segunda-feira, 5 de maio de 2014

AYRTON SENNA GANHA BIOGRAFIA EM QUADRINHOS



No último dia 1° completaram-se 20 anos desde que morreu aquele que é considerado até hoje um dos maiores pilotos do mundo e da história da Fórmula 1, Ayrton Senna. Aproveitando a data, a Nemo Editora acaba de lançar no mercado nacional uma biografia em quadrinhos do falecido corredor. AYRTON SENNA: A TRAJETÓRIA DE UM MITO, tem roteiro do francês Lionel Froissart, com desenhos dos artistas belgas Christian Papazoglakis e Robert Paquet. A edição, em formato 20 x 28 cm, tem 48 páginas, e está disponível nos formatos impresso (R$ 29,90) e digital (R$ 19,90). O lançamento foi feito também na Europa, e chega agora no Brasil em uma parceria do Instituto Ayrton Senna com a Nemo Editora.
A idéia de criar uma biografia em quadrinhos de Senna nasceu do trio de autores europeus, sendo que Lionel Froissart, inclusive, era amigo de Ayrton, já tendo escrito três livros sobre o piloto brasileiro. O álbum começa com a primeira corrida na chuva de Senna, ainda nos tempos do kart. Depois do flashback, o leitor é levado diretamente para o GP de Mônaco de 1984, ano de sua estréia na Fórmula 1, e palco de seu primeiro show de pilotagem na categoria, quando vinha escalando todo o pelotão debaixo da chuva torrencial que desabava no Principado. Debaixo da chuva e com uma modesta Toleman, ele mostrava ao mundo do que era capaz, ultrapassando todos os adversários à sua frente para assumir a segunda posição. E quando faltava apenas o líder Alain Prost, da McLaren, a corrida foi paralisada, por questões de segurança.
Com uma arte competente, o álbum tenta mostrar o que foi a carreira de Ayrton desde os primórdios até a F-1, mas vários momentos são mostrados de forma superficial. Não por falta de respeito ou competência, mas de espaço mesmo: apenas 48 páginas nunca seriam suficientes para poder retratar devidamente a vida do piloto brasileiro. Mesmo assim, todos os episódios mais marcantes da carreira de Senna estão retratados lá: a vitória dramática do piloto no autódromo de Interlagos em 1991, quando terminou a corrida apenas com a 6ª marcha; as polêmicas com Alain Prost nos GPs do Japão de 1989 e 1990, além, é claro, da conquista do tricampeonato mundial naquele país onde, até hoje, ele é idolatrado. É um lançamento bem oportuno, e uma boa ideia para aproximar a história de Ayrton Senna das novas gerações, principalmente daqueles que não conseguiram vê-lo correr na Fórmula 1, usando a linguagem dos quadrinhos. Não é uma obra perfeita, mas dá para o gasto, desde que não se queira muita profundidade em certos momentos, pela inviabilidade de se mostrar tudo o que havia nas poucas páginas do álbum. Mesmo assim, para os fãs, é uma obra que vale a pena ler, e relembrar momentos cruciais de sua jornada nas pistas de uma forma que antes era contada apenas por textos, vídeos e fotos.
Não é a primeira vez que Senna é protagonista de uma história em quadrinhos. Em 1991, já no auge de sua fama, o brasileiro foi retratado em uma série de mangá publicada no maior semanário do gênero do Japão, a Shon Jump. A série, produzida por Koyou Nishimura (roteiro) e Katsuhiro Nagassawa e Hirohissa Onikubo (desenhos). Com o título de “F. no Senkou – Ayrton Senna no Chousen”, esta série retratava o campeonato daquele ano, que culminou com o tricampeonato do piloto brasileiro, retratado, obviamente, como o "herói" da história, enfrentando os rivais (ou "vilões" para os leitores) Nigel Mansell e Riccardo Patrese, da equipe Williams, que ameaçava seriamente os planos de Ayrton conquistar o tricampeonato. Antes disso, também houve uma outra série, menos importante, lançada antes da mencionada acima, onde Senna também era o protagonista da história, que já era centrada em sua ferrenha rivalidade com o francês Alain Prost.
A fama do piloto brasileiro, que para os japoneses encarnava algumas das características de seus famosos guerreiros samurais, como a forte determinação e perseverança, o levou a ser homenageado nas ilustrações de vários artistas de mangás, entre os quais podemos citar Hojo Tsukasa (autor da série City Hunter), Akira Toriyama (de Dragon Ball), e Masakazu Katsura (de Video Girl Ai), que retrataram o piloto brasileiro em várias ilustrações, além de vários outros.
Curiosamente, mesmo com a fama de Senna naqueles tempos, ninguém sequer pensou em publicar estas histórias produzidas no Japão no Brasil. Os quadrinhos japoneses, claro, não eram familiares ao público leitor brasileiro como são hoje, com várias séries sendo publicadas por editoras nacionais, mas haviam algumas iniciativas isoladas por parte de empresas como a Nova Sampa, e até mesmo a Editora Abril, que lançava alguns materiais nas bancas. E mesmo hoje, com a fama e popularidade dos mangás no mercado editorial brasileiro, também não parece haver interesse em trazer este material para o Brasil, que certamente seria muito interessante para o público leitor de mangás, além da imensa legião de fãs do falecido piloto. Curiosamente, os volumes dos mangás produzidos com Ayrton Senna são difíceis de achar até mesmo no Japão hoje em dia, mostrando que o material, apesar da idolatria dos japoneses por Senna, caiu no esquecimento com o passar os anos, não tendo sequer tido novas edições. Uma pena mesmo, pois oportunidades não faltaram para a obra ser lançada por aqui. Faltou mesmo foi empenho e vontade por parte de alguma editora nacional em disponibilizar este material por aqui. E pelo que se vê atualmente, ainda falta. E o Instituto Ayrton Senna, criado pelo piloto, que licencia vários tipos de produtos com a marca do tricampeão, aparentemente também não parece demonstrar interesse. Até o lançamento deste álbum, o mais próximo que tivemos no mercado editorial nacional foi a série de gibis do personagem Seninha, lançada entre 1994 e 2009 pelas editoras Abril Jovem, Brainstore, e HQM.

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