sábado, 26 de julho de 2014

HERMES PRESS LANÇA MINISSÉRIE DO FANTASMA



                Sumido das bancas nacionais há tempos, quando deixou de ter um título regular publicado, o Fantasma tem aparecido apenas esporadicamente no mercado brasileiro de quadrinhos, onde seu último lançamento foi em um belo álbum da editora Kalaco republicando a história do casamento do 21° e atual Fantasma com Diana Palmer. Mas nos Estados Unidos, para alegria dos fãs do personagem, ele tem tido mais sorte, ganhando publicações mais frequentes nos últimos tempos. E agora em setembro, a editora Hermes Press prepara o lançamento de uma minissérie com o herói clássico criado por Lee Falk em 1936.
                THE PHANTOM, título até simplório da publicação, terá 6 edições mensais, com o preço de US$ 3,99. O roteiro é Peter David, que tem passagens pela Marvel Comics em diversos títulos. Os desenhos serão de Sal Velluto, artista já veterano do personagem nas publicações feitas pela editora Egmont. Velluto, aliás, também irá se ocupar das capas da minissérie, que também terão versões variantes a cargo dos artistas Alex Saviuk e Graham Nolan. "Quando pedimos à King Features permissão para trabalharmos em cima da mitologia do Fantasma estávamos claramente querendo expandir o cânon de uma das maiores lendas dos quadrinhos, abraçando o personagem e sua rica história, e construir em cima disso. Queremos criar novas histórias que sejam motivo de orgulho para Lee Falk!", afirmou Daniel Herman, publisher da Hermes Press, sobre a proposta da minissérie, dando a entender que ela é apenas o ponto de partida para novas aventuras do personagem a serem lançadas pela editora.
                Herman disse que a escolha de Peter David para escrever a minissérie era a opção mais óbvia, pois ele é um grande fã do personagem, e conhece muito bem sua mitologia. "David escreve extensivamente para histórias em quadrinhos há mais de 25 anos, bem como para a televisão e cinema. Ele está trabalhando duro para criar um arco de histórias que os fãs não vão querer perder.", completou. "Eu tenho sido um grande fã do Fantasma por anos, e ainda tive a oportunidade de trabalhar com ele na DC Comics há muitos anos. Estou muito feliz que Daniel tenha vindo a mim para conduzir essa série, e estou tendo a oportunidade de produzir uma história que eu tenho literalmente pensado há um par de décadas. Estou muito ansioso para ver a arte do Sal e pôr o título para leitura dos fãs.", afirmou Peter David. De sua parte, o desenhista Sal Velluto afirma que também está trabalhando duro para elaborar a arte para a primeira edição. "Esta será uma história clássica que vai atrair não apenas os fãs, mas também aqueles que ainda poderão apreciar as aventuras do Fantasma", comentou Velluto.
                A trama da minissérie se passará logo nos tempos logo após a Segunda Guerra Mundial, e nosso herói terá pela frente ninguém menos do que a temível Irmandade Singh, descendentes dos mesmos piratas que deram origem ao primeiro Fantasma, mais de 400 anos atrás. Os piratas dos dias atuais tem planos de saquear a Cidade de Ouro, e apenas o lendário Espírito-que-Anda pode impedi-los. Com a ajuda de sua eterna amada Diana, e de uma aliada inesperada, nosso herói irá se interpor no caminho dos Singh, e mostrar porque o Fantasma é o inimigo mortal dos piratas há séculos. É o herói clássico criado por Lee Falk enfrentando os criminosos como somente ele é capaz de fazer. Mas os Singh não temem lendas, e terão de aprender da pior maneira uma verdade que os ancestrais ditados da selva nunca cansam de repetir: "a fúria do Fantasma faz gelar o sangue do tigre..."
                Nos últimos cinco anos, a Hermes Press publicou reimpressões das tiras clássica do herói de Lee Falk, produzidas pela Gold Key, King Fatures, e Charlton Comics, permitindo aos leitores atuais conhecerem as aventuras vividas não apenas pelo atual Fantasma, mas também de seus antecessores. E, com base nestas bem-sucedidas edições, chegou a hora da Hermes Press produzir novas aventuras do personagem."Nós não poderíamos estar mais animados e acho que os fãs também estarão.", concluiu Daniel Herman. Resta agora esperar pelo retorno do Espírito-que-Anda, e que ele seja triunfante. Já para os fãs brasileiros, fica apenas a esperança de que este material possa chegar aqui, mas é difícil, uma vez que muitos dos materiais mais recentes do personagem continuam inéditos no país, e no momento, de novidade, só o anúncio da Mythos Editora de que lançará em breve a minissérie "The Last Phantom" ("O Último Fantasma", em português), produzida pela Dynamite Entertainment há algum tempo atrás, que promove um renascimento do personagem nos dias atuais.

DARK HORSE FINALMENTE LANÇA MINISSÉRIE "GROO VS CONAN"



Agora vai mesmo acontecer de verdade! O embate de guerreiros bárbaros mais esperado por milhares de fãs dos quadrinhos vai finalmente ser lançado. Em uma minissérie de 4 partes, com lançamento previsto agora para as vésperas da edição 2014 da Comic Con San Diego, a Dark Horse Comics enfim realiza o que muitos imaginavam impossível...até agora. Conan, o guerreiro bárbaro da Ciméria, criado por Robert E. Howard, e que ficou famoso por suas aventuras criadas na década de 1970 pela Marvel Comics que o introduziram ao universo dos quadrinhos, chegou a ganhar três filmes, dois deles com Arnold Schwarzenegger dando vida ao guerreiro cimeriano, e o mais recente estrelado por Jason Momoa, e que infelizmente não conseguiu cativar os fãs como se esperava. Guerreiro implacável, Conan conquistou para si um reino, ao tornar-se rei da Aquilônia, e em suas aventuras pelos quadrinhos, encarou inúmeras situações, fazendo aliados, e uma legião de muitos inimigos, quando estes conseguiam escapar vivos de um confronto com o cimério. Chegou a ter até alguns encontros inusitados com alguns outros heróis, como Thor, Wolverine, e até o Capitão América (estes dois últimos em histórias da série “O que aconteceria se...”). Mas quem achou que Conan já enfrentou todo tipo de ameaça em sua longa vida, certamente não imaginava que um dia ele teria o desafio supremo pela frente, alguém que o cimeriano nunca imaginaria enfrentar. Conan estará frente a frente com ninguém menos do que...Groo, o Errante!
O bárbaro descerebrado e completo desastre ambulante criado pela mente de Sergio Aragonés em parceria com Mark Evanier está de volta, e ele pode também enfrentar o maior desafio de sua vida. Mas poderá Groo ser aquele que derrotará Conan? Ou Conan será capaz de vencer o maior desastre humano que já singrou o mundo dos quadrinhos? A resposta começou a ser dada neste mês de julho, quando finalmente chegou às comic shops americanas o primeiro número da minissérie GROO VS CONAN, que terá um total de 4 edições. O roteiro fica por conta, claro, de Mark Evanier, enquanto Sergio Aragonés manda bala nos desenhos, com suas respectivas competências, o que para muitos já significa que Conan está numa bela enrascada, da qual pode muito bem não sair vivo...
Completando o time de produção da minissérie temos o ilustrador Tomas Yeates, e o colorista Tom Luth. O preço de cada edição, de cerca de 32 páginas, é de US$ 3,50. No enredo, o dilema existencial das comunidades que se sentem ameaçadas por Groo, cuja simples presença já é capaz de causar desastres. Cansados de viverem na expectativa de que o próximo ato do bárbaro desmiolado cause sua destruição, a população local resolve contratar um guerreiro para livrá-los do problema. E este guerreiro é justamente Conan.
Prometido há vários anos, o esperado projeto de promover o encontro dos dois personagens demorou a tomar forma. Groo foi criado como uma sátira às aventuras de Conan, que na época desfrutava do mais alto nível de sua popularidade entre os leitores de quadrinhos, pelas excelentes histórias publicadas pela Marvel, que levaram o personagem até às telas do cinema. Em comum, apenas o fato de ambos serem nômades e guerreiros quase imbatíveis. Mas Groo, cujo raciocínio é lento e atrasado em quase todos os aspectos, ganha de longe no quesito destruição, já tendo devastado, direta ou indiretamente, muito mais lugares do que Conan, inclusive nações inteiras, que sucumbiram tragicamente frente à passagem, por vezes até momentânea, da criação da dupla Evanier & Aragonés por suas paragens. Particularidades à parte, este promete ser um tremendo cross-over, pois ninguém sabe o que esperar de ambos os personagens nesta situação ímpar, ainda mais quando a dupla Evanier & Aragonés está no comando da publicação, e quem acompanha regularmente as aventuras de Groo há muito tempo sabe muito bem o que esperar: um roteiro com muitas tiradas inteligentes e cômicas. Mas a presença de Conan é o elemento surpresa nesta aventura, e literalmente tudo pode acontecer!
Para os fãs nacionais de ambos os personagens, há boas chances desta minissérie aportar por aqui, uma vez que a Mythos Editora tem publicado material dos dois personagens, na forma de alguns especiais, e periga da aventura surgir por aqui muito em breve, mas ainda não há nada confirmado oficialmente neste sentido. Enquanto os leitores brasileiros terão de aguardar, os fãs americanos estão enfim terminando de enfrentar uma longa espera para ver o embate do ano dos maiores personagens bárbaros dos quadrinhos. Que Crom esteja a postos com muitas porções de queijo derretido...
Para aqueles que se perguntam como é possível existir um cross-over entre personagens de universos tão diferentes (um é um quadrinho estilizado de humor, enquanto o outro é de uma série mais realista), encontros deste tipo, embora raros, não são exatamente inéditos. Anos atrás, a Marvel e a Archie Comics publicaram um encontro da turma do Archie com ninguém menos do que o Justiceiro, em uma história onde Frank Castle está à caça de um bandido extremamente perigoso que tem aparência adolescente, e que chega à cidade de Archie e seus amigos na tentativa de despistar Castle, que tem planos nada óbvios de encher o meliante de chumbo. Em outro encontro inusitado de personagens, a Marvel publicou uma aventura na linha Star Comics onde Fido, um cãozinho que vivia aventuras com seu dono em uma série infantil, encontrava ninguém menos do que o Homem-Aranha, com direito a uma ponta do impagável J.J. Jameson, com seu tradicional discurso anti-Aranha, ao lado de seu fotógrafo "favorito", Peter Parker. Então, preparem-se para o encontro de Conan com sua contraparte “humorística”, pois os universos irão tremer...
                Prometido para o primeiro semestre de 2012, o lançamento teve de ser adiado por problemas de saúde com Sergio Aragonés, que enfrentou uma crise de dor nas costas e chegou até mesmo a ser hospitalizado, ficando impossibilitado de trabalhar por um longo período. O artista havia conseguido finalizar praticamente as duas primeiras edições, mas incapaz de dar andamento aos desenhos das duas outras edições, a Dark Horse Comics optou por suspender o lançamento da minissérie por tempo indefinido, até que Sergio estivesse pronto novamente para retomar suas atividades. Felizmente, Aragonés se recuperou completamente, e depois de alguns outros percalços, que ajudaram a adiar novamente o lançamento, pouco mais de dois anos após a data de lançamento original, finalmente os fãs dos personagens poderão ver enfim quem irá sair inteiro deste confronto de proporções capazes de abalar toda a realidade.

PANINI LANÇA "MANUAL" COMPLETO DO HOMEM DE FERRO



Os fãs brasileiros da DC Comics que curtiram os lançamentos de livros pela Panini Comics enfocando o universo da trilogia dos filmes do Batman estrelados por Christian Bale, a história do Batmóvel desde sua primeira versão, e os bastidores do filme mais recente do Super-Homem estrelado por Henry Cavill, certamente ficaram rindo à toa em cima de seus colegas fãs da Marvel, uma vez que a editora multinacional italiana até então estava devendo um lançamento à altura destes voltado para o Universo Marvel. Pois a vingança dos marvetes já começou: este mês está sendo lançado o livro PROTOCOLOS HOMEM DE FERRO, uma edição de luxo, com a mesma qualidade gráfica e informativa das edições anteriormente destinadas ao Cavaleiro das Trevas e ao Homem de Aço, marcando o primeiro lançamento da Panini Books destinada ao Universo Marvel dos cinemas.
Publicada originalmente em novembro do ano passado nos Estados Unidos pela Insight Editions, de autoria de Daniel Wallace, com o título "Iron Man Manual", a edição nacional do livro é idêntica à americana. E, para os leitores nacionais mais desconfiados com a qualidade do material, basta lembrar que os livros anteriores que foram lançados pela Panini também foram produzidos pela Insight. Daniel Wallace, por sinal, também foi o autor do excelente livro sobre o novo filme do Super-Homem. São 160 páginas, no formato: 23,5 x 28 cm, com direito a capa dura, com lombada quadrada, e miolo em papel couché, ao preço de R$ 92,00. A arte da capa reproduz o desenho do reator Arc utilizado por Tony Stark em seu corpo no primeiro filme estrelado por Robert Downey Jr., que iniciou de forma bem-sucedida o sonho da Marvel de recriar seu universo de super-heróis nos cinemas. A distribuição é para livrarias e comic shops, e já está disponível em vários sites de livrarias.
Com o "aval" das Indústrias Stark, o livro é uma imensa fonte de dados sobre o Invencível Homem de Ferro, e do homem por trás da armadura do vingador blindado, o gênio empresarial e industrial, Anthony Stark. Se os leitores adoraram o "arquivo" compilado por Bruce Wayne apresentado no livro sobre a trilogia dirigida por Christopher Nolan, este certamente não fica nem um pouco atrás. É hora de mergulhar no incrível mundo tecnológico por onde Tony Stark circula com incrível desenvoltura, e fazer uma atordoante viagem pelo universo do Homem de Ferro. Todas as informações apresentadas no livro são "compiladas" por JARVIS, o leal assistente digital de Tony Stark. É hora de fazer uma análise minuciosa dos arquivos das Indústrias Stark, sua história, áreas de atuação, e conhecer em todos os detalhes a vida de Tony Stark em todos os seus aspectos, seja ele como um playboy multimilionário, um gênio dos negócios, ou um mago da tecnologia, capaz de criar os mais avançados e incríveis dispositivos. O livro inclui ainda uma avaliação psicológica da SHIELD, que revela a verdadeira personalidade de Tony Stark, e, como seria óbvio de supor, informações detalhadas dos trajes e armamentos que tornam o alter ego metálico de Tony tão formidável e impressionante. Além de proporcionar uma imersão definitiva na vida e aventuras do Vingador Dourado, o livro também apresenta relatórios aprofundados dos aliados e inimigos de Stark, além de várias informações confidenciais sobre a Torre Stark, a mansão de Malibu e a oficina onde Tony cria seus projetos. Propondo-se a ser o mais completo guia para o mundo do universo cinematográfico do Homem de Ferro, além de todas as informações já relacionadas, "PROTOCOLOS HOMEM DE FERRO" traz diversos outros materiais de bônus que farão os fãs do personagem delirar, entre eles, dezenas de fac-símiles, como diagramas da primeira armadura e do Reator Arc, entre muitos outros dispositivos criados por Tony Stark; uma pasta contendo o perfil de Stark feito pela SHIELD, com recomendações sobre como lidar com o industrial e sua identidade heróica, bem como fotos, anotações para coletivas de imprensa e páginas de uma entrevista para uma publicação.
Outros materiais interessantes são um cartão especial de acesso do agente Phill Coulson, um ingresso para a feira da Expo Stark, e outros itens sensacionais. Uma obra à altura da trilogia do Homem de Ferro produzida até agora pela Marvel/Paramount, e um item imperdível na coleção dos fãs. O preço, infelizmente, não colabora muito para a popularização deste tipo de obra, que justamente pela qualidade tanto gráfica quanto de informação, não conta com uma edição "popular". O preço da edição nacional, aliás, fica até mais caro do que o da edição original americana, que foi lançada por US$ 50,00, mas atualmente podendo ser encontrada em sites como o Amazon por preços em torno dos US$ 35,00. Logicamente que o fato da edição estar em inglês, e ainda ter o preço do frete, acaba saindo mais caro que o da edição nacional, o que não serve muito de justificativa para a diferença de preço do lançamento da Panini Books. Lamentavelmente, a sistemática de custos no Brasil não ajuda nem um pouco na oferta de produtos, vide os exemplos já vistos no mercado de vídeo nacional, onde edições brasileiras são sempre mais caras do que suas versões estrangeiras, com o agravante de que estas, quase sempre, ainda apresentam qualidade superior à edição tupiniquim, seja na apresentação das embalagens, ou no conteúdo trazido, especialmente na quantidade de extras e/ou booklets de brinde.
Mesmo que o preço não seja acessível para todos, não deixa de ser mais um importante lançamento da Panini, que novamente oferece aos leitores nacionais um material que só recentemente começou a aportar por aqui, tendo sido ignorado por nossas editoras até então, para lamento dos fãs dos quadrinhos e cinema, que não tinha acesso a este tipo de obra além de importar as edições originais. Nesse ponto, pela iniciativa, e pela qualidade ímpar das edições, a Panini está de parabéns, e fica sempre a torcida para que outras obras sejam lançadas no mercado brasileiro.

sábado, 19 de julho de 2014

TÚNEL DO TEMPO - OUTUBRO DE 1996



            Trazendo mais uma antiga matéria publicada em jornal na segunda metade dos anos 1990, esta saiu em outubro de 1996. O assunto era a chegada, finalmente, dos títulos da editora sensação do mercado americano na época, a Image Comics, ao mercado nacional, com títulos lançados pelas editoras Globo e Abril. Fundada por diversos artistas renomados que criaram sua própria editora para terem um controle maior de suas criações e usufruírem dos direitos totais de suas publicações, a nova editora começou causando sensação no mercado americano, abalando o tradicional domínio imposto pela dicotomia DC-Marvel, e assumindo, em pouquíssimo tempo, o posto de 3ª maior editora de quadrinhos dos Estados Unidos. As edições importadas que chegavam ao Brasil via Devir Livraria e/ou outras distribuidoras já tinha aguçado o apetite do leitor nacional, que não via a hora destas séries serem publicadas por aqui. Naquele ano, a espera enfim havia acabado, pelo menos para parte dos títulos. Curtam agora o texto publicado naquele tempo...


A IMAGE COMICS NO BRASIL, AFINAL

Chegam ao Brasil os super-heróis da terceira maior editora dos EUA, e promete abalar o monopólio dos heróis da DC e Marvel

Adriano de Avance Moreno

            Depois de inúmeros percalços e malabarismos contratuais, finalmente os heróis da Image Comics, a terceira maior editora de quadrinhos dos Estados Unidos, chegam às bancas brasileiras. Depois da estréia, em abril passado, do título Spawn, e do lançamento da minissérie The Savage Dragon, em agosto, agora nada menos do que mais 4 títulos chegam ao mercado: Wild C.A.T.S., Gen 13, Cyberforce, e Codinome: Stryke Force, totalizando 6 títulos.
            E isso é só o começo: assim como nos EUA os personagens da Image abalaram as fundações da Marvel e da DC, tradicionais líderes de mercado, conquistando inúmeros leitores e consolidando-se como a terceira maior editora do país, o fenômeno promete se repetir no Brasil, onde os leitores há muito tem de se contentar, em maior parte, com os heróis das mesmas editoras, Marvel e DC, publicadas pela Abril. E o impacto da novidade é tremendo, tanto que a disputa não vai se dar apenas neste nível, mas também no mercado de quadrinhos brasileiro, já que serão duas editoras nacionais a disputarem o mercado: Abril Jovem, e Globo.
            A Abril Jovem saiu na frente, lançando a revista Spawn no mês de abril. E em agosto, lançou a minissérie The Savage Dragon, em 4 partes, quinzenal; em seguida, virá a série regular do personagem. E agora é a vez da Globo mostrar as suas armas. E, para não deixar dúvidas, está lançando nada menos do que 4 títulos de uma só vez. E isso é somente o início.
            Já não é a primeira vez que Abril e Globo publicam personagens de uma mesma editora. Isso ocorreu no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980, com os heróis da Marvel Comics. Só que, como os heróis da editora interagiam constantemente uns com os outros, esta divisão prejudicava muito algumas publicações, já que algumas histórias pertenciam a uma editora e não poderiam ser utilizados pela outra, comprometendo a viabilidade da publicação. Agora, ambas voltam a lançar heróis de uma mesma editora, mas no caso dos personagens da Image, esse problema não deverá ocorrer. Apesar de pertencerem a uma mesma editora, os personagens têm universos separados. A única exceção são os títulos criados por um mesmo autor, como é o caso de Cyberforce e Codinome: Stryke Force, ambos da autoria de Marc Silvestri, e onde um dos personagens participa de ambos os grupos. Fora estes casos, não deverá haver encontros entre os heróis, a não ser em edições especiais. Estes encontros, contudo, são bem raros. E quem ganha é o leitor, pois não terá histórias truncadas, e com a disputa entre as editoras, um maior volume de publicações deve vir a ser lançado.

O QUE É A IMAGE COMICS?

            O furacão do mercado editorial de quadrinhos conhecido como Image Comics teve início em 1992, quando alguns dos maiores nomes do mercado americano de quadrinhos deixaram as editoras em que trabalhavam e fundaram a sua própria, a Image Comics. E estes nomes eram nada menos do que Jim Lee, Todd McFarlane, Marc Silvestri, Rob Liefeld, Erik Larsen, e Jim Valentino, entre outros, todos com alta reputação e currículos na área.
            O principal motivo de fundarem a Image foi o de ter liberdade total para conduzirem seus projetos, o que era impossível na DC ou na Marvel. E mais, poderem criar seus próprios personagens e ter controle total de seus direitos autorais.
            Com um time deste quilate, logo de início a Image arrebatou os fãs dos quadinhos, lançando títulos com qualidade gráfica e visual de altíssimo nível, embora os roteiros não fossem muito bons de início. Mas, com o correr dos números lançados, os textos melhoraram bastante. Cada artista também diversificou sua linha de criação, criando um estúdio próprio para sua linha de personagens, como é o caso da Top Cow, estúdio de Marc Silvestri, que cuida exclusivamente de seus títulos, Cyberforce, Stryke Force, e Ripclaw, entre outros personagens. Já o de Rob Liefeld cuida dos títulos Brigade, Bloodstrike, Team Youngblood, e todos os demais títulos criados pelo artista.
            Hoje, estes próprios artistas dividem seu tempo entre os quadrinhos e a direção da Image Comics. O trabalho é tanto que eles já não desenham o tempo todo. Foram contratados roteiristas e desenhistas para dar continuidade aos títulos em publicação, mas cada autor continua tendo o controle sobre seus personagens.
            Tanto sucesso já gerou até uma cisão no grupo: Marc Silvestri resolveu deixar a editora para desenvolver completamente seus personagens e títulos por si só. Em entrevista recente, Silvestri declarou que seu estúdio, o Top Cow, já está bem consolidado para ser uma editora independente. Os demais sócios, McFarlane, Lee, & cia., encaram com naturalidade a decisão de Silvestri, dizendo que na Image todos têm liberdade para ir aonde quiserem. E, ao mesmo tempo, desejam sorte ao parceiro em sua nova empreitada e projetos.
            Fora esse abalo, a Image continua forte como sempre, e tem planos de melhorar ainda mais. Marvel e DC que se cuidem!

OS HERÓIS QUE JÁ CHEGARAM

SPAWN

            Criado por Todd McFarlane, este é o personagem de maior sucesso e popularidade da Image, e um dos mais populares dos Estados Unidos atualmente. Spawn é, na verdade, Al Simmons, um agente secreto do governo americano que, durante uma missão, é assassinado. Como estava metido em muita sujeira, acabou indo para o inferno. Mas lá, Simmons acabou fazendo um pacto com o demônio para que pudesse voltar à Terra e ficar com sua esposa. Como pactos com o diabo sempre não têm garantias, Simmons voltou à vida, mas anos depois de sua morte, e para piorar, em um corpo totalmente deformado, dotado de poderes demoníacos.
            Agora, Simmons é uma alma angustiada que perambula por aí, procurando redenção para seus crimes em vida, sem saber o que fazer de sua nova existência, e sem saber quais poderes possui direito. Não poderiam faltar os vilões, e o primeiro deles foi o Violador, um demônio enviado pelo próprio Diabo para infernizar com a vida de Simmons. Até o momento, a edição brasileira do personagem está superando as expectativas de vendas. E o sucesso do personagem é tanto que já teve até um encontro com o Batman, que deve ser lançado por aqui em 1997.
Título: Spawn
Editora: Abril Jovem
Formato: Americano, 36 páginas, publicação mensal
Preço: R$ 3,10

Criação de Todd McFarlane, Spawn é o título de maior sucesso da Image.


THE SAVAGE DRAGON

            Este é, até o momento, o mais misterioso personagem da Image. Sua vida começou quando foi encotnrado com amnésia em um lugar devastado em Chicago. Cheio de músculos, de coloração verde, e dotado de uma barbatana na cabeça, ele logo recebeu o nome de Dragon, enquanto não se recorda de quem é realmente. Após presenciar alguns crimes brutais, Dragon resolveu entrar para a polícia de Chicago, que agora tem um policial duro na queda, sempre pronto para encarar situações que uma pessoa comum não poderia dar conta. Os criminosos que se cuidem! The Savage Dragon é criação de Erik Larsen.
Título: The Savage Dragon
Editora: Abril Jovem
Formato: Minissérie quinzenal em 4 partes, formato americano, 36 páginas. Deve ser substituída pela nova publicação mensal do personagem, no mesmo formato.
Preço: R$ 3,50

Dragon é o policial mais barra-pesada da polícia de Chicago.


CYBERFORCE

            Na onda dos heróis mutantes, a Image não poderia ficar de fora, então lançaram a Cyberforce, um time de heróis mutantes lutando em um mundo que os teme e odeia, e principalmente, quer destruí-los. A diferença em relação aos X-Men da Marvel é que estes mutantes tiveram seus poderes ampliados ciberneticamente. A organização responsável por isto, a Cyberdata, fazia isso com mutantes, e também fazia lavagem cerebral neles, para obedecerem totalmente a seus desígnios. Mas um grupo conseguiu se rebelar contra seus senhores, e agora eles prometem acabar com as atividades criminosas da corporação, além de defenderem sua recém-conquistada liberdade. Cyberforce é criação de Marc Silvestri. Integrantes da equipe: Impacto, Major Stryker, Termal, Ripclaw, Velocidade, e Cyblade.
Título: Cyberforce
Editora: Globo
Formato: Americano, 36 páginas, publicação mensal.
Preço: R$ 3,00

Cyber Force: mutantes com aperfeiçoamentos cibernéticos.


CODINOME: STRYKE FORCE

            Mais um título mutante, também de autoria de Marc Silvestri, que por coincidência se consagrou na Marvel desenhando os títulos X-Men e Wolverine. A Stryke Force é um grupo de mutantes mercenários que alugam seus serviços para quem puder pagar mais. De cara, já na primeira edição, o "patrão" não é ninguém menos do que o presidente dos EUA. O título tem uma ligação íntima com a série Cyberforce, pois o Major Stryker, em suas horas "de folga", é membro da Stryke Force. Os integrantes do grupo são: Major Stryker, Tormenta, Navalha, Bigorna, e Flecha Sanguinária.
Título: Codinome: Stryke Force
Editora: Globo
Formato: Americano, 36 páginas, publicação mensal.
Preço: R$ 3,00

Codinome: Strike Force é um grupo de mutantes mercenários que trabalha para quem puder pagar mais.


GEN 13

            Mais uma equipe de mutantes, desta vez de autoria de Jim Lee, que também desenhou os X-Men na Marvel. No seu lançamento em 1994, estes heróis foram a sensação do ano, com histórias combinando ação, drama, e muito humor. Tudo começa quando um grupo de jovens  adolescentes é reunido por pessoas interessadas em despertar neles poderes em potencial, para explorá-los das mais diversas maneiras. Devido à ingestão de drogas, os jovens acabam manifestando vários poderes, e eles resolvem acabar com os planos escusos deste pessoal que os reuniu. Agora, eles precisam retomar suas vidas, e aprender a usar e conviver com seus novos poderes. O ponto central da série é o modo de vida dos adolescentes, e seus problemas de adaptarem-se a seus poderes recém-adquiridos, sem falar nos vilões que acabam aparecendo. Para os que gostam de garotas bem desenhadas, a arte é de Scott Lodbell, e são espetaculares.
Título: Gen 13
Editora: Globo
Formato: Americano, 36 páginas, publicação mensal.
Preço: R$ 3,00

Gen13: a equipe de super-heróis adolescentes mais quente dos últimos tempos chega pela Editora Globo.


WILD C.A.T.S.

            Este time é a criação máxima de Jim Lee na Image. O grupo Wild C.A.T.S. é formado por diversos heróis que se uniram na missão de derrotar os malévolos alienígenas conhecidos como Demonitas, que são uma ameaça não apenas para a Terra, mas para a galáxia. Além dos alienígenas, há também vários inimigos em potencial para o grupo. O sucesso do time é tamanho que já ganhou até uma série de desenho animado. Os integrantes do grupo são: Lorde Emp, Marreta, Warblade, Devota, Lacuna, Bandoleiro, Espartano, e Vodu. Como não poderia deixar de ser, a ação e as aventuras do grupo são em ritmo alucinante.
Título: Wild C.A.T.S.
Editora: Globo
Formato: Americano, 36 páginas, publicação mensal.
Preço: R$ 3,00

Wild C.A.T.S.: grupo de heróis na luta contra os criminosos e conquistadores alienígenas.



ATUALIZANDO: Repetindo o mantra ocorrido com a versão nacional da revista Wizard, que em seu lançamento feito pela Editora Globo, na mesma época em que a empresa lançava, de uma só vez, 4 títulos da Image no mercado, tentando arrebatar uma fatia maior do mercado nacional de quadrinhos, liderada com folgas pela Abril, os títulos lançados pela Globo acabaram cancelados juntamente com a Wizard, e pelo mesmo motivo: vendas que, apesar de boas, não cobriam os custos operacionais da editora, segundo Leandro Luigi Del Manto, editor da Globo na época. Os títulos lançados pela Abril, Spawn durou 150 edições na Abril, ganhando pouco tempo depois mais 28 números lançados pela Pixel Media, totalizando 178 números de 1996 até 2008, quando então sumiu de vez das bancas nacionais; e Savage Dragon, depois de sua minissérie de estréia de 4 números, arredou o pé depois de 16 edições regulares, ganhando depois apenas umas poucas edições esporádicas e cross-overs. A Abril lançou algumas edições dos títulos cancelados da Globo tempos depois, mas que também não duraram muito tempo. Houve uma ou outra edição lançada por editoras como a Pandora, com material da Image, e nada mais. Atualmente, nenhum material da editora está sendo publicado no Brasil.
            Nos Estados Unidos, a Image passou por muitas mudanças desde seu início arrasador, com a saída de artistas e sócios, como Jim Lee, que vendeu seu estúdio, o Wildstorm, para a DC Comics, levando junto seus personagens. Das séries lançadas em sua fundação e primeiros tempos, a Image tem apenas Spawn e Savage Dragon, que continuam firmes, nunca tendo sido interrompidas até hoje, possuindo atualmente uma relação de títulos completamente diferente do que ofereciam há 20 anos atrás.
 

 

sábado, 12 de julho de 2014

REMAKE DE SAILOR MOON ESTRÉIA NO JAPÃO



Conhecida pela sua diversidade e quantidade de produções feitas anualmente, a indústria de animação japonesa já foi a mais efervescente e criativa do gênero em todo o mundo, conquistando todo o planeta com suas séries, muitas das quais viraram verdadeira mania e febre mundiais, sendo lembradas até hoje por verdadeiras legiões de fãs por todo o planeta. Nos últimos tempos, contudo, a criatividade dos estúdios tem deixado um pouco a desejar, reflexo direto de sua indústria de quadrinhos, os famosos mangás, que nos últimos anos tem experimentado uma certa crise de criatividade, com o surgimento de muitas séries adolescentes que abusando do "fanservice" - leia-se aproveitar-se de um leve erotismo das protagonistas femininas para "apimentar" os roteiros, objetivando atrair mais audiência; e do "moe", termo que pode ser utilizado para demonstrar paixão por personagens femininas fofinhas e agradáveis. Tanto em um caso como no outro, os roteiros ficam deixados em nível secundário, diminuindo drasticamente a qualidade da história em favorecimento do visual da série. E menos qualidade das histórias costuma levar a uma diminuição nos níveis de audiência, que começam a afetar as produções em exibição nas emissoras.
Assim, não é surpresa que algumas produtoras tenham buscado em séries clássicas a inspiração, ou criação, de novas aventuras de personagens cujas séries já se encerraram há um bom tempo, com o objetivo de resgatar os índices de audiência de tempos mais distantes perdidos. E quem mais tem feito uso de personagens antigos é a Toei Animation, o maior estúdio de animação do Japão, que nos últimos tempos lançou uma nova série de TV dos Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya Omega), e acaba de lançar um novo longa-metragem feito em computação gráfica com os personagens; além de ter lançado um novo longa de Dragon Ball Z nos cinemas (A Batalha dos Deuses). E agora, acaba de estrear na Terra do Sol Nascente, a nova série animada de Sailor Moon, a graciosa guerreira lunar com traje de marinheiro, que fez a festa da garotada nos anos 1990 no mundo inteiro, Brasil inclusive. Sailor Moon e suas companheiras guerreiras, Sailor Mercury, Sailor Mars, Sailor Jupiter, e Sailor Venus, estão de volta, para felicidade geral dos fãs.
PRETTY GUARDIAN SAILOR MOON CRYSTAL é o nome da nova série, que não é uma continuação da série original, mas na verdade um remake. O principal diferencial em relação à série animada dos anos 1990 é a fidelidade, prometendo seguir fielmente o mangá original criado por Naoko Takeuchi na primeira metade dos anos 1990, e que recentemente foi lançado finalmente no Brasil, após longa espera por parte dos fãs, estando na 4ª edição de um total de 12 volumes encadernados, e que vem fazendo muito sucesso nas vendas no mercado nacional, mostrando a força das guerreiras lunares quase 20 anos depois da série em anime ter estreado na TV Manchete, em maio de 1996.
A produção original, também de autoria da Toei Animation, estreou em março de 1992, poucas semanas após o mangá ter estreado na revista Nakayoshi, da Editora Kodansha. Como a produção do mangá era mais lenta que a exibição da série de TV, a animação sofreu várias mudanças, ganhando personagens que não existem nos quadrinhos, e muitas histórias inéditas, para "esticar" as aventuras. Além de possuir um traço ligeiramente diferente, outro ponto diferente para o mangá foi a abordagem da série: optou-se por um clima mais descontraído, leve, e por sinal, cômico, em diversos momentos. Mesmo com todas estas mudanças, o anime fez um imenso sucesso, chegando à marca de 200 episódios, divididos em 5 fases, além de um especial de vídeo, e alguns longa-metragens para cinema. Quando estreou no Brasil, mais uma mudança: todos os personagens ganharam nomes "ocidentais", numa estratégia utilizada pela Toei para facilitar a veiculação da série. A produção foi encerrada em 1997, tendo feito sucesso por onde foi exibida.
O sucesso de Sailor Moon não parou com o fim do mangá ou do anime: em 2002, comemorando os 10 anos da série original, as guerreiras ganharam uma produção em live-action, com cerca de 50 episódios e alguns especiais, tendo feito relativo sucesso no Japão. Com o retorno dos Cavaleiros do Zodíaco, que ganharam novas produções animadas nos anos seguintes, começou a se cogitar uma nova produção de Sailor Moon, mas o processo demorou para engrenar devido aos desentendimentos corridos entre a autora Naoko Takeuchi com a Toei e a Kodansha, que só recentemente foram solucionados, podendo-se então retomar os planos. A idéia era aproveitar o aniversário dos 20 anos da série original para o relançamento, mas demorou um pouco mais do que se imaginava. Finalmente, no ano passado, saíram as primeiras informações oficiais garantindo que em 2014 sairia uma nova animação. Os fãs comemoraram a notícia da produção de uma nova animação, depois de tanto tempo. Ficava agora a dúvida de como seria essa nova série das guerreiras lunares.
A princípio, imaginou-se por uma continuação da série original, mostrando novas aventuras de Sailor Moon e suas companheiras. Mas logo confirmou-se que a nova animação começaria do zero, e seria uma adaptação mais fiel ao mangá. As poucas imagens, e depois, amostras de vídeo, foram deixando fãs pelo mundo todo ansiosos. As primeiras imagens do character design mostravam que o traço do novo anime seria mesmo bem próximo do mangá. Ficava a dúvida com relação à história, e ao clima do enredo, para não mencionar a personalidade das heroínas.
Usagi Tsukino é uma jovem de 14 anos, meio preguiçosa nos estudos, chorona e medrosa, que ao cruzar com uma gata chamada Lua, acaba intimada por ela a se tornar uma guerreira para defender a cidade, que está sendo alvo de ataques promovidos por seres malignos que tencionam encontrar o misterioso Cristal de Prata, com o qual pretendem dominar o mundo. Ela teria também a missão de encontrar a Princesa da Lua, e defendê-la com a ajuda de outras guerreiras. Meio sem saber o que pensar, ela já acaba se transformando em Sailor Moon com o broche mágico que ganha de Lua, e antes mesmo que possa respirar direito, já tem que salvar sua melhor amiga de ser atacada por um dos tais monstros. Meio no tranco, a nova heroína vence sua primeira luta, com uma ajuda momentânea do misterioso Tuxedo Kamen, que também está à procura do misterioso Cristal de Prata. O nome "Crystal" no remake já é uma referência à busca pela jóia, que será o foco central da aventura.
Fazendo um bom uso das tecnologias atuais de animação, e mantendo impressionante fidelidade aos quadrinhos, a estréia no último dia 05 de julho na TV nipônica conquistou os antigos fãs e tem tudo para fazer uma nova legião de seguidores, ainda que muitos torçam o nariz para o visual excessivamente esbelto das heroínas, ou não curtam a história original da série, preferindo a adaptação original de 20 anos atrás. O uso de CG na animação nova foi razoável, mas ainda pode ser melhor trabalhado. O primeiro episódio mostra por enquanto pouca diferença em relação à sua versão animada original dos anos 1990, mas já dá para perceber um clima mais sério e possivelmente sombrio para as próximas aventuras. É preciso lembrar que os quadrinhos originais possuem uma carga dramática muito maior do que a vista no anime original, que embora tenha mantido a essência da história, ficou muito leve e talvez até infantil demais, características que prometeram riscar do mapa neste remake, algo a ser conferido nos próximos episódios, quando as heroínas enfrentarem pra valer os inimigos que terão pela frente. Por enquanto estão garantidos 26 episódios, cuja exibição será bissemanal, com 1 episódio novo a cada duas semanas, ao invés da tradicional exibição semanal, como costuma acontecer com as demais séries de TV. Não foi informado se todo o mangá será adaptado, ou se apenas a primeira fase será mostrada. Há uma especulação de que o equivalente à antiga fase "R", a segunda da série original, também esteja inclusa neste remake a princípio. Mas por enquanto não há informação oficial neste sentido. Se Sailor Moon Crystal fizer o sucesso que se espera, muito provavelmente as demais aventuras do mangá também ganharão sua chance no remake. Resta esperar para ver o que eles farão.
A nova série já começou a render frutos: a Viz Media, uma das mais importantes distribuidoras e licenciadoras de anime dos Estados Unidos, já anunciou a compra da nova série, que será lançada no mercado de vídeo americano no momento oportuno, e ao mesmo tempo, também anunciou o relançamento em vídeo de toda a série original, na íntegra, sem os cortes e censuras das versões lançadas anteriormente, e tudo com uma nova dublagem, e com versões tanto em DVD quanto em blu-ray, e com vários extras sendo planejados, para nenhum fã botar defeito.
Nos anos 1990, a série original demorou 4 anos para aportar aqui, e ainda graças ao sucesso de Cavaleiros do Zodíaco, que promoveu um verdadeiro "boom" de animações japonesas na TV brasileira. A série ainda ganhou alguns volumes em VHS e em DVD, mas nunca teve um lançamento completo em vídeo por aqui. A TV Manchete exibiu a primeira fase, mas como entrou novamente em crise financeira, foi preciso esperar o Cartoon Network trazer as fases restantes para se poder assistir o restante da série, que teve uma dublagem totalmente diferente no canal pago em relação à exibição da Manchete. Desta vez, não há nenhuma previsão da nova série estrear em nossas TVs, que ultimamente andam torcendo o nariz para quase qualquer animação, tendo varrido de suas grades a maior parte de sua programação infanto-juvenil. E os canais por assinatura, que tantos animes já trouxeram na década passada, parecem ter criado verdadeira aversão às produções nipônicas nos últimos tempos, a ponto de ignorá-las solenemente. A compensação, porém, vem do serviço de streaming Crunchyroll (www.crunchryoll.com/pt), que já está disponibilizando a série para nosso país na internet, com opção de legendas em português. Do mesmo modo, o site Niconico (www.nicovideo.jp), do Japão, também oferece a opção de exibição em streaming com legendas em mais de 10 idiomas, o nosso incluso. Como a grande maioria dos fãs de animes hoje preferem assisti-los no computador, seja nestes sites de streaming, seja através dos arquivos de fansubbers, pode-se afirmar que as opções do Crunchryoll e Niconico devem satisfazer amplamente tanto os antigos fãs de Sailor Moon quanto os mais novos. No caso do site Niconico, já haviam sido contabilizados mais de um milhão de acessos ao primeiro episódio da nova série, em menos de 4 dias após a estréia, com acessos do mundo inteiro. Um número nada desprezível, e que mostra a força que Sailor Moon ainda possui.
Sucesso mundial, Sailor Moon foi uma série que infelizmente foi mal aproveitada no Brasil no que tange à exibição na TV da maior parte de sua duração, tendo uma divulgação decente apenas quando de sua exibição pela finada Manchete. E com lançamentos capengas no mercado de vídeo, que nunca emplacaram, os fãs ficam a ver navios na esperança de que um dia a série tenha um tratamento decente e um lançamento à sua altura no mercado nacional, como já ocorre em outros países. Ser fã de certas séries no Brasil é complicado, infelizmente. E o futuro, infelizmente, não parece muito animador...

COMANDOS EM AÇÃO GANHAM NOVA SÉRIE PELA IDW



                Uma das séries de quadrinhos e desenhos animados mais famosos dos anos 1980, Comandos em Ação (G.I. Joe, no original) vai ganhar uma nova série de longa duração em setembro, nas mãos da IDW Publishing, atual editora de quadrinhos dos personagens, e promete colocar o famoso grupo militar antiterrorista americano de pernas para o ar. Entre as novidades do novo título está no anúncio de que a nova série terá uma mulher como roteirista, situação praticamente incomum para o título, apesar das várias séries que já teve desde sua primeira publicação, ainda nos anos 1980, pela Marvel Comics. As histórias ficarão a cargo de Karen Travis, que tem no currículo histórias criadas para as séries "Star Wars," "Gears of War", e "Halo". Os desenhos da série ficarão a cargo de Steve Kurth. O título será mensal, com 32 páginas, e preço de US$ 3,99, e a primeira edição da nova série terá 3 opções de capas.
                "Ficção militar é minha praia, e G.I. Joe é um ícone cultural genuíno. Como eu poderia recusar?", declarou Travis, sobre o convite da editora para que assumisse a criação das aventuras do novo título do supergrupo militar antiterrorista americano, que desde a primeira aventura de quadrinhos nos anos 1980, enfrenta as forças maléficas da organização terrorista Cobra. "Há uma grande possibilidade de explorar as histórias, e estou gostando muito disso", completa. A nova série se passará 5 anos após os eventos finais do título anterior, e o primeiro arco de histórias será centrado na "queda" da equipe G.I. Joe. Afinal, para que manter um supertime militar antiterrorista se não há mais ninguém para enfrentar? A organização Cobra, por incrível que pareça, converteu-se numa força internacional mantenedora da paz, e o restante do time G.I. Joe, liderado agora por Scarlett, tem de lidar com a nova situação política, e ela não é nem um pouco agradável, uma vez que se o Cobra aparentemente não é mais uma ameaça, isso não garante que o mundo esteja mais seguro do que antes, muito pelo contrário.
                "Há um forte tema geopolítico e diplomático que permeia a série, mas como acontece com todas as minhas coisas, ele é visto a partir da perspectiva dos indivíduos, e de como o conflito irá afetá-los pessoalmente", diz Traviss. "As maiores batalhas da história da humanidade sempre foram vistas através dos olhos de quem está na linha de frente, e isso é, por definição, uma visão muito focada, e que vai variar de indivíduo para indivíduo." Os demais membros da equipe, como Flint, Mainframe, Roadblock e outros, estão lutando por suas vidas, mas o pior é não saberem mais onde está realmente o inimigo, e a maior ameaça à eles poderá estar em seu próprio lado. E Scarlett, como líder do grupo, vai ter de encarar esta ameaça da melhor forma possível, e de uma maneira que ela não está acostumada a lutar, como nas frentes de combate. E velhos personagens conhecidos estarão em posições diferentes do que todos imaginavam, tornando a compreensão da situação e seu grau de perigo mais complicados de serem determinados.
                Tendo atuado nas forças militares inglesas, Travis tem uma visão mais acurada do ambiente militar. "Karen vive e respira o mundo dos homens e mulheres de uniforme", declara o editor John Barber. "Ela respeita o uniforme e entende a realidade da vida militar", completa. Para Traviss, a sociedade hoje em dia não tem mais a mesma estreita ligação e simpatia com os militares que havia antigamente, quando as crianças adoravam ganhar os seus primeiros brinquedos das figuras de ação dos G.I. Joes. Ela quer dar aos soldados a chance de se manifestarem, pois eles fazem um trabalho excepcionalmente duro, por vezes indesejável, mas necessário, e a sociedade lhes deve muito por isso. E ela espera ajudar a pagar essa dívida para com os soldados escrevendo esta nova série de G.I. Joe.
                Entre os trunfos que pretende colocar na história está o retorno de alguns personagens do universo dos Joes que há muito tempo andavam sumidos, além de introduzir um personagem com uma temática e motivação mais ambígua. Ela afirma que pretende dar um ar mais "cinza" aos personagens, e não rotulá-los simplesmente como "heróis" e "vilões", e tem planos de mostrar como a velha dicotomia Joes/Cobras podem ser trabalhados de uma forma mais funcional e crível, como um drama real. E, do mesmo modo, mostrar como a nova visão sobre a organização Cobra, que agora age em nome da paz, terá uma explicação e motivação lógica e envolvente, fazendo muito sentido. Mas velhos rótulos e preconceitos ainda são difíceis de se livrar, e esse será um desafio, tanto para os leitores, quanto para os personagens.
                No Brasil, a série G.I. Joe fez muito sucesso quando foi exibida na TV Globo nos anos 1980, com o nome "Comandos em Ação", sendo reprisada por vários anos. Nos quadrinhos, entretanto, a série não teve muita sorte. A Editora Globo lançou pouco mais de 10 edições da série ainda nos anos 1980, antes de cancelar a publicação, procedimento que também haviam feito com os quadrinhos de Transformers, sendo que já haviam até planos de publicar a minissérie onde ambos os grupos de personagens se encontravam. Nos anos 1990, a Editora Abril chegou a lançar aventuras mais recentes, mas o título também não durou muito, sendo também cancelado. Tanto a Abril quanto a Globo publicaram histórias da primeira edição, produzida pela Marvel Comics, que descontinuou a série nos Estados Unidos em meados da década de 1990. A série ficou um bom tempo longe dos quadrinhos, até ser retomada, sendo atualmente a IDW a editora com os direitos de produzir novas histórias, tendo até lançado um título continuando a série interrompida pela Marvel. Mas todo o material recente produzido com os personagens continua praticamente inédito no Brasil, para tristeza dos fãs, situação que não parece propensa a mudar no momento.

TIRAS DE JORNAL DA MULHER-MARAVILHA GANHAM COLETÂNEA



                Um dos personagens da trindade clássica da DC Comics, a Mulher-Maravilha, vai ganhar em agosto uma reedição de suas aventuras publicadas em tiras de jornal. A empreitada é uma parceria entre a DC Comics, proprietária da personagem, e a IDW Publishing.
            WONDER WOMAN - THE COMPLETE NEWSPAPER STRIP 1943-1944, terá 196 páginas, no formato 28 cm x 21,60 cm, com capa dura, ao preço de US$ 49,99, e faz parte da coleção "Library of American Comics", com reimpressões de materiais clássicos dos quadrinhos, sendo que a IDW lançou até o presente momento 4 volumes com personagens da DC, resgatando as tiras de jornal estreladas pelo Super-Homem (dois deles com aventuras publicadas nas tiras de 1959 a 1963, na Era de Prata; e um volume compilando as tiras dominicais lançadas entre 1943 e 1946), e Batman (1 volume com tiras dominicais de 1966 a 1967). A arte da capa é de Pete Poplaski, e traz junto à heroína e seu amor e parceiro de aventuras Steve Trevor os rostos da dupla criativa responsável pelas histórias.
                Ao contrário do Homem de Aço, que teve um grande número de tiras publicadas ao longo das décadas, a Mulher-Maravilha teve uma vida curta nas tiras de jornais, de modo que este volume que está sendo lançado traz praticamente todas elas, que foram publicadas entre 1° de maio de 1943 a 1° de dezembro de 1944. Os roteiros são de William Moulton Marston, criador da super-heroína; com arte de Harry G. Peters. A personagem havia estreado na edição N° 8 de All-Star Comics, lançada em dezembro de 1941, e foi a primeira super-heroína da então editora National Comics, atual DC, que já tinha lançado com sucesso vários outros super-heróis, entre eles o Super-Homem, Batman, Lanterna Verde, entre outros. A produção foi levada a cabo, na época, pela King Features Syndicate, e contar com os mesmos artistas que cuidavam das aventuras da Princesa Amazona nas revistas de linha da National garantia a fidelidade das aventuras lançadas nas tiras.
                Contratado pela editora no início da década de 1940, William Marston queria criar um novo herói que não vencesse pela violência, mas pelo amor, e que espalhasse o ideal da paz. Por sugestão de sua esposa, o novo herói virou heroína, e assim surgiu a Mulher-Maravilha. Oriunda da Ilha Paraíso, onde as mulheres Amazonas imortais governam sem a presença de homens, que são proibidos na ilha, Diana é a filha da Rainha Hypólita, e vê sua vida mudar com a chegada de Steve Trevor, um piloto americano que, ferido em combate, acaba caindo na ilha, situada em algum ponto desconhecido no Oceano Atlântico próximo ao Caribe. Incumbida de levar Trevor de volta ao continente, Diana também recebe a missão de tornar-se uma embaixadora da paz e fraternidade para tentar ajudar a acabar com o conflito que eclodia no mundo, a Segunda Guerra Mundial, e para isso, adota a identidade de Mulher-Maravilha, e também adota uma identidade secreta, Diana Prince, estando sempre pronta para enfrentar o perigo onde quer que ela esteja.
                Nos anos 1970, a personagem ganhou um seriado de TV estrelado por Lynda Carter, cuja primeira temporada reproduziu com boa fidelidade o ambiente de aventuras dos primeiros anos de existência da personagem, na época da Segunda Guerra, enfrentando principalmente as forças nazistas ao lado de Steve Trevor. As temporadas seguintes trouxeram a heroína para o presente dos dias da época, vivendo agora aventuras ao lado do filho de Steve Trevor. Desde sua criação, a personagem já passou por várias reformulações e visuais nos quadrinhos, tornando-se ao lado do Batman e do Super-Homem, a trindade principal de personagens do Universo DC.
                O lançamento da edição da IDW é muito oportuna não apenas para os fãs da personagem, mas para os fãs de quadrinhos em geral, pois resgata um material da Era de Ouro que desde sua publicação original, em 1943 e 1944, nunca foi republicado, ao contrário do que aconteceu com as tiras de Batman e Super-Homem, que tiveram relançamentos de tempos em tempos. As tiras recontam a origem da Princesa Amazona, seu encontro com Steve Trevor, e sua ida para os Estados Unidos e se tornando uma heroína patriótica no combate ao crime e à ameaça nazista, ao mesmo tempo em que inicia um romance com Steve Trevor. Uma pena que, por enquanto, nenhuma editora brasileira mostre interesse em lançar este material clássico, mas com alguns lançamentos do gênero de outros personagens que saem ocasionalmente por aqui, quem sabe ainda haja chances?

sábado, 5 de julho de 2014

TÚNEL DO TEMPO - AGOSTO DE 1996 - II



            Na última sessão "Túnel do Tempo", trouxe a matéria que escrevi em agosto de 1996 enfocando o fenômeno das revistas informativas no Brasil que teve início em dezembro de 1994 com o lançamento da revista HERÓI, cujo sucesso motivou o lançamento de inúmeras outras publicações, para alegria dos fãs de quadrinhos, animes, desenhos animados, seriados, filmes, etc. Mesmo assim, o público leitor ainda ansiava por ver em nosso mercado uma publicação informativa como as que existiam nos Estados Unidos, que deixavam todos os títulos do gênero lançados por aqui parecendo suplementos de revista, e não uma revista propriamente dita, possuindo estrutura e número de páginas muito superior, com cobertura a fundo dos principais momentos e acontecimentos vividos pelo setor. Em agosto daquele ano, os brasileiros enfim teriam a satisfação de ver uma publicação nacional com a qualidade que tanto invejava nos títulos do mercado estadunidense: a Editora Globo, como parte de uma estratégia para reforçar sua participação no mercado de quadrinhos nacional, lançava a edição nacional da WIZARD, considerada à época uma das mais conceituadas revistas informativas do setor de quadrinhos dos Estados Unidos, já conhecida por parte dos leitores nacionais que tinham chance de comprar as edições importadas, à venda nas bancas de determinadas cidades de grande porte. Fiquem agora com o texto que escrevi na época noticiando o lançamento da Wizard nacional, e boa leitura a todos...


A MÁGICA DOS HERÓIS

Chega ao Brasil a mais conceituada revista sobre quadrinhos e tudo ligado ao gênero publicada nos Estados Unidos.

Adriano de Avance Moreno

Capa da edição americana da revista WIZARD: a mais conceituada publicação sobre quadrinhos e tudo ligado ao gênero do mercado estadunidense. E que agora chega ao Brasil.
            Os amantes do gênero super-heróis e quadrinhos em geral que se preparem. Acaba de chegar ao mercado brasileiro a melhor revista especializada sobre o gênero editada nos Estados Unidos: a WIZARD (Magia, em inglês). O lançamento é da Editora Globo, e a edição de estréia já está nas bancas nacionais.
            Em um mercado forte como o americano, tudo o que acontece na indústria dos quadrinhos é devidamente noticiado por publicações especializadas sobre o gênero. É o caso da revista Wizard, que tem como slogan oficial "The Guide to Comics" ("O Guia dos Quadrinhos", em português). É, de fato, a mais conceituada revista do meio, onde também são publicadas inúmeras outras revistas similares, como a Combo, Comics Scene, Advance Comics, entre inúmeras outras.
            Recentemente, o mercado brasileiro viu o surgimento de revistas nacionais destinadas à divulgação das produções de super-heróis e tudo relacionado ao setor, como animação, filmes, quadrinhos, etc (revistas Herói, Animação, Animax, Comics Generation, etc.). Todas publicações de editoras menores do mercado, mas que mostraram existir no Brasil um vasto público em potencial para este tipo de publicação.
            Desde o início do ano já se falava que a revista Wizard teria uma versão nacional, que a princípio seria publicada pela Best News. As negociações, entretanto, não correram bem, mas a Editora Globo, vendo a chance de disputar o novo filão de mercado criado pelas revistas nacionais, aproveitando a estréia dos títulos que licenciou da Image Comics, decidiu entrar na briga, e o resultado está nas bancas.
            A edição nacional é impecável, seguindo o mesmo padrão gráfico da edição original americana. A única diferença mais notada é no número de páginas: enquanto a edição americana tem mais de 200 páginas, a versão nacional tem apenas 100. Mas há uma boa explicação para isso: a edição dos Estados Unidos possui a cotação do mercado de números atrasados das publicações de quadrinhos, onde ao contrário do que ocorre no Brasil, edições antigas valorizam-se com o passar do tempo, dependendo da edição e título, algumas mais, outras menos. Só esta seção tem cerca de 70 páginas completas, o que já explica boa parte da diferença de páginas entre a edição brasileira e a americana.
Capa da edição N° 1 da versão brasileira da WIZARD: estrutura e qualidade da publicação são totalmente fiéis às das edições originais americanas.
            Outro detalhe importante é que a edição americana tem inúmeras páginas de propaganda de quadrinhos das mais diversas editoras do gênero nos EUA, que claramente não seriam utilizados aqui. Por isso, a edição nacional tem o mérito de ser mais "enxuta" do que a original americana.
            Segundo Leandro Luigi Del Manto, editor responsável pela edição nacional da Wizard, a cotação de quadrinhos de revistas brasileiras poderá vir a fazer parte da revista em breve. É só o tempo de se formar um padrão de valor exclusivo para o mercado brasileiro, pois o americano não serve como parâmetro.
            Com este lançamento, a Editora Globo promete causar um rebuliço geral no mercado de revistas especializadas do gênero. A qualidade da nova publicação é excelente, não apenas no visual, extremamente fiel à versão americana, mas também na qualidade das matérias apresentadas, todas de alto nível. E, como não poderia deixar de ser, a revista trará também matérias de produção exclusivamente nacional, focando acontecimentos do mercado de quadrinhos brasileiro, que apesar de não ser tão forte e importante como o americano, tem lá seus momentos que merecem ser devidamente acompanhados e noticiados. Cerca de dois terços da revista deverá trazer matérias traduzidas da versão americana, ficando o restante ocupado por reportagens e textos sobre o mercado brasileiro. Um exemplo é a matéria assinada por ninguém menos do que Mauricio de Sousa contando aos leitores toda a história da criação de seus personagens e de seu estúdio, matéria exclusiva da edição brasileira. Outro material nacional é a seção "Agenda", que traz a divulgação de eventos nacionais ligados ao gênero dos quadrinhos.
            Para completar, a edição de estréia ainda tem uma capa exclusiva produzida por Rogério Cruz, que já desenhou até os X-Men para a Marvel Comics, e que atualmente está desenhando para a editora de Rob Liefeld, a Maximum Press. Além da capa dupla, o leitor também ganha um adesivo da revista para colar onde quiser.

Matéria sobre a minissérie ZERO HORA: reportagem completa sobre os bastidores da história. A qualidade das matérias é de alto nível na WIZARD.

ESTRUTURA DA REVISTA

            Em suas 100 páginas mensais, a Wizard brasileira terá seções fixas, intercaladas com reportagens sobre tudo o que se refere ao gênero dos quadrinhos, sejam super-heróis, infantis, e similares. Entre as seções fixas, temos:
# PALAVRAS MÁGICAS: Seção de cartas para correspondência dos leitores.
# WIZARD NEWS: Um informativo rápido e geral do que anda acontecendo no mundo dos quadrinhos.
# POR DENTRO: Seção onde serão mostrados os bastidores de qualquer assunto importante no gênero dos quadrinhos e similares.
# FANZINE: Indicação de fanzines, publicações amadoras de quadrinhos, de todos os gostos para os leitores.
# CALENDÁRIO: Quaisquer datas importantes relativas ao mês na indústria dos quadrinhos e seus profissionais.
# Q.I.H.Q. : Se você é fera dos quadrinhos, teste seus conhecimentos neste questionário de Quociente de Inteligência de História em Quadrinhos.
# AGENDA: Todos os eventos relacionados ao gênero dos quadrinhos em território brasileiro, mais endereços de gibitecas por todo o país.
# PISTAS DO MÊS: Um resumo geral do que está acontecendo em todas as revistas em quadrinhos editadas no mercado nacional.
# OS 10 MELHORES QUADRINHOS: Cotação das melhores edições, nacionais ou estrangeiras, de um momento recente.
# GUIA DE PREÇOS DOS QUADRINHOS: Cotação de vários títulos importantes na história dos quadrinhos americanos de curiosidade geral.
# VOCÊ MANDA! : Aqui o leitor faz suas opiniões sobre a revista.
# PERFIL: Importantes nomes ligados ao mundo dos quadrinhos relatam sua experiência no setor.
# CURSO DE IMPACTO: Greg Capullo ensina noções de desenho e quadrinhos para os leitores.
# VIDEOTECA: Matérias rápidas sobre filmes relacionados ao gênero dos quadrinhos.
# START GAME: Dicas de lançamento de games.
# ANTENA LIGADA: Notícias de última hora sobre cinema, TV, quadrinhos e animação.
# FALA, JOTA! : Comentários de Jotapê sobre os quadrinhos.
# MAURICIO: Coluna de Mauricio de Sousa, o mais bem-sucedido desenhista nacional de quadrinhos.
            Além de todas estas seções e colunas mensais, há o espaço das matérias especiais. Neste Nº 01, o destaque vai para as reportagens sobre a nova megassaga DC em publicação no Brasil, ZERO HORA; há também os bastidores do conceituado seriado ARQUIVO X; a estréia dos super-heróis da Image Comics no Brasil; a produção do novo desenho animado do Homem-Aranha; os quadrinhos que viraram filmes; além, claro, de entrevistas exclusivas com dois nomes de peso da indústria dos comics de super-heróis americanos: Marc Silvestri, atualmente um dos desenhistas mais conceituados dos EUA; e Stan Lee, que literalmente dispensa apresentações. E a edição ainda traz a cotação dos melhores desenhistas e roteiristas americanos do momento.
            E tudo isso por um preço bem razoável: R$ 4,90. Nem os mais exigentes leitores de quadrinhos poderão reclamar. Se você ainda não é um adepto do gênero dos quadrinhos, em especial das histórias de super-heróis, esta é a hora certa para conhecer este mundo. Basta ir até a banca mais próxima e adquirir a nova publicação. E para quem já é um fâ inveterado do gênero, é a hora de conhecer uma das melhores publicações sobre esta área da indústria do entretenimento existente em todo o mundo.
 
Cotação dos melhores desenhistas e roteiristas de quadrinhos, segundo votação feita pelos próprios leitores da edição americana. Seção também estará presente na edição brasileira.
ATUALIZANDO: Diz o ditado que "tudo que é bom dura pouco", e infelizmente no caso da edição nacional da Wizard publicada pela Editora Globo, isso acabou sendo verdade. Após 15 edições, a revista acabou cancelada pela editora, sem direito nem mesmo a um comunicado de despedida ao público leitor, que só foi saber mesmo que a revista não era mais lançada quando não mais a encontrou nas bancas nos meses seguintes. Segundo Leandro Luigi Del Manto, editor da publicação na época, embora as vendas da Wizard nacional fossem boas, elas não eram suficientes para manter a publicação dentro do esquema de custos da editora, pelo que então a Globo optou por encerrar o título. "A equipe era muito unida e divertida. Havia um ótimo clima de companheirismo entre nós.", afirma Del Manto, sobre o time de profissionais que cuidava da produção da revista na Globo. A Wizard ainda ganharia mais duas versões nacionais posteriormente: primeiro pela editora Hangar 18, que durou apenas um número; e por último pela Panini Comics, que lançou a revista como um título misto de gibi/revista informativa, buscando tornar a publicação mais atraente. Infelizmente, a edição da Panini também foi cancelada, após 53 edições. Mas a primeira edição, lançada pela Globo, ainda é considerada a melhor de todas em termos de qualidade, tanto gráfica quanto de matérias publicadas, e deixou muitas saudades, sendo lembrada com carinho até hoje por muitos fãs da arte sequencial e da cultura pop.