domingo, 20 de abril de 2014

FEST COMIX 2014 CHEGANDO



                O Fest Comix, tradicional evento de quadrinhos promovido anualmente pela livraria Comix Book Shop, já tem data e local marcados para a edição 2014. Será a 20ª edição do evento, que começou como um feirão de liquidação de revistas e brinquedos realizado na calçada em frente à Comix anos atrás, e de lá para cá se tornou não apenas a principal feira de revistas do país, como se tornou um evento próprio, com direito a concurso de cosplay, lançamentos especiais, e até convidados internacionais da área de quadrinhos.
                No ano passado, em virtude do local onde o evento era realizado nos últimos tempos estar passando por reformas, não houve edição do Fest Comix, uma vez que todos os demais locais contatados para sediar a edição 2013 não forneceram datas e/ou condições financeiras viáveis de acordo. E, neste ano, em virtude da expectativa dos novos eventos de quadrinhos que devem se realizar no segundo semestre na cidade de São Paulo, os organizadores preferiram adiantar o Fest Comix para o primeiro semestre.
Assim, o evento este ano ocorrerá nos próximos dias 1 a 4 de maio, no Centro de Convenções Imigrantes, próximo ao Terminal Rodoviário do Jabaquara, na Zona Sul da capital paulista. Apesar da proximidade em relação ao Terminal do Jabaquara, os visitantes terão à disposição ônibus gratuitos para percorrer o trajeto, em ambos os sentidos. Os fãs terão nada menos do que 15 mil metros quadrados de espaço para desfrutar da feira e atividades voltadas para quadrinhos e games, e terão ainda mais dois eventos no mesmo local, sendo realizados simultanamente junto com o Fest Comix: o X5 MEGA ARENA, o maior evento de games e E-Sports da América Latina, e o evento Mega Anime X! Na prática, o visitante estará tendo a chance de conferir três eventos em um.
                Contudo, nem tudo são flores: o novo local do evento, bem como a maior área utilizada em relação às edições anteriores, custaram bem mais caro, e em virtude disso, os ingressos sofreram um grande aumento: o valor inteiro do ingresso diário será de R$ 80,00 para quem for adquiri-lo no dia do evento, nas bilheterias do Centro Imigrantes. Para quem for estudante, terá direito a meia-entrada, no valor de R$ 40,00. Além do custo maior do próprio Centro Imigrantes para sediar eventos, outro fator que complicou a situação foi a ausência de patrocinadores, que nas edições anteriores sempre teve apoio de algumas empresas de porte, como o Banco do Brasil, o que ajudava a manter os ingressos a preços mais acessíveis. Já antevendo o impacto de tal aumento no valor dos ingressos junto aos tradicionais fãs do evento, a Comix disponibilizou um lote de ingressos para venda antecipada na sua loja física e no site (www.comix.com.br), com o preço promocional de R$ 15,00. Os ingressos, válidos apenas para um dia cada um, já estão disponíveis para venda há alguns dias, mas os fãs precisam correr, pois estes ingressos antecipados são limitados a 5 mil unidades. Dependendo da demanda, a Comix estudava a possibilidade de liberar um novo lote de ingressos antecipados, mas até o fechamento desta matéria isso não havia sido confirmado. Para tentar compensar, os organizadores afirmam que as promoções nos produtos à venda no feirão estarão com descontos maiores do que os habituais. Outra compensação é que o visitante terá acesso indistinto aos 3 eventos que estarão ocorrendo no local, não ficando restritos a apenas um deles.
                Como já é tradicional no Fest Comix, o evento terá a participação de alguns artistas de renome no mercado de quadrinhos. Até o fechamento desta matéria já estavam confirmados os seguintes nomes:
- Jim Krueger, roteirista das séries Terra X (Marvel), Justiça (DC Comics), e Projeto Superpowers (Dynamite Entertainment), realizadas em parceria com o artista Alex Ross, além de histórias para diversas séries para várias editoras. Krueger estará presente no evento para conversar com os fãs e autografar suas obras;
- Paul Chadwick, criador, roteirista, e desenhista, é um dos grandes nomes dos quadrinhos norte-americanos. Seu principal personagem, Concreto, ajudou a consolidar em definitivo a editora Dark Horse Comics como uma das principais empresas do setor no mercado americano. Suas histórias cheias de perspectivas humanistas ajudaram a conquistar uma legião de fãs e ganhar várias indicações aos principais prêmios do meio. Chadwick também ficou conhecido por suas histórias feitas exclusivamente para o site oficial dos filmes da trilogia Matrix. Na Marvel Comics, assinou o argumento de histórias para as séries Dazzler (Cristal), Deadpool, e Doctor Strange (Doutor Estranho), além de diversos outros trabalhos para a DC Comics e de outras séries publicadas pela Dark Horse. Assim como Jim Kruger, Chadwick estará conversando com os fãs e autografando suas obras no evento.
- Cary Nord, artista ganhador do Eisner por seu trabalho na série Conan para a Dark Horse, vem construindo uma grande trajetória nas editoras americanas, entre elas a Valiant Comics, onde ajudou a refundar todo um universo de aventuras a partir do título "X-O Manowar", obtendo grandes elogios de público e crítica. Assim como seus colegas Krueger e Chadwick, Nord também estará conversando com os fãs e autografando suas obras durante a Fest Comix.
- Para não dizer que não haverá artistas nacionais de renome, o Fest Comix 2014 contará com a presença de uma das maiores revelações dos últimos anos do mercado nacional, o quadrinista mineiro Vitor Cafaggi, que vem conquistando uma verdadeira legião de fãs com seu estilo de arte original e expressivo. Seja com seus próprios personagens, como Valente, ou colaborando em grandes projetos, como a linha Graphic MSP de Mauricio de Sousa, seu nome tem se tornado sinônimo de diversão garantida para os leitores de quadrinhos. Os fãs terão a oportunidade de trocar idéias com o artista durante o evento, onde Cafaggi também irá autografar suas obras.
- Outro artista nacional que estará presente no Fest Comix é Will Conrad. O desenhista mineiro tem se destacado como uma das grandes estrelas recentes do mercado americano de quadrinhos de super-heróis, graças ao seu traço dinâmico, e seu trabalho pode ser visto nos títulos Wolverine, X-Men, Vingadores (Marvel Comics), Asa Noturna, Tropa dos Lanternas Vermelhos, Stormwatch (DC Comics), Sonja (Dynamite Entertainment), Buffy (Dark Horse) e muitos outros. O artista terá seção de autógrafos durante o evento, além de travar um bom bate-papo com os fãs.
                Estarão presentes também no Fest Comix diversas outras lojas lojas oferecendo quadrinhos, como sebos, onde estarão à venda vários títulos de revistas usadas, além de produtos de memorablia sobre quadrinhos e similares. Só na área de quadrinhos de seu feirão, a Comix promete mais de 500 mil revistas à venda para os visitantes, além de vários outros produtos, como brinquedos, videos, etc. O visitante que prepare seu bolso para o impacto das compras. Além dos produtos em oferta, outra atração será o concurso de cosplay, onde os fãs se vestem como seus personagens, sejam de quadrinhos, mangás, filmes ou outra série qualquer, promovido pelo evento em parceria com o grupo Comics Cosplay Br. O concurso cosplay, aliás, será válido não apenas para a Fest Comix, mas também para os eventos X5 Mega Arena e Mega Anime X, com direito a vários prêmios para os vencedores, que serão julgados nas categorias Melhor Apresentação (de personagem) Ocidental (individual), Melhor Apresentação (de personagem) Oriental (individual), Melhor Traje (individual), (Apresentação) Mais cômica (individual), Cosplay Simpatia (individual), Destaque Cosplay (individual), e Melhor Grupo.
                Não faltarão atrações e produtos para fazer a cobiça dos fãs de quadrinhos nesta 20ª edição do Fest Comix. Agora é esperar que o alto valor do ingresso na porta do evento não espante demais os visitantes de última hora, pois a grana de muita gente, infelizmente, anda curta, e nos últimos meses a inflação não tem ajudado muito. Portanto, garantam seus ingressos antecipados o quanto antes. Depois, é se preparar para curtir o evento com tudo o que ele tiver a oferecer.

VERSÁTIL LANÇARÁ BOX COM FILMES DO ESTÚDIO GHIBLI



Os fãs da animação japonesa podem comemorar: por uma destas razões que até Deus duvida, mas que vez por outra costumam acontecer, agora em maio chega ao mercado de vídeo nacional um box especial trazendo nada menos do que 3 filmes do cultuado Estudio Ghibli, de Hayao Miyazaki, um dos diretores mais aclamados da história das produções animadas nipônicas, e cujas produções ganham fama em todo o mundo. E não são apenas os fãs de animes que podem comemorar, mas todos os fãs de uma boa produção em animação.
A iniciativa é da Versátil, uma pequena distribuidora de vídeo que costuma focar seus lançamentos em materiais mais "alternativos" para o mercado, tentando sempre primar pela qualidade, e que acerta em cheio neste lançamento, uma vez que as produções do renomado estúdio têm qualidade comparável às produções da Disney, tanto técnica quanto criativa, e são filmes que podem ser vistos por toda a família, com a vantagem dos títulos produzidos por Miyazaki não ficarem volta e meia piegas por causa do moralismo besta dos americanos em alguns assuntos. Os filmes serão lançados tanto em blu-ray quanto em DVD, e haverá a opção de adquirir tanto o box fechado com os 3 filmes, ou individualmente. O lançamento, que será agora no início de maio, terá venda exclusiva na Livraria Cultura, já estando em pré-venda no site da empresa (www.livrariacultura.com.br).
 Intitulada de COLEÇÃO STUDIO GHIBLI, o preço do box ficará em R$ 149,90 (Blu-ray) e 99,90 (DVD). Quem quiser comprar os filmes individualmente, os preços serão R$ 59,90 (Blu-ray) e R$ 39,90 (DVD). Os títulos que fazem parte do box são "Nausicaä do Vale do Vento", "Meu Amigo Totoro", e "Princesa Mononoke". E, para abrilhantar o pacote, cada disco irá trazer um bom número de extras. Na versão em alta definição, segundo o release, virão os seguintes materiais: Storyboards de Nausicaä, Storyboards de Totoro, O nascimento do Studio Ghibli, Trailers e spots de TV de Nausicaä, Criando Meu Amigo Totoro, Criando as personagens, A experiência Totoro, A perspectiva dos produtores, As locações de Totoro, Compondo a trilha de Miyazaki, Trailers japoneses de Totoro, Making of de Mononoke, Entrevistas de Miyazaki e Suzuki, Três especiais sobre a produção, Trailers e spots de TV. A versão em DVD trará os seguintes materiais: O nascimento do Studio Ghibli, Trailers e spots de TV de Nausicaä, Criando Meu Amigo Totoro, Criando as personagens, A experiência Totoro, A perspectiva dos produtores, As locações de Totoro, Compondo a trilha de Miyazaki, Trailers japoneses de Totoro, Making of de Mononoke, e Entrevistas de Miyazaki e Suzuki.
O único ponto negativo do pacote talvez seja a ausência de dublagem em português em dois dos filmes que compõe o box: apenas Princesa Mononoke, apesar de ser inédito no Brasil, terá áudio em português, além do som original em japonês. A versão em português foi feita há cerca de 15 anos atrás, quando a Disney possuía os direitos de lançamento do longa para o mercado nacional. Infelizmente, o filme acabou nunca sendo lançado por aqui pela Disney, e a dublagem em português feita para o lançamento brasileiro acabou indo parar na edição de colecionador lançada no Japão, e que só agora será vista em nosso país. Os demais filmes, infelizmente, só terão opção de áudio em japonês nos filmes. Meu Amigo Totoro, aliás, já teve lançamento no mercado de vídeo nacional, há quase 20 anos atrás, quando a Flashstar Home Video lançou o filme em VHS em nosso país, mas a dublagem não foi utilizada pela diferença de tempo entre as duas versões: a do VHS tinha 82 minutos, e a que está sendo lançada agora em DVD e Blu-ray tem 88 minutos, o que inviabilizou o uso da dublagem da época, segundo justificativa apresentada. Nausicaä, por sua vez, é inédito no Brasil, e por isso mesmo não terá áudio em português.
 Uma pena, pois os filmes de Hayao Miyazaki, pela fama e qualidade que possuem, ganhariam alcance muito maior se pudessem contar também com o som em português, que facilitaria especialmente para ser acompanhado pelas crianças, que muitas vezes não tem familiaridade para acompanhar produções legendadas. Por ser uma distribuidora pequena, a justificativa da Versátil para não encomendar uma dublagem para Nausicaä, que nunca foi lançado em nosso país anteriormente, é até compreensível. Já quanto à diferença de tempo entre as versões antigas e atual de Totoro, faltou maior vontade da empresa em usar o som da dublagem do VHS, pois seria apenas questão de sincronizar o áudio disponível, e avisar nas capas que nos minutos adicionais não haveria som em português, mas isso apenas se houvesse diálogos nestes minutos, podendo entrar legendas nestes momentos. É um procedimento simples e até corriqueiro em certos lançamentos do mercado de vídeo, quando o áudio em português apresenta falhas e/ou está sendo apresentado em uma versão estendida de alguma produção. Nos fóruns da internet, contudo, criou-se uma discussão entre ter e ou não ter dublagem, que em certos momentos descambou para a falta de respeito e tolerância para quem prefere um modo ou outro. Mas, sendo um lançamento oficial, e em mídia que permite o modo multilinguagem, o melhor é sempre apresentar o produto mais completo possível, oferecendo opções tanto de legendas quanto de áudio em português. Cabe depois ao consumidor, na hora de assistir, ver do modo que melhor lhe agrade. Isso agrega valor ao produto, que possui também melhor apresentação. Infelizmente, no Brasil, as distribuidoras muitas vezes preferem o caminho dos custos mínimos para tentar maximizar os lucros, e a dublagem, por ser um produto mais caro, é quase sempre a sacrificada no rol dos materiais oferecidos.
Mesmo assim, a iniciativa da Versátil é digna de elogios. As produções de Hayao Miyazaki são excelentes, mas até hoje alguns de seus filmes permanecem inéditos no Brasil. Na década de 1990, na febre provocada pelo fenômeno dos Cavaleiros do Zodíaco, as empresas de vídeo lançaram várias animações no mercado nacional. A Flashstar, empresa que mais apostou no segmento, trouxe na época duas produções do Ghibli: Meu Amigo Totoro, e Porco Rosso. Alguns anos depois, houve a expectativa da Disney lançar Princesa Mononoke, mas a distribuidora do Mickey simplesmente engavetou o filme para nunca lançá-lo por aqui. Já nos últimos tempos os fãs tiveram mais sorte, com algumas das mais recentes produções do estúdio sendo lançadas por outras empresas de vídeo, como "A Viagem de Chihiro" e "O Reino dos Gatos" (Europa Filmes), "O Castelo Animado" e "Ponyo - Uma Amizade que Veio do Mar" (Playarte), e "O Mundo dos Pequeninos" (Califórnia Filmes). Mas ainda há vários outros filmes produzidos pelo Studio Ghibli que continuam inéditas por aqui, como o clássico "Laputa, o Castelo dos Céus", e "O Túmulo dos Vagalumes". Em que pese a falta de dublagem em dois dos filmes, o trabalho artístico de confecção das capas tanto dos boxes quanto dos DVDs e Blu-rays ficou excelente, e o rol de extras contidos nos discos contém vários materiais interessantes não só para os fãs do Ghibli como de quem aprecia animações para cinema.
 Nascido em Tóquio em 1941, Hayao Miyazaki iniciou sua carreira profissional na Toei Animation na década de 1960, trabalhando em diversas funções no estúdio até o início da década seguinte, quando deixou a empresa para seguir novos caminhos. Ao fim da década, ele dirigiria sua primeira produção, Mirai Shonen Conan, para TV, e o longa animado "Lupin III: O Castelo de Cagliostro", que lhe deu fama na área de animações. Posteriormente, também dirigiu parte dos episódios da segunda série de TV de Lupin, ao mesmo tempo em que desenvolvia o mangá de Nausicaä, que em 1984 seria lançado nos cinemas japoneses como um longa animado dirigido pelo próprio Miyazaki, obtendo um sucesso estrondoso, e permitindo ao diretor criar seu próprio estúdio de animação: era a fundação do Studio Ghibli, em parceria com Isao Takahata, com quem já trabalhava desde o início dos anos 1970. Em 1986, era levado aos cinemas o primeiro longa criado após a fundação do Ghibli, Laputa, que também obteve um sucesso enorme nos cinemas nipônicos. E de lá para cá então, a fama de boas e excelentes produções do estúdio de Miyazaki não pararam de crescer. Totoro, personagem do filme lançado em 1988, passou a ser utilizado como símbolo do Studio Ghibli, que até hoje segue firme como sinônimo de animação de qualidade no Japão.
Profissional das antigas, não é difícil entender o porquê dos filmes do Ghibli serem tão bem-sucedidos: Miyazaki gosta de contar uma boa história, e procura desenvolver bem os roteiros das produções, dando-lhes profundidade e consistência. Ele condena o excesso de tecnologia empregado em algumas produções atuais, e a falta de criatividade das histórias de muitas animações recentes produzidas no Japão, vítimas do excesso de exploração econômica de editoras e estúdios em cima das séries desenvolvidas por muitos artistas, reclamando das muitas imposições que estes artistas costumam sofrer no meio, muitas vezes impedindo-os de desenvolverem boas histórias em prol da celeridade dos lucros. Apesar da grande fama já conquistada no Japão e em boa parte do Oriente, seu nome ainda luta para conquistar o merecido respeito em determinados locais do Ocidente
Depois do megassucesso de Princesa Mononoke, que bateu todos os recordes de bilheteria no Japão até ser destronado pelo filme "Titanic" de James Cameron, Miyazaki prometeu que iria se aposentar. Para a felicidade de todos os amantes da animação, até hoje ele nunca conseguiu manter a promessa, mantendo-se em plena atividade, apesar de já ter prometido várias vezes nos últimos anos que iria mesmo parar. Com cerca de 73 anos, sua aposentadoria de fato pode estar próxima, mas enquanto ele mantiver sua paixão pelo trabalho e sua integridade e criatividade intacta, podemos contar com sua participação em muitos projetos ainda.
A iniciativa da Versátil de trazer algumas das obras mais relevantes do Ghibli, e que ainda permaneciam inéditas no Brasil - à exceção de Totoro, credencia este feito a ser tratado como um dos lançamentos mais importantes do ano no mercado de vídeo nacional. Espera-se que o lançamento seja bem-sucedido, e que isso traga a esperança da distribuidora tentar repetir a dose trazendo mais alguns filmes de Miyazaki, pois vários deles ainda são totalmente desconhecidos por aqui, mas todos muito bem-feitos e de qualidade artística comprovada.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

SAILOR MOON ENFIM É LANÇADO PELA JBC



                O mercado nacional de mangás está perto de completar 15 anos de publicação contínua, desde que a Conrad iniciou, no começo da década passada, a publicação de Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball, satisfazendo a uma grande parcela de fãs nacionais das animações japonesas, que ansiavam pela possibilidade de lerem os quadrinhos originais das séries que curtiam na TV. Pouco tempo depois, a JBC Editora e Panini Comics também entraram na disputa, fazendo o número de títulos publicados em nosso país aumentar exponencialmente, com a vinda de séries há muito almejadas, como Sakura Card Captor, Yu Yu Hakusho, Rayearth, Naruto, Samurai X, Bleach, Love Hina, entre muitos outros.
                Mas havia um título que continuava sem dar as caras por aqui: Sailor Moon. Uma das séries mais famosas da animação nipônica dos anos 1990, com cerca de 5 fases e 200 episódios para TV, havia cativado inúmeros fãs nacionais com a exibição de sua primeira fase pela TV Manchete. No início da década passada, o canal pago Cartoon Network possibilitou aos fãs verem as fases restantes da série. Mas os quadrinhos originais das aventuras de Usagi Tsukino e suas colegas defensoras da justiça estava longe de dar as caras por aqui. Somente no ano passado a JBC anunciou que enfim, o mangá de Sailor Moon seria publicado no Brasil. Os fãs comemoraram, mas ainda seria preciso esperar mais um pouco. E a JBC, num esforço de tentar mostrar aos fãs o trabalho que dava para se produzir a versão nacional do título, lançou vídeos periódicos na internet mostrando como andava o processo de produção, tentando dar mais transparência e respeito para com os fãs.
                No dia 29 de março último, a espera finalmente chegou ao fim: no evento Henshin+, promovido pela JBC na Livraria Saraiva Mega Store do Shopping Center Norte, em São Paulo, capital, foi feito o lançamento oficial do mangá criado em 1992 por Naoko Takeuchi, com a participação de muitos fãs, com direito até a concurso de cosplay entre os presentes.
                No evento, a editora confirmou que foram mais de 10 anos de negociações para conseguir a liberação do mangá. Em meados da década passada, Naoko Takeuchi se desentendeu com a Toei Animation, produtora da versão animada, e com a Kodansha, editora que publicou o mangá no Japão, devido a direitos de licenciamento do série. Isso ajudou a complicar as tratativas para se lançar Sailor Moon no Brasil, mas a JBC não desistiu da série. Posteriormente, Naoko e as demais partes foram se acertando, e com a normalização das relações, as negociações puderam enfim andar efetivamente. Mesmo assim, não foi fácil. Naoko havia tido experiências ruins com a publicação de sua série em alguns países, e foi preciso muito esforço para fazê-la acreditar na seriedade da editora brasileira, mesmo com o currículo que a JBC havia acumulado desde que passou a publicar mangás no mercado nacional. Mas enfim, todos os obstáculos foram vencidos e o mangá já está nas bancas brasileiras.
                Publicado inicialmente em 18 volumes no Japão, em 2003 a obra sofreu uma "remasterização" por ocasião da produção da versão em live-action da série. Os volumes ganharam mais páginas, de forma que a obra foi reduzida para 12 volumes, que é a versão que está sendo lançada no Brasil. Com o título de PRETTY GUARDIAN SAILOR MOON, cada volume nacional custa R$ 16,50, e vem com cerca de 240 páginas, no formato 18 x 12 cm, com direito a algumas páginas coloridas, igual à versão japonesa. A periodicidade é mensal, e a editora já lançou opção de assinatura para quem quiser receber a série em casa, com direito a ganhar de brinde marcadores de páginas com artes da série, um mimo liberado apenas na publicação brasileira, e que será exclusivo dos assinantes da publicação.
                A série também traz as personagens com seus nomes originais japoneses, e não os nomes adaptados para uso ocidental, como aconteceu com a versão animada, de quando foi exibida no Brasil. E o mangá, aliás, é muito mais sério e dramático do que o anime, que focou bastante no humor, amenizando a violência das lutas e deixando a protagonista, Sailor Moon, até meio bobinha demais em certos momentos. Uma das razões para as diferenças de andamento na história da versão animada deve-se ao fato de que o anime estreou praticamente junto com o mangá no Japão, no início de 1992. Com a série em quadrinhos andando muito mais devagar, o anime sofreu várias alterações para "esticar" as aventuras vividas pelas Sailors, em que pese a essência da história permanecer intacta.
                Usagi Tsukino, nossa heroína na série, é uma jovem ginasial de 14 anos. Como muitas meninas de sua idade, ela é desastrada, distraída e um tanto preguiçosa, o que a leva a tirar nota baixa nas provas. Por um encontro, aparentemente, ao acaso, a jovem acaba conhecendo uma gatinha falante chamada Luna, e através dela, recebe a missão de defender nosso planeta das forças do mal, ganhando para isso incríveis poderes, tornando-se a heroína Sailor Moon. Além de enfrentar as forças do mal, ela também recebe uma grande missão: encontrar as demais guerreiras Sailors e também encontrar a Princesa da Lua, que está em nosso mundo. Desse dia em diante, a vida de Usagi vira de cabeça para baixo: ela será Sailor Moon, e fará a justiça em nome da Lua.
                Este ano, aliás, promete ser especial para os fãs nacionais de Sailor Moon: além de finalmente poderem ter o mangá original nas bancas, todos estão ansiosos com o anúncio do lançamento, para julho no Japão, da nova versão animada da criação de Naoko Takeuchi, que terá o nome de Sailor Moon Crystal, e que segundo as informações já divulgadas, promete ser uma adaptação mais fiel da história do mangá. E a esperança é que a publicação da série pela JBC ajude a nova série animada a vir para cá oficialmente. Infelizmente, a série original não deu muita sorte por aqui: apesar de ter sido exibida quase na íntegra na TV paga, no mercado de vídeo apenas volumes avulsos acabaram sendo lançados, para decepção dos fãs. A mudança de vozes na dublagem das fases da TV paga em relação à fase inicial exibida na TV aberta também desagradou muitos fãs. Quem sabe agora Sailor Moon tenha mais sorte de emplacar direito no Brasil. As dificuldades são muitas, mas os fãs não perdem a esperança. Enquanto isso, é aproveitar e curtir os quadrinhos originais das guerreiras lunares nas bancas nacionais, com o final feliz de uma longa novela de negociações entre a JBC e os japoneses, com a editora nacional nunca fraquejando em sua luta. Por este feito, a JBC merece os devidos cumprimentos do público leitor...

MYTHOS LANÇA LIVRO COM AS ARTES DE ALEX ROSS



Os amantes da arte do desenhista Alex Ross tem um motivo a mais para comemorar: a Mythos Editora, através do selo Mythos Books, lançou no mês passado no mercado editorial brasileiro uma edição especial dedicada aos belos trabalhos desenvolvidos pelo artista, que causou tremendo impacto no meio dos quadrinhos devido à sua bela arte pintada produzida para a minissérie "Marvels", lançada em 1994 nos Estados Unidos, e que se tornou um dos artistas mais requisitados do mercado de lá para cá, quando o assunto são minisséries e especiais, além de capas alternativas para diversos títulos.
A ARTE EXPLOSIVA DE ALEX ROSS é uma edição primorosa e bem-feita. Com capa dura, e miolo em papel de excelente gramatura, o livro possui nada menos do que 328 páginas, todas coloridas, no formato 23,5 x 31 cm, e traz as interpretações pintadas na exuberante arte realista que Alex Ross fez de diversos super-heróis icônicos, que o tornaram um superastro dentro e fora do mercado americano de quadrinhos, ganhando fãs no mundo inteiro. Na esteira de outros livros consagrados de Ross, como Mythologies e Rough Justice, a Dynamite Entertainment teve o orgulho de reunir inúmeras artes do desenhista com os vários personagens que trabalhou nos últimos 20 anos e apresentar o livro "The Dynamite Art of Alex Ross", título original da obra que agora está disponível aos leitores nacionais com o título "A Explosiva Arte de Alex Ross". O livro foi lançado no mercado americano em dezembro de 2.011, e nem é preciso dizer que deixou os fãs malucos com o material apresentado.
Reunindo todas as ilustrações de capas que o artista fez para a editora Dynamite Entertainment, o livro traz vários outros materiais, como esboços, designs, layouts, trabalhos internos e rascunhos a lápis de vários desenhos nunca publicados, e tudo com comentários do próprio Alex Ross sobre cada um destes trabalhos. Sem dúvida, é um livro que não pode faltar na estante de nenhum fã de quadrinhos que se preze!
Mas há um ponto negativo neste lançamento: o preço! Como já tem sido praxe nos lançamentos feitos no mercado nacional nos últimos anos, com relação a materiais deste quilate e qualidade gráfica apresentada, o valor deste livro infelizmente o tornam acessível a muitos poucos leitores: são R$ 149,90, um valor tremendamente elevado para muitos fãs, que lamentavelmente não terão condições de adquirir uma obra tão elaborada. O lançamento, obviamente, é voltado muito mais para livrarias e comic shops, mas tem aparecido também nas bancas de várias cidades. O lançamento deste tipo de material, que nos velhos tempos era apenas uma ilusão por parte de muitos fãs, que sabiam que o mercado nacional não dava importância a este tipo de material, hoje ficam entre a cruz e a espada: comemoram a mudança de postura das editoras nacionais, que passaram a ver os quadrinhos como algo mais do que entretenimento infantil e voltado apenas para "nerds", mas que por outro lado, ao praticarem preços desta magnitude, ao mesmo tempo que reforçam a gama de lançamentos, também ajudam a "elitizar" cada vez mais este mercado, com efeitos potencialmente danosos, ao restringir o alcance destas obras, e não permitir que mais leitores possam conhecer este belíssimo lançamento.
Nem mesmo o pôster/calendário duplo que vem de brinde ajuda a justificar o preço da edição, que é bem elevado se formos levar em consideração livros com tamanho equivalente e número de páginas similar, apresentando a mesma qualidade gráfica e até melhor. É uma obra ímpar para quem é fã de Ross, certamente, mas para muitos pode ser uma oportunidade perdida em razão do alto preço. Para alguns, o jeito será tentar a sorte em sebos futuramente, mas dificilmente alguém que comprar este livro irá se desfazer dele, o que torna a esperança de comprar em segunda mão algo difícil de ocorrer, embora não impossível.
Nascido em 1970, Nelson Alexander "Alex" Ross causou impacto no mundo dos quadrinhos com sua bela arte pintada e ultrarrealista na minissérie MARVELS, publicada em 1994, com roteiros de Kurt Busiek. O sucesso o levou em 1996 a mais um sucesso, a série KINGDON COME - O Reino do Amanhã, no Brasil, que ganhou há pouco tempo uma bela edição de luxo também no mercado nacional, com argumento de Mark Waid. De lá para cá, Ross se envolveu em vários projetos no mundo dos quadrinhos, como a minissérie TERRA X (Marvel). Nos últimos anos, o artista tem sido sempre requisitado para produzir capas alternativas de várias séries de quadrinhos, sempre mostrando sua arte ímpar, com maior frequência para a Dynamite Entertainment. Entre séries e projetos que ele já ilustrou capas e histórias nesta editora estão Red Sonja, Vampirella, Lone Ranger (Cavaleiro Solitário), Buck Rogers, Tarzan, Green Hornet (Besouro Verde), The Phantom (O Fantasma), e Project Superpowers, entre muitas outras séries. Project Superpowers, aliás, ocupa boa parte deste livro, mostrando diversas capas feitas para a série, além de contar com vários esboços de construção dos diversos personagens da saga, como a Mascarada, o Terror Negro, Demônio Desafiador, entre outros personagens, com capítulos dedicados a cada um deles para suas próprias séries solo. Há capítulos dedicados a Kirby - Genesis, ao crossover Vingadores Versus Invasores (parceria entre a Dynamite e a Marvel), à minissérie sobre o Tocha Humana, além da nova série regular do Homem de Seis Milhões de Dólares; Voltron, e também Flash Gordon.
Sem dúvida, um belíssimo material lançado pela Mythos. Uma pena que não tenha sido oferecida uma versão mais econômica para o público leitor menos abastado. Mesmo uma edição com menos qualidade gráfica ainda permitiria que a belíssima arte de Ross fosse apreciada por um número muito maior de leitores.

terça-feira, 1 de abril de 2014

ALTO ASTRAL ENTRA NO MERCADO NACIONAL DE QUADRINHOS



                Este ano os leitores nacionais de quadrinhos estão ganhando mais uma opção de publicação de novas séries e títulos. A Editora Alto Astral, com mais de 25 anos de experiência no ramo gráfico e editorial, resolveu encarar e tentar a sorte no mercado nacional de quadrinhos, e lançou o selo Astral Comics, sob o qual irá publicar suas HQs. De início, a editora fez uma associação com a editora americana Boom! Studios, e o resultado dessa parceria já está nas bancas.
                Uma delas são os novos quadrinhos de Robocop, lançados no mês de fevereiro no mercado americano pela Boom!. Baseados no novo longa-metragem dirigido pelo brasileiro José Padilha, são 4 edições mostrando o dia-a-dia de Alex Murphy em sua nova rotina como a arma definitiva contra o crima na Detroit do futuro próximo. E o melhor de tudo é que estes títulos chegaram ao Brasil em tempo recorde, praticamente apenas um mês depois de terem sido lançados lá fora.
                As edições de Robocop são "Homem e Máquina", "Viver e Morrer em Detroit", "Lembranças da Morte", e "Beta". Cada edição está sendo lançada idêntica à versão original americana: com 28 páginas ao preço de R$ 5,90, em formato americano, e miolo em papel couché. Duas destas edições já chegaram nas bancas, e as outras duas chegam agora em abril. Graficamente, as edições são bem cuidadas, e o único deslize talvez seja o expediente em inglês da Boom! Studios no verso da capa, que poderia ter sido traduzido para o português, mas não compromete a qualidade da edição. Para quem gostou da nova produção cinematográfica de Robocop, estas edições são uma boa pedida para se adentrar um pouco mais nos dilemas do personagem e suas aventuras no combate ao crime na Detroit do futuro. Já quem não curtiu a nova versão do policial cibernético certamente vai passar longe destes lançamentos.
                E, no próximo mês, a editora já anunciou mais um título que será lançado. Desta vez é a nada menos do que HELLRAISER - THE DARK WATCH, obra criada por ninguém menos do que Clive Barker, que chega em uma edição compilando os primeiros 4 números da nova série de Hellraiser que vem sendo publicada pela Boom! desde 2012 nos Estados Unidos, e que recria o mundo criado por Barker, que aliás, está envolvido na produção da nova série. Esta edição, em formato americano, terá 112 páginas, ao preço de R$ 22,90. O segundo número, com mais 4 histórias, deve sair em junho, e a terceira edição provavelmente sai ainda este ano, uma vez que a série ainda está em andamento no mercado americano. Um prato cheio para quem curtiu a saga criada por Barker nos anos 1980, que depois foi adaptada em um longa-metragem em 1987 que se tornou cult, e que andava há um bom tempo sumida por aqui, desde a última publicação, feita há anos atrás, pela Brainstore, em 2003. Antes disso, a Abril lançou uma minissérie em 4 edições no início da década de 1990. Já o filme ganhou várias continuações, dando início a uma bem-sucedida franquia que só cresceu lá fora. E agora pelo menos os leitores nacionais poderão curtir o novo material em quadrinhos que vem sendo lançado nos Estados Unidos.

               Sempre é bom quando surgem novas editoras que apostam no mercado nacional de quadrinhos. Geralmente são mais propensas a trazerem materiais mais "alternativos", leia-se fora do eixo dos comics das grandes editoras Marvel, DC, Dark Horse ou Image. Entre os exemplos mais recentes temos a HQM, que vem lançando regularmente a série de quadrinhos baseada em um dos mais populares seriados da atualidade, Walking Dead, além de ter trazido para o mercado nacional os personagens da Valiant Comics, como X-O Manowar, Shadowman, entre outros personagens. Quem ganha são os leitores, que encontram mais opções de títulos nas bancas e comic shops. A distribuição dos títulos da Astral Comics será para bancas e comic shops, e também poderão ser adquiridas na loja virtual da editora, no endereço www.editoraaltoastral.com.br/loja.
                Ainda é cedo para dizer se a Alto Astral vai fincar pé no mercado nacional de quadrinhos. São poucos títulos, que servem mais para testar a receptividade dos leitores e do mercado em geral, o que não é ruim, pois dá ao leitor a chance de experimentar o material sem gastar com muitas revistas. Embora as HQs do Robocop peguem mais carona no lançamento do novo filme, Hellraiser já mostra uma aposta mais ousada por parte da Alto Astral, que soube escolher um título que teve história na década de 1980, graças ao filme baseado na obra de Clive Barker, mas que andava praticamente sumido há tempos por aqui. Se a empreitada vingar, poderemos ver novos materiais serem lançados por aqui futuramente. No que tange à Boom! Studios, o material da editora é bem variado, mas é preciso analisar as opções do que se poderia lançar por aqui, uma vez que parte do seu leque de publicações são de títulos totalmente desconhecidos por estas bandas, e nem todos são viáveis de serem publicados, mas nada impede que a Alto Astral vá atrás de outros materiais de outras editoras. Tudo vai depender do retorno de seus primeiros passos.
                Nos fóruns da internet, a receptividade ao material lançado pela nova editora tem sido morno. As HQs do Robocop não têm despertado muita simpatia, em boa parte por muitos considerarem o filme dirigido por Padilha extremamente inferior ao original de 1987. Mas houve também quem considerou as edições caras para o formato da publicação. Já em relação à notícia da publicação de Hellraiser, os fãs ficaram mais animados, por ser um nome cult do gênero de terror, e por ainda ter Clive Barker coordenando as histórias, o que significa que, mesmo sendo uma nova série, o espírito original está sendo respeitado. Resta esperar, então, ver como será a qualidade da edição nacional.
                No ano passado a Alto Astral chegou a lançar uma revista em quadrinhos do Sonic, em formato americano, com 52 páginas, pelo preço de R$ 7,99. Infelizmente a publicação durou apenas o número de estréia, o que não é um retrospecto muito animador. Espera-se que a editora tenha melhor sorte desta vez, pois sempre é bom termos mais editoras apostando no mercado de quadrinhos nacional, ajudando a aumentar o leque de publicações e permitindo o lançamento de materiais variados para o público leitor que certamente merece ter as melhores opções de quadrinhos ao seu alcance. Resta esperar que o mercado, leia-se os leitores, também ajudem nessa empreitada, pois nem sempre os bons materiais conseguem emplacar, restando às editoras como única opção o cancelamento dos títulos.

ABRIL CELEBRA 50 ANOS DO URTIGÃO COM EDIÇÃO ESPECIAL



O matuto mais famoso dos quadrinhos Disney, o Urtigão, está completando 50 anos, e para comemorar o feito, acaba de ganhar uma edição especial da Editora Abril. URTIGÃO - 50 ANOS chegou às bancas neste mês, ao preço de R$ 16,00, e com 308 páginas trazendo várias aventuras do caipira mais turrão de Patópolis, várias delas inéditas no Brasil.
Com capa envernizada com detalhes em alto relevo, a edição ainda traz 3 textos de Marcelo Alencar, explicando a origem do personagem, e a sua trajetória tanto no exterior quanto no Brasil, onde fez grande sucesso e ganhou inúmeras aventuras, boa parte delas produzida em nosso país, que tratou de dar contornos mais tupiniquins ao enfezado sitiante, que surgiu pela primeira vez em uma aventura do Donald e do Peninha, em 1964. Esta história demorou dois anos para sair no Brasil, tendo sido publicada na edição 166 da revista do Mickey, e sendo republicada apenas agora, nesta edição especial.
Mas demorou até 1969, após algumas aventuras, para seu nome finalmente surgir: Hard Haid Moe, que virou Urtigão na versão nacional. Com a criação de um estúdio na Editora Abril para produzir histórias dos personagens Disney para as revistas de linha nacionais, o matuto e seu inseparável companheiro, o Cão, pra não falar de sua espingarda de dois canos, começou a ganhar as primeiras aventuras produzidas por aqui com roteiros que eram enviados pelos próprios americanos, a fim de abastecer as editoras licenciadas, mas não demorou muito para os próprios brasileiros começarem a criar as histórias também, ampliando o leque de opções em que podiam contar com o caipira. Enfezado, anti-social, e detestando as "visitas" indesejáveis do pessoal da cidade, que só sabem perturbar seu sossego e tranquilidade, pouco a pouco o Urtigão foi conquistando a simpatia dos leitores, ao mesmo tempo em que rechaçava os chatos com sua espingarda, disparando tiros de sal grosso em quem quer que teimasse em perturbar o seu sossego. E, também aos poucos, os roteiristas nacionais foram dando ares de brasilidade ao camponês, deixando-o bem familiar aos leitores.
A fama do Urtigão foi crescendo, e apesar da produção de histórias com o personagem ser meio irregular em termos de periodicidade, ele chegou a ganhar algumas edições compilando suas aventuras lançadas. Mas o ponto alto do personagem foi mesmo na década de 1980, quando ganhou um título próprio, Urtigão, revista quinzenal que passou a expandir o universo rural do matuto, apresentando novos personagens, a partir de 1987. Até então, na maioria das aventuras lançadas até então, ele era apenas um coadjuvante, ao lado de Donald, Peninha, Huguinho, Zezinho e Luisinho, e até do Tio Patinhas. Agora era a vez do Urtigão alçar vôo próprio, e graças aos talentos do estúdio da Abril, ele foi longe: o título do personagem durou quase 170 edições, sendo cancelado em 1994 mais pela crise de mercado do que pela falta de sucesso do personagem.
Nesse meio tempo, o Urtigão participou de muita coisa: desde aturar as visitas "indesejáveis" da turma da cidade, com destaque especial para o Peninha, que raras vezes saiu das histórias sem levar um belo tiro de sal grosso do trabuco do enfezado caipira, passando por invasões de índios, ladrões de terras, negociatas com o Tio Patinhas, chegando até a fazer viagens internacionais, tendo ido parar no Rio de Janeiro, onde viveu várias aventuras com o Zé Carioca e o resta da turma da Vila Xurupita. Com o fim da revista própria, o ritmo de produção das aventuras diminuiu, mas o Urtigão só deixaria de ganhar novas aventuras mesmo no início da década passada, quando a Abril desativou seu estúdio de produção de histórias em quadrinhos, situação que lentamente parece estar sendo revertida, com o lançamento de algumas novas histórias do Zé Carioca nos últimos meses.
Mas por enquanto não há expectativa da produção de novas histórias do Urtigão por aqui. Aventuras inéditas, só as produzidas na Europa, porque nos Estados Unidos mesmo, ele só teve poucas, e hoje é praticamente desconhecido por lá. Uma das razões, como é explicado nos textos que acompanham esta edição, é que alguns personagens Disney foram criados mais para serem usados no mercado externo de quadrinhos, como por exemplo, o agente secreto 00-Zéro, e o detetive Sir Lock Holmes. Como consequência, depois das primeiras aventuras criadas pelos americanos para lançar o Urtigão, os europeus e brasileiros ficaram encarregados de produzirem material com o personagem para seus próprios mercados, de modo que nem mesmo os leitores americanos viram mais aventuras do personagem, salvo raras exceções, quando o material criado no exterior acabou sendo lançado no mercado americano de forma ocasional ao longo dos anos.
Mesmo sem muitas histórias inéditas lançadas nos últimos anos, o personagem tem mantido sua fama viva graças às republicações do material produzido no Brasil, e esta edição comemorando seus 50 anos é mais do que bem-vinda, ajudando a apresentar o personagem a vários leitores atuais, e recordando aos mais antigos as peripécias já vividas. Que o Urtigão possa continuar tendo suas aventuras ainda por um bom longo tempo, para azar de quem resolver atrapalhar o seu sossego, pois ele está sempre com sua espingarda à mão, e pronto para atirar...