terça-feira, 1 de abril de 2014

ALTO ASTRAL ENTRA NO MERCADO NACIONAL DE QUADRINHOS



                Este ano os leitores nacionais de quadrinhos estão ganhando mais uma opção de publicação de novas séries e títulos. A Editora Alto Astral, com mais de 25 anos de experiência no ramo gráfico e editorial, resolveu encarar e tentar a sorte no mercado nacional de quadrinhos, e lançou o selo Astral Comics, sob o qual irá publicar suas HQs. De início, a editora fez uma associação com a editora americana Boom! Studios, e o resultado dessa parceria já está nas bancas.
                Uma delas são os novos quadrinhos de Robocop, lançados no mês de fevereiro no mercado americano pela Boom!. Baseados no novo longa-metragem dirigido pelo brasileiro José Padilha, são 4 edições mostrando o dia-a-dia de Alex Murphy em sua nova rotina como a arma definitiva contra o crima na Detroit do futuro próximo. E o melhor de tudo é que estes títulos chegaram ao Brasil em tempo recorde, praticamente apenas um mês depois de terem sido lançados lá fora.
                As edições de Robocop são "Homem e Máquina", "Viver e Morrer em Detroit", "Lembranças da Morte", e "Beta". Cada edição está sendo lançada idêntica à versão original americana: com 28 páginas ao preço de R$ 5,90, em formato americano, e miolo em papel couché. Duas destas edições já chegaram nas bancas, e as outras duas chegam agora em abril. Graficamente, as edições são bem cuidadas, e o único deslize talvez seja o expediente em inglês da Boom! Studios no verso da capa, que poderia ter sido traduzido para o português, mas não compromete a qualidade da edição. Para quem gostou da nova produção cinematográfica de Robocop, estas edições são uma boa pedida para se adentrar um pouco mais nos dilemas do personagem e suas aventuras no combate ao crime na Detroit do futuro. Já quem não curtiu a nova versão do policial cibernético certamente vai passar longe destes lançamentos.
                E, no próximo mês, a editora já anunciou mais um título que será lançado. Desta vez é a nada menos do que HELLRAISER - THE DARK WATCH, obra criada por ninguém menos do que Clive Barker, que chega em uma edição compilando os primeiros 4 números da nova série de Hellraiser que vem sendo publicada pela Boom! desde 2012 nos Estados Unidos, e que recria o mundo criado por Barker, que aliás, está envolvido na produção da nova série. Esta edição, em formato americano, terá 112 páginas, ao preço de R$ 22,90. O segundo número, com mais 4 histórias, deve sair em junho, e a terceira edição provavelmente sai ainda este ano, uma vez que a série ainda está em andamento no mercado americano. Um prato cheio para quem curtiu a saga criada por Barker nos anos 1980, que depois foi adaptada em um longa-metragem em 1987 que se tornou cult, e que andava há um bom tempo sumida por aqui, desde a última publicação, feita há anos atrás, pela Brainstore, em 2003. Antes disso, a Abril lançou uma minissérie em 4 edições no início da década de 1990. Já o filme ganhou várias continuações, dando início a uma bem-sucedida franquia que só cresceu lá fora. E agora pelo menos os leitores nacionais poderão curtir o novo material em quadrinhos que vem sendo lançado nos Estados Unidos.

               Sempre é bom quando surgem novas editoras que apostam no mercado nacional de quadrinhos. Geralmente são mais propensas a trazerem materiais mais "alternativos", leia-se fora do eixo dos comics das grandes editoras Marvel, DC, Dark Horse ou Image. Entre os exemplos mais recentes temos a HQM, que vem lançando regularmente a série de quadrinhos baseada em um dos mais populares seriados da atualidade, Walking Dead, além de ter trazido para o mercado nacional os personagens da Valiant Comics, como X-O Manowar, Shadowman, entre outros personagens. Quem ganha são os leitores, que encontram mais opções de títulos nas bancas e comic shops. A distribuição dos títulos da Astral Comics será para bancas e comic shops, e também poderão ser adquiridas na loja virtual da editora, no endereço www.editoraaltoastral.com.br/loja.
                Ainda é cedo para dizer se a Alto Astral vai fincar pé no mercado nacional de quadrinhos. São poucos títulos, que servem mais para testar a receptividade dos leitores e do mercado em geral, o que não é ruim, pois dá ao leitor a chance de experimentar o material sem gastar com muitas revistas. Embora as HQs do Robocop peguem mais carona no lançamento do novo filme, Hellraiser já mostra uma aposta mais ousada por parte da Alto Astral, que soube escolher um título que teve história na década de 1980, graças ao filme baseado na obra de Clive Barker, mas que andava praticamente sumido há tempos por aqui. Se a empreitada vingar, poderemos ver novos materiais serem lançados por aqui futuramente. No que tange à Boom! Studios, o material da editora é bem variado, mas é preciso analisar as opções do que se poderia lançar por aqui, uma vez que parte do seu leque de publicações são de títulos totalmente desconhecidos por estas bandas, e nem todos são viáveis de serem publicados, mas nada impede que a Alto Astral vá atrás de outros materiais de outras editoras. Tudo vai depender do retorno de seus primeiros passos.
                Nos fóruns da internet, a receptividade ao material lançado pela nova editora tem sido morno. As HQs do Robocop não têm despertado muita simpatia, em boa parte por muitos considerarem o filme dirigido por Padilha extremamente inferior ao original de 1987. Mas houve também quem considerou as edições caras para o formato da publicação. Já em relação à notícia da publicação de Hellraiser, os fãs ficaram mais animados, por ser um nome cult do gênero de terror, e por ainda ter Clive Barker coordenando as histórias, o que significa que, mesmo sendo uma nova série, o espírito original está sendo respeitado. Resta esperar, então, ver como será a qualidade da edição nacional.
                No ano passado a Alto Astral chegou a lançar uma revista em quadrinhos do Sonic, em formato americano, com 52 páginas, pelo preço de R$ 7,99. Infelizmente a publicação durou apenas o número de estréia, o que não é um retrospecto muito animador. Espera-se que a editora tenha melhor sorte desta vez, pois sempre é bom termos mais editoras apostando no mercado de quadrinhos nacional, ajudando a aumentar o leque de publicações e permitindo o lançamento de materiais variados para o público leitor que certamente merece ter as melhores opções de quadrinhos ao seu alcance. Resta esperar que o mercado, leia-se os leitores, também ajudem nessa empreitada, pois nem sempre os bons materiais conseguem emplacar, restando às editoras como única opção o cancelamento dos títulos.

Um comentário:

  1. Também tinha pensado que a HQ do Sonic não tinha vendido bem, e por isso não tinham lançado mais, quem poderia imaginar que era apenas uma edição piloto?

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