sábado, 12 de julho de 2014

COMANDOS EM AÇÃO GANHAM NOVA SÉRIE PELA IDW



                Uma das séries de quadrinhos e desenhos animados mais famosos dos anos 1980, Comandos em Ação (G.I. Joe, no original) vai ganhar uma nova série de longa duração em setembro, nas mãos da IDW Publishing, atual editora de quadrinhos dos personagens, e promete colocar o famoso grupo militar antiterrorista americano de pernas para o ar. Entre as novidades do novo título está no anúncio de que a nova série terá uma mulher como roteirista, situação praticamente incomum para o título, apesar das várias séries que já teve desde sua primeira publicação, ainda nos anos 1980, pela Marvel Comics. As histórias ficarão a cargo de Karen Travis, que tem no currículo histórias criadas para as séries "Star Wars," "Gears of War", e "Halo". Os desenhos da série ficarão a cargo de Steve Kurth. O título será mensal, com 32 páginas, e preço de US$ 3,99, e a primeira edição da nova série terá 3 opções de capas.
                "Ficção militar é minha praia, e G.I. Joe é um ícone cultural genuíno. Como eu poderia recusar?", declarou Travis, sobre o convite da editora para que assumisse a criação das aventuras do novo título do supergrupo militar antiterrorista americano, que desde a primeira aventura de quadrinhos nos anos 1980, enfrenta as forças maléficas da organização terrorista Cobra. "Há uma grande possibilidade de explorar as histórias, e estou gostando muito disso", completa. A nova série se passará 5 anos após os eventos finais do título anterior, e o primeiro arco de histórias será centrado na "queda" da equipe G.I. Joe. Afinal, para que manter um supertime militar antiterrorista se não há mais ninguém para enfrentar? A organização Cobra, por incrível que pareça, converteu-se numa força internacional mantenedora da paz, e o restante do time G.I. Joe, liderado agora por Scarlett, tem de lidar com a nova situação política, e ela não é nem um pouco agradável, uma vez que se o Cobra aparentemente não é mais uma ameaça, isso não garante que o mundo esteja mais seguro do que antes, muito pelo contrário.
                "Há um forte tema geopolítico e diplomático que permeia a série, mas como acontece com todas as minhas coisas, ele é visto a partir da perspectiva dos indivíduos, e de como o conflito irá afetá-los pessoalmente", diz Traviss. "As maiores batalhas da história da humanidade sempre foram vistas através dos olhos de quem está na linha de frente, e isso é, por definição, uma visão muito focada, e que vai variar de indivíduo para indivíduo." Os demais membros da equipe, como Flint, Mainframe, Roadblock e outros, estão lutando por suas vidas, mas o pior é não saberem mais onde está realmente o inimigo, e a maior ameaça à eles poderá estar em seu próprio lado. E Scarlett, como líder do grupo, vai ter de encarar esta ameaça da melhor forma possível, e de uma maneira que ela não está acostumada a lutar, como nas frentes de combate. E velhos personagens conhecidos estarão em posições diferentes do que todos imaginavam, tornando a compreensão da situação e seu grau de perigo mais complicados de serem determinados.
                Tendo atuado nas forças militares inglesas, Travis tem uma visão mais acurada do ambiente militar. "Karen vive e respira o mundo dos homens e mulheres de uniforme", declara o editor John Barber. "Ela respeita o uniforme e entende a realidade da vida militar", completa. Para Traviss, a sociedade hoje em dia não tem mais a mesma estreita ligação e simpatia com os militares que havia antigamente, quando as crianças adoravam ganhar os seus primeiros brinquedos das figuras de ação dos G.I. Joes. Ela quer dar aos soldados a chance de se manifestarem, pois eles fazem um trabalho excepcionalmente duro, por vezes indesejável, mas necessário, e a sociedade lhes deve muito por isso. E ela espera ajudar a pagar essa dívida para com os soldados escrevendo esta nova série de G.I. Joe.
                Entre os trunfos que pretende colocar na história está o retorno de alguns personagens do universo dos Joes que há muito tempo andavam sumidos, além de introduzir um personagem com uma temática e motivação mais ambígua. Ela afirma que pretende dar um ar mais "cinza" aos personagens, e não rotulá-los simplesmente como "heróis" e "vilões", e tem planos de mostrar como a velha dicotomia Joes/Cobras podem ser trabalhados de uma forma mais funcional e crível, como um drama real. E, do mesmo modo, mostrar como a nova visão sobre a organização Cobra, que agora age em nome da paz, terá uma explicação e motivação lógica e envolvente, fazendo muito sentido. Mas velhos rótulos e preconceitos ainda são difíceis de se livrar, e esse será um desafio, tanto para os leitores, quanto para os personagens.
                No Brasil, a série G.I. Joe fez muito sucesso quando foi exibida na TV Globo nos anos 1980, com o nome "Comandos em Ação", sendo reprisada por vários anos. Nos quadrinhos, entretanto, a série não teve muita sorte. A Editora Globo lançou pouco mais de 10 edições da série ainda nos anos 1980, antes de cancelar a publicação, procedimento que também haviam feito com os quadrinhos de Transformers, sendo que já haviam até planos de publicar a minissérie onde ambos os grupos de personagens se encontravam. Nos anos 1990, a Editora Abril chegou a lançar aventuras mais recentes, mas o título também não durou muito, sendo também cancelado. Tanto a Abril quanto a Globo publicaram histórias da primeira edição, produzida pela Marvel Comics, que descontinuou a série nos Estados Unidos em meados da década de 1990. A série ficou um bom tempo longe dos quadrinhos, até ser retomada, sendo atualmente a IDW a editora com os direitos de produzir novas histórias, tendo até lançado um título continuando a série interrompida pela Marvel. Mas todo o material recente produzido com os personagens continua praticamente inédito no Brasil, para tristeza dos fãs, situação que não parece propensa a mudar no momento.

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