quarta-feira, 14 de maio de 2014

PANINI LANÇA EDIÇÃO ESPECIAL DE HE-MAN



                Um dos heróis mais cultuados dos anos 1980 está de volta ao mercado nacional de quadrinhos. He-Man, o incansável defensor do planeta Etérnia, cuja série animada ganhou o mundo há aproximadamente 30 anos atrás, acaba de ganhar uma edição especial pela Panini Comics, trazendo o material produzido pela DC Comics. HE-MAN E OS MESTRES DO UNIVERSO - ORIGEM, tem 156 páginas, com capa cartonada, em formato americano, pelo preço de R$ 21,90. A edição compila as edições 1 a 6 da minissérie "Origins", publicada em 2012, como parte do projeto da DC, nova editora do herói nos Estados Unidos, de reapresentar o personagem ao público leitor. Completa o material uma história de uma edição especial ligada diretamente aos acontecimentos mostrados.
                Apesar do nome, a história na verdade trata-se de um "reboot" do personagem, e não sua origem propriamente. No início da história, somos apresentados a um jovem loiro, que vive nas florestas do mundo de Etérnia. Seu nome é Adam e ele é apenas um simples lenhador. Desde que consegue se lembrar, ele tem tido uma vida simples na floresta, onde seu mundo resume-se a seu machado e as árvores que corta com ele. Os terrores além dessas fronteiras são apenas sombras distantes para Adam. Até que o surgimento de um falcão estranhamente familiar muda sua vida para sempre, levando Adam a ser assombrado por lembranças de uma vida diferente. Uma vida repleta de heroísmo, perigo, de bravura, e aventura. Procurando respostas sobre esse passado que nunca conheceu, Adam descobre que sua vida pacata é observada por seres que nunca imaginara, e que agora querem impedi-lo de descobrir o que procura e o assombra. Os seres mais perversos e mortais de Etérnia agora estão no encalço do jovem viajante. Homem-Fera. Aquático. Mandíbula. Maligna. E o senhor da escuridão em pessoa… o Esqueleto. Porque Adam não é o que, ou quem, ele acha que é. Dentro de sua solitária alma, o poder de Grayskull aguarda adormecido, um poder que Adam precisará redescobrir para desvendar sua verdadeira identidade, recuperar seus amigos, e libertar seu mundo da tirania da maior ameaça que ele já conheceu…
                É hora de fazer uma grande jornada, e reencontrar vários personagens que há muito não eram vistos. Os roteiros são de James Robinson, com arte de Keith Giffen, com Philip Tan, Pop Mhan e Geoff Johns completando o elenco de artistas reunidos para trazer de volta ao mundo dos quadrinhos as aventuras do poderoso herói. Servindo de novo ponto de partida, a história vai apresentando aos poucos os personagens, tanto heróis como vilões, até o momento decisivo do renascimento de uma lenda da justiça para o povo de Etérnia, e o início de uma nova leva de aventuras. Com algumas edições especiais e esta minissérie que agora chega ao público leitor brasileiro, a DC iniciou em seguida a publicação de uma série regular com He-Man, com um novo panorama que trará grandes mudanças para os antigos fãs. A série atual do personagem ainda está em publicação pela DC Comics nos EUA, e dependendo da aceitação do público por esta edição, é bem possível que a Panini lance uma nova edição futuramente, assim que houver mais material disponível. Aliás, recentemente a DC publicou um cross-over onde He-Man e seus aliados acabam batendo de frente com a Liga da Justiça, em uma aventura que pode decidir os destinos tanto da Terra quanto de Etérnia, um encontro que pode ser lançado por aqui a qualquer momento, nos mesmos moldes desta primeira edição dos Mestres do Universo. O lançamento de edições especiais encadernadas tem sido uma boa iniciativa da editora, lançando neste tipo de edições algumas séries de personagens que andam sem espaço em alguns títulos regulares tanto da Marvel quanto da DC Comics, conseguindo alcançar melhor os fãs específicos destes personagens.
                No caso de He-Man, o formato é muito convidativo por facilitar aos leitores a aquisição da história completa. Uma pena, contudo, que a editora pecou por não apresentar uma releitura da origem do personagem, mas o seu "renascimento". Talvez tenha sido uma maneira de validar todas as aventuras já criadas, o que não deixa de ser válido, mostrando respeito pelo material produzido anteriormente por outras editoras. Vemos que He-Man e Esqueleto já travaram várias lutas, à medida que descobrimos que os sonhos de Adam não são apenas imaginação sua. Mas fica vários mistérios: como a situação chegou naquele ponto? Como Esqueleto virou o jogo e venceu seu maior inimigo? Como He-Man acabou traído por um de seus aliados? De que modo o Castelo de Grayskull, sede dos segredos do Universo, enfim foi tomado pelo nefasto Esqueleto? Perguntas que ficaram sem respostas, pelo menos nestas histórias que estão sendo lançadas no Brasil.
                É a terceira vez que o personagem ganha uma publicação em quadrinhos nas bancas brasileiras. Nos anos 1980, no auge da fama da série animada produzida pela Filmation, He-Man teve 32 edições lançadas pela Editora Abril, com histórias de qualidades variadas. Na década passada, a Panini lançou por aqui uma das minisséries produzidas pela Image, focadas na série animada produzida em 2002. Agora é a vez da mesma Panini trazer novamente aos leitores as aventuras do personagem, e ficar no aguardo do lançamento de mais histórias em futuro próximo. Mesmo depois de 30 anos de criação, He-Man continua mostrando possuir a "força", com muitos fãs que nunca esqueceram as suas aventuras. E que elas continuem firmes na nova série produzida pela DC Comics. Mas melhor ainda será se os fãs brasileiros continuarem tendo acesso a este material. A Panini deu o primeiro passo. Cabe aos leitores e fãs mostrarem que a iniciativa merece ganhar continuações...

GOBOTS GANHA BOX EM DVD NOS ESTADOS UNIDOS



Enquanto por aqui os fãs saudosistas de séries e animações clássicas atualmente enfrenta a teimosia e incompetência das distribuidoras em explorar devidamente este nicho do mercado de vídeo, nos Estados Unidos a situação é bem diferente. E neste início de mês, mais um título clássico de animação foi disponibilizado aos fãs no mercado estadunidense: os Gobots. Integrando a coleção "Clássicos Hanna-Barbera", que chegou a ter alguns títulos lançados por aqui antes que a filial brasileira da Warner passasse a ignorar completamente os mais novos lançamentos, CHALLENGE OF GOBOTS - THE SERIES, VOLUME 1 já está disponível para compra em um box de 3 discos, contendo os primeiros 30 episódios da série. Como é de praxe nos lançamentos de séries animadas desta coleção pela Warner no mercado americano, só há opção de áudio em inglês, ao preço de cerca de US$ 30,00.
A série foi produzida pela Hanna-Barbera em 1984, tendo estreado em outubro daquele ano, como uma minissérie animada de 5 episódios. Com o bom resultado da audiência, foram produzidos mais 60 episódios, totalizando 65, que foram exibidos até 1986 na TV americana, com direito a várias reprises. Na trama, no distante planeta alienígena Gobotron, os perversos Renegados tramam como conquistar o seu mundo natal e dominar o universo. Para tanto, seu líder, Cy-Kill, faz uma aliança com um cientista terrestre com más intenções, o Doutor Braxis, que vê na ajuda dos alienígenas a chance de se tornar o senhor de nosso planeta, a Terra, promovendo a chegada dos Renegados à Terra, onde iniciam planos de se apoderarem de nosso mundo. Mas os valorosos Guardiões, defensores da paz de Gobotron, descobrem os planos de seus inimigos, e também destacam um grupo selecionado para vir à Terra frustrar os objetivos dos Renegados. E assim, a Terra passa a fazer parte dos combates entre os corajosos Guardiões e os perversos Renegados.
Se o enredo parece familiar, não é para menos, ainda mais se adiantarmos que tanto os Guardiões quanto os Renegados são robôs alienígenas, vindos de um mundo mecânico, e com a capacidade de mudar de forma, transformando-se em veículos variados. Alguém lembrou de Transformers? Pois é, Gobots praticamente pode ser definido como uma "cópia" destes. Não é coincidência, pois quando Gobots estreou nos EUA, na forma de minissérie animada, Transformers havia feito sua estréia cerca de um mês antes, fazendo grande sucesso. Daí para tentarem aproveitar a idéia lançando uma série parecida foi um pulo. E, se a série dos Transformers tinha uma vasta linha de brinquedos à venda, promovida pela Hasbro, patrocinadora e dona dos direitos do nome, que havia adquirido os brinquedos da japonesa Takara, os Gobots também tinham brinquedos de seus personagens à venda, sendo estes produzidos pela Tonka, uma tradicional empresa americana do ramo que produziu também brinquedos de outras séries, como Spiral Zone. E, pra variar, a Tonka havia licenciado estes brinquedos de uma empresa japonesa também, para ver que o esquema utilizado pela Hasbro acabou copiado praticamente na íntegra, mudando-se apenas os nomes envolvidos.
No Brasil, a série estreou na TV Globo, onde foi exibida na programação infantil durante a semana, enquanto Transformers era uma das estrelas da programação dominical da emissora. Coincidência ou não, Gobots estreou aqui vários meses depois de Transformers, e não demorou a ganhar a pecha de "imitação" da primeira série por quem assistia. Todos os 65 episódios da série foram exibidos, com dublagem feita pela Herbert Richers, contando com grandes nomes da área, como Sílvio Navas, José Santa Cruz, Antonio Patiño, e Garcia Neto, entre outros. No fundo, o público curtia as duas séries, apesar da qualidade obviamente superior da série da Hasbro, produzida em conjunto com a Marvel Studios/Toei Animation. E, para alegria dos fãs, se a Estrela trazia uma linha relativamente limitada de brinquedos dos Transformers, a Glasslite e a Mimo fizeram a festa lançando uma variedade bem maior de modelos da série dos Gobots, ainda que com nomes diferentes e que não faziam menção nenhuma em relação à série animada. Na Glasslite, os robôs eram chamados de "Mutantes", enquanto na Mimo eram os "Converts". A garotada aproveitou para fazer a festa, para desespero de muitos pais, uma vez que eram vários brinquedos, e ninguém queria ter apenas um em sua coleção.
Imitação ou não, e mesmo tendo apenas 65 episódios lançados na TV americana, os Gobots ainda conseguiram fazer certo sucesso, ganhando até um filme longa-metragem em animação, intitulado "The Lord Rocks". Este filme aliás, foi lançado no mercado de vídeo nacional, no que foi o único lançamento da série por aqui, ainda nos tempos do VHS. A série de TV foi reprisada algumas vezes na TV Globo, mas depois que saiu do ar, foi mais uma produção a engordar a imensa lista de séries que nunca mais foi reprisada na TV nacional, aberta ou paga.
Curiosamente, a minissérie original dos Gobots acabou lançada em 2011 no mercado americano, também como parte da coleção "Clássicos Hanna-Barbera", da divisão de vídeo da Warner. Esta minissérie, aliás, encontra-se à venda no site americano da loja Amazon (www.amazon.com), bem como na loja virtual da Warner Video (www.wbshop.com) no esquema de confecção "sob demanda": o box é produzido com mídias DVD-R quando solicitado por algum comprador, e não produzido em escala como a grande maioria dos lançamentos em vídeo, produzidos com mídias prensadas. O mesmo esquema está sendo utilizado neste lançamento dos primeiros 30 episódios da série. Não deixa de ser um dado interessante, que indica que o produto é disponibilizado fisicamente apenas quando há uma compra, e portanto, não há produção em massa do mesmo, nem a necessidade de manter estoques. Se parece algo interessante para se diminuir os custos de um lançamento, que normalmente exigem uma tiragem razoável para distribuição em várias lojas a fim de aumentar a oferta, também pode sinalizar que o produto em questão não possui muita atratividade junto ao público consumidor, indicando vendas baixas, que não viabilizariam o lançamento nos moldes convencionais.
É algo que as distribuidoras poderiam implantar aqui no Brasil, se tivessem vontade e empenho, podendo minimizar os custos e riscos do empreendimento, uma vez que todas elas alegam sempre falta de mercado, leia-se vendas baixas, para justificar os cancelamentos do lançamento de séries que deram início, ou de produções às quais nunca têm intenção de oferecer no mercado, espaço que acaba sendo ocupado pela pirataria, que nos últimos tempos tem chegado a lançar alguns materiais interessantes no mercado nacional de vídeo que acabaram ignorados pelas distribuidoras oficiais.
Se a Warner brasileira ainda tivesse a disposição de uma década atrás, este lançamento de Gobots em DVD era algo a ser tido como praticamente certo para chegar ao mercado nacional, ficando a expectativa apenas quanto à data de chegada. Infelizmente, nos últimos tempos, até séries de sucesso consagrado e de grande base de fãs, como Flintstones e Scooby-Doo, ficaram com suas séries de TV restritas às primeiras temporadas, mostrando que o respeito junto ao público consumidor e valorização deste, andam muito em baixa junto à direção da filial brasileira. Depois, se a pirataria resolver aproveitar a oportunidade, que não venham reclamar pelo público comprar um produto "não oficial", quando eles tiveram sua oportunidade e simplesmente deram de ombros...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

HQM LANÇA COLETÂNEA DA DARK HORSE



                Chegou às bancas nacionais neste mês de abril mais uma bela opção de leitura para quem curte HQs alternativas. A Editora HQM, que nos últimos tempos vem publicando no mercado nacional a série em quadrinhos do famoso seriado Walking Dead, além do material da Valiant Comics, lançou a revista DARK HORSE APRESENTA, uma publicação mensal que traz várias histórias curtas produzidas por diversos autores para a editora americana Dark Horse. Com 84 páginas coloridas, em papel couché e formato americano, a edição tem preço de R$ 12,90, e a princípio, será mensal. A editora ainda pretende avaliar as vendas dos primeiros números para verificar a viabilidade da publicação. Não foi divulgado quantos números serão lançados ainda no período de experiência. Para os leitores, é a chance de conferir vários materiais interessantes, que são lançados pela editora americana Dark Horse em seu título "Dark Horse Presents", no qual a edição nacional se espelha.
                A edição foi lançada com duas opções de capas. Em uma delas, o destaque vai para Concreto, personagem criado por Paul Chadwick, e que estréia a primeira história da publicação. Na outra capa, a chamada é para Xerxes, de ninguém menos do que Frank Miller, ligada à saga dos "300" de Esparta, que já ganharam dois filmes no cinema. Entre os demais materiais apresentados temos histórias dos artistas Richard Corben, Carla Speed McNeil, Harlan Ellison, Howard Chaykin, Mike Mignola, e Michael T. Gilbert. Uma variedade de profissionais nada desprezível, em que pese alguns nomes serem completamente desconhecidos do público leitor nacional. Dos autores do mix desta primeira edição, além de Paul Chadwick e seu personagem Concreto, os únicos nomes conhecidos são do já citado Frank Miller, que em tempos áureos foi responsável pela cultuada minissérie "Cavaleiro das Trevas", que redefiniu a imagem do Batman nos quadrinhos, além de uma excelente fase de histórias do Demolidor, incluída aqui "A Queda de Murdock"; e Mike Mignola, ninguém menos do que o criador de Hellboy, que já teve várias histórias lançadas pela Mythos, que vez ou outra lança algum encadernado com o personagem.
                São todas histórias curtas, com desempenhos variados, sendo que algumas delas precisam de mais capítulos para mostrar a que vieram. A idéia da revista é apresentar um material mais diversificado, e fazer com que o leitor conheça materiais que seriam mais difíceis de serem veiculados em séries próprias, mas trazendo sempre algum material mais conhecido para capitanear a publicação e ajudar a garantir sua viabilidade comercial, como foi o caso de Concreto, para exemplificar nesta edição de estréia, além de Xerxes, e de uma história produzida por Mignola. A idéia é combinar materiais de autores conhecidos com novos nomes na área, e ampliar o leque de opções disponíveis para publicação. Resta saber se o título vai ter chance de vingar por aqui, e se o leitor terá a paciência necessária para fazer as histórias apresentadas deslancharem e conquistarem seu espaço.
                A idéia de uma revista coletânea para apresentar novos materiais ao público leitor e explorar personagens mais "alternativos" e de qualidade não é novidade no mercado nacional, que volta e meia já viu outras revistas lançadas neste tipo de conceito. O mais recente lançamento ocorreu no ano passado, quando a Mythos Editora lançou a revista "Dredd Megazine", título mensal, em formatão, trazendo vários materiais da conceituada revista inglesa 2000AD, com destaque para o Juiz Dredd, o personagem mais conhecido por estas bandas. Tendo Dredd como âncora, a revista trazia várias histórias de outros personagens e autores, boa parte deles desconhecidos por aqui. Após um período experimental de 6 edições, em que a Mythos avaliou os resultados de vendas, a revista mostrou que havia um público leitor interessado nas histórias suficiente para sustentar a publicação, e ela continua até o momento firme nas bancas nacionais, já completando 12 edições, para alegria de quem quer curtir quadrinhos fora do binômio "comics" e "mangá".
                A iniciativa da HQM é mais do que bem-vinda, por ampliar a oferta de quadrinhos disponíveis no mercado nacional, e oferecer um material que há tempos era ignorado por aqui. A Dark Horse é uma das principais editoras de quadrinhos do mercado americano, situando-se abaixo apenas da Marvel e da DC Comics, e num nível superior na qualidade de seus materiais em relação à Image, tendo publicado quadrinhos de várias séries de cinema, entre as quais Indiana Jones, Exterminador do Futuro, e Guerra nas Estrelas (Star Wars). A publicação de seus materiais no Brasil, entretanto, sempre foi meio irregular, ficando mais focado em minisséries. Em tempos recentes, os quadrinhos de Star Wars tiveram um bom tempo de publicação regular nas bancas nacionais, pela Pixel, mas a publicação acabou encerrada, sem mostrar todo o vasto repertório produzido pela editora americana nos últimos anos. A revista possui excelente qualidade gráfica, o que compensa o preço de R$ 12,90, e num momento onde os leitores perdem uma opção de leitura com o cancelamento da revista Vertigo, pela Panini, após 51 edições, com seu excelente material adulto, este lançamento da HQM transforma-se desde já em uma excelente opção de substituição, em que pese as temáticas terem abordagens ligeiramente diferentes, mas ainda assim, capazes de satisfazer amplamente o leitor que busca histórias adultas de quadrinhos.
                O fato da Dredd Meganize estar conseguindo se manter nas bancas pode ser encarado como um sinal positivo para a viabilidade desta coletânea da HQM. Mas, como estamos falando de Brasil, e de um mercado que nem sempre responde da maneira como esperamos, é esperar para ver, e torcer para que tudo dê certo e a Dark Horse Apresenta se fixe nas bancas, trazendo sempre novos materiais para o público leitor, que certamente apreciará a oportunidade de ler novas e variadas histórias em quadrinhos.

AYRTON SENNA GANHA BIOGRAFIA EM QUADRINHOS



No último dia 1° completaram-se 20 anos desde que morreu aquele que é considerado até hoje um dos maiores pilotos do mundo e da história da Fórmula 1, Ayrton Senna. Aproveitando a data, a Nemo Editora acaba de lançar no mercado nacional uma biografia em quadrinhos do falecido corredor. AYRTON SENNA: A TRAJETÓRIA DE UM MITO, tem roteiro do francês Lionel Froissart, com desenhos dos artistas belgas Christian Papazoglakis e Robert Paquet. A edição, em formato 20 x 28 cm, tem 48 páginas, e está disponível nos formatos impresso (R$ 29,90) e digital (R$ 19,90). O lançamento foi feito também na Europa, e chega agora no Brasil em uma parceria do Instituto Ayrton Senna com a Nemo Editora.
A idéia de criar uma biografia em quadrinhos de Senna nasceu do trio de autores europeus, sendo que Lionel Froissart, inclusive, era amigo de Ayrton, já tendo escrito três livros sobre o piloto brasileiro. O álbum começa com a primeira corrida na chuva de Senna, ainda nos tempos do kart. Depois do flashback, o leitor é levado diretamente para o GP de Mônaco de 1984, ano de sua estréia na Fórmula 1, e palco de seu primeiro show de pilotagem na categoria, quando vinha escalando todo o pelotão debaixo da chuva torrencial que desabava no Principado. Debaixo da chuva e com uma modesta Toleman, ele mostrava ao mundo do que era capaz, ultrapassando todos os adversários à sua frente para assumir a segunda posição. E quando faltava apenas o líder Alain Prost, da McLaren, a corrida foi paralisada, por questões de segurança.
Com uma arte competente, o álbum tenta mostrar o que foi a carreira de Ayrton desde os primórdios até a F-1, mas vários momentos são mostrados de forma superficial. Não por falta de respeito ou competência, mas de espaço mesmo: apenas 48 páginas nunca seriam suficientes para poder retratar devidamente a vida do piloto brasileiro. Mesmo assim, todos os episódios mais marcantes da carreira de Senna estão retratados lá: a vitória dramática do piloto no autódromo de Interlagos em 1991, quando terminou a corrida apenas com a 6ª marcha; as polêmicas com Alain Prost nos GPs do Japão de 1989 e 1990, além, é claro, da conquista do tricampeonato mundial naquele país onde, até hoje, ele é idolatrado. É um lançamento bem oportuno, e uma boa ideia para aproximar a história de Ayrton Senna das novas gerações, principalmente daqueles que não conseguiram vê-lo correr na Fórmula 1, usando a linguagem dos quadrinhos. Não é uma obra perfeita, mas dá para o gasto, desde que não se queira muita profundidade em certos momentos, pela inviabilidade de se mostrar tudo o que havia nas poucas páginas do álbum. Mesmo assim, para os fãs, é uma obra que vale a pena ler, e relembrar momentos cruciais de sua jornada nas pistas de uma forma que antes era contada apenas por textos, vídeos e fotos.
Não é a primeira vez que Senna é protagonista de uma história em quadrinhos. Em 1991, já no auge de sua fama, o brasileiro foi retratado em uma série de mangá publicada no maior semanário do gênero do Japão, a Shon Jump. A série, produzida por Koyou Nishimura (roteiro) e Katsuhiro Nagassawa e Hirohissa Onikubo (desenhos). Com o título de “F. no Senkou – Ayrton Senna no Chousen”, esta série retratava o campeonato daquele ano, que culminou com o tricampeonato do piloto brasileiro, retratado, obviamente, como o "herói" da história, enfrentando os rivais (ou "vilões" para os leitores) Nigel Mansell e Riccardo Patrese, da equipe Williams, que ameaçava seriamente os planos de Ayrton conquistar o tricampeonato. Antes disso, também houve uma outra série, menos importante, lançada antes da mencionada acima, onde Senna também era o protagonista da história, que já era centrada em sua ferrenha rivalidade com o francês Alain Prost.
A fama do piloto brasileiro, que para os japoneses encarnava algumas das características de seus famosos guerreiros samurais, como a forte determinação e perseverança, o levou a ser homenageado nas ilustrações de vários artistas de mangás, entre os quais podemos citar Hojo Tsukasa (autor da série City Hunter), Akira Toriyama (de Dragon Ball), e Masakazu Katsura (de Video Girl Ai), que retrataram o piloto brasileiro em várias ilustrações, além de vários outros.
Curiosamente, mesmo com a fama de Senna naqueles tempos, ninguém sequer pensou em publicar estas histórias produzidas no Japão no Brasil. Os quadrinhos japoneses, claro, não eram familiares ao público leitor brasileiro como são hoje, com várias séries sendo publicadas por editoras nacionais, mas haviam algumas iniciativas isoladas por parte de empresas como a Nova Sampa, e até mesmo a Editora Abril, que lançava alguns materiais nas bancas. E mesmo hoje, com a fama e popularidade dos mangás no mercado editorial brasileiro, também não parece haver interesse em trazer este material para o Brasil, que certamente seria muito interessante para o público leitor de mangás, além da imensa legião de fãs do falecido piloto. Curiosamente, os volumes dos mangás produzidos com Ayrton Senna são difíceis de achar até mesmo no Japão hoje em dia, mostrando que o material, apesar da idolatria dos japoneses por Senna, caiu no esquecimento com o passar os anos, não tendo sequer tido novas edições. Uma pena mesmo, pois oportunidades não faltaram para a obra ser lançada por aqui. Faltou mesmo foi empenho e vontade por parte de alguma editora nacional em disponibilizar este material por aqui. E pelo que se vê atualmente, ainda falta. E o Instituto Ayrton Senna, criado pelo piloto, que licencia vários tipos de produtos com a marca do tricampeão, aparentemente também não parece demonstrar interesse. Até o lançamento deste álbum, o mais próximo que tivemos no mercado editorial nacional foi a série de gibis do personagem Seninha, lançada entre 1994 e 2009 pelas editoras Abril Jovem, Brainstore, e HQM.