durar outras 8 décadas de histórias e aventuras, divertindo e entretendo leitores de todas as idades e nacionalidades. Esta coleção de 4 edições é apenas o início dos planos da Abril para comemorar os 80 anos do Donald: estão previstas edições especiais para os próximos meses, com destaque para a edição "Os 80 Anos do Pato Donald por Seus Principais Artista", com direito a capa dura e artes dos vários desenhistas que ilustraram aventuras de Donald em todos estes 80 anos de histórias.
                Um aniversário que merece certamente ser bem comemorado, e com direito a muitos "quacs". E a Abril começa fazendo bonito com esta coleção temática de 4 edições. Que venham outras, que Donald merece bastante...



BERSERK E YU YU HAKUSHO GANHAM RELANÇAMENTOS



                Apesar do grande número de lançamentos presente nas bancas nacionais, o mercado de mangás em nosso país deu uma pequena esfriada nos últimos tempos. As editoras, antes mais ousadas e agressivas, passaram a adotar mais cautela e moderação em seus lançamentos. Se por um lado isso mostra uma certa falta de confiança e talvez até estagnação do mercado consumidor, por outro lado é benéfico ao evitar um acúmulo exagerado de títulos nas bancas, cujas vendas poderiam ficar pulverizadas demais e ajudar a derrubar as vendas necessárias para manutenção de vários títulos.
                O ponto negativo é que, se por um lado há menos lançamentos, as editoras passaram a apostar com mais força nas republicações de títulos já lançados. Com o formato tankhon já firmado em nosso mercado, as republicações apostam nas vendas no formato original para continuarem cativando o leitor, uma vez que suas publicações originais foram no formato meio-tankohon, adotado no início da publicação dos quadrinhos nipônicos na década passada para torná-los mais acessíveis e populares. E dois novos títulos acabam de ganhar sua segunda chance nas bancas.
                Berserk foi o mais novo relançamento da Panini, cuja primeira edição da nova versão chegou às bancas neste mês de setembro. De autoria de Kentaro Miura, a série está em publicação no Japão há mais de 20 anos, mas o autor, às voltas com as atividades do dia-a-dia, entre seus outros compromissos, vive interrompendo a produção do mangá. A série continua sendo lançada no Brasil pela Panini em sua publicação original, já contando com 74 edições, que correspondem aos 37 volumes originais da série disponíveis até agora na Terra do Sol Nascente. A publicação encontra-se pausada, aguardando o lançamento de novos volumes, e continuará sendo lançada no formato meio-tankohon, permitindo aos leitores que já acompanham a série manterem a padronização de suas coleções. A nova publicação, em formato tankohon, terá distribuição setorizada e periodicidade bimestral, com preço de R$ 16,90, formato 13,7 x 20 cm, com cerca de 240 páginas cada volume, com miolo em papel offset, com direito a capas com acabamento especial, além de uma tradução inteiramente revisada.
                A história mostra a jornada de Gutts, conhecido como o Espadachim Negro, um combatente que usa uma espada imensa para eliminar quem cruza o seu caminho, em sua busca de vingança contra um grupo conhecido como "Mãos Divinas", cujos atos eliminaram a maioria de seus amigos em um grupo mercenário conhecido como Grupo do Falcão, que também foram traídos por aquele que chegou a considerar o seu melhor amigo. Uma tarefa complicada, pois o solitário combatente carrega um estigma marcado em seu corpo que atrai todo tipo de demônio e fera sobrenatural, ávidos para tentarem devorá-lo, os quais ele dilacera sem dó nem piedade com sua espada ou metralha com sua besta encaixada no que restou de seu braço esquerdo. A série é extremamente violenta, e os combates travados por Gutts raramente são suaves. O mangá ganhou uma série de TV e alguns longas para cinema mostrando a primeira fase da série, todos inéditos no Brasil até hoje, e sem perspectiva de serem exibidos ou lançados em vídeo por aqui.
                A outra série que ganha republicação é Yu Yu Hakusho, pela Editora JBC, e cuja nova edição chega este mês às bancas nacionais. A nova edição da obra criada por Yoshihiro Togashi virá nos mesmos moldes aplicados nas republicações de Card Captor Sakura, Love Hina, e Rurouni Kenshin: formato tankohon, tamanho 13,5 x 20,5 cm, com cerca de 200 páginas em papel off-set, pelo preço de R$14,90. Composta de 19 volumes, publicados entre 1990 e 1994 no Japão, e entre 2002 e 2004 no Brasil pela mesma JBC, a série terá periodicidade mensal, com direito a evento de lançamento junto aos fãs no dia 18 de outubro no espaço de eventos da livraria Saraiva Megastore do Shoping Center Norte, em São Paulo, capital. Assim como Berserk na Panini, a republicação de Yu Yu Hakusho também terá uma tradução revisada por parte da JBC.
              Na história, ao salvar um garoto de ser atropelado por um carro, o delinquente e encrenqueiro juvenil Yusuke Urameshi acaba morrendo, mas por seu gesto nobre, ganha a chance de ressuscitar se aprovado em alguns testes pelo Mundo Espiritual. Aos trancos e barrancos, Yusuke ganha sua chance de voltar à vida, mas isso não sai de graça para o rapaz. Ele terá de desempenhar a função de Detetive Espiritual, e cumprir missões do além na defesa da humanidade contra demônios e espíritos malignos. Contando com a ajuda de seu rival de briga de longa data, Kazuma Kuwabara, do demônio redimido Kurama, e de Hiei, outro ser sobrenatural, ele passa a ter de encarar e investigar vários acontecimentos, acompanhado pela gracinha Botan, a Deusa da Morte, na defesa de nosso mundo. As aventuras de Yusuke e seus amigos ganharam versão animada, que foi exibida no Brasil pela finada TV Manchete nos anos 1990. Na década passada a série de TV foi reprisada pelo Cartoon Network e lançada em DVD pela Playarte. O Cartoon ainda exibiu o longa para cinema da série, mas o OVA da série continua inédito até hoje no Brasil.

                Com praticamente uma década desde a conclusão de seu primeiro lançamento no Brasil, Yu Yu Hakusho merece voltar às bancas, dando a chance de novos leitores conferirem a série e comprar as novas edições. Berserk, em que pese ainda não ter sido finalizado até hoje no Japão, por encontrar-se há considerável tempo sendo lançada no nosso país, desde 2005 pela Panini, tem-se agora a oportunidade de novos leitores colecionarem a série, uma vez que já se tornou difícil encontrar as edições iniciais, mesmo em sebos. E fiquemos firmes na expectativa de novos títulos continuarem chegando firme ao mercado nacional, permitindo aos leitores nacionais curtirem boas séries dos quadrinhos nipônicos, tanto pela Panini quanto pela JBC, assim como pelas demais editoras que apostam no segmento, como New Pop e Nova Sampa.