quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PANINI LANÇA EDIÇÃO DEFINITIVA DE "JUSTIÇA"



Quando o assunto é lançar uma edição "definitiva", a Panini Comics está mostrando que sabe não apenas apresentar uma edição de respeito no aspecto físico e de conteúdo, mas também que sabe escolher muito bem o material que merece ganhar este tipo de lançamento. E neste mês de agosto, a escolha da editora para a mais nova edição deste tipo de lançamento é JUSTIÇA, minissérie de 12 edições publicada entre 2005 e 2006 nos Estados Unidos, com roteiro de Jim Krueger, e arte de Alex Ross e Doug Braithwaite. Publicada aqui em 2007 pela própria Panini, a minissérie chega este mês às livrarias e gibiterias em uma luxuosa edição com quase 500 páginas, com direito a capa dura, com lombada quadrada, e miolo em papel couché. JUSTIÇA - EDIÇÃO DEFINITIVA, tem o formato 19,5 cm X 30 cm, e o preço, infelizmente, é bem salgado: R$ 110,00.
Nesta minissérie, Alex Ross e Jim Krueger praticamente prestam uma grande homenagem à velha série animada dos Superamigos, onde os heróis enfrentavam a Legião do Mal, repetindo o velho antagonismo exibido na animação, mas com uma abordagem bem mais séria e atual. Vários vilões do Universo DC começam a ter pesadelos recorrentes onde nosso planeta é destruído por um holocausto nuclear, ao qual os famosos "heróis" da Liga da Justiça não conseguem impedir. Acreditando que o excesso de confiança dos heróis e sua fé na humanidade será a ruína do mundo, os vilões decidem que só eles podem de fato salvar o planeta, e para isso, começam a praticar atos visando resolver os grandes dilemas do mundo, como a fome, por exemplo. Tais atitudes fazem a opinião pública começar a duvidar das reais intenções dos heróis, que nunca tentaram "resolver" os problemas básicos do mundo, e estes ficam com sua imagem comprometida perante o povo em geral. Os Maiores Heróis da Terra agora precisam responder a uma questão que nunca acharam que teriam de encarar: o que aconteceria se os mais temidos vilões do planeta resolvessem voltar seus esforços para melhorar o mundo?
Algo certamente está errado? Mas o quê? Os vilões estão de fato fazendo o bem, ou isso é mais um plano diabolicamente engendrado para conquistar o planeta e vencer definitivamente os heróis? Quando Aquaman é capturado e desaparece, os heróis se convencem de que existe algo mesmo de errado nisto tudo, mas os esforços de investigar os acontecimentos são mais complicados do que se imaginava, e quando se descobre a existência de um traidor dentro da própria Liga da Justiça, que acaba comprometendo as identidades secretas de todos os heróis, estes passam a ser implacavelmente atacados pelos vilões, que acreditam piamente ser este o melhor meio de "salvar" o mundo de seus pretensos "heróis".
Após a publicação original em minissérie de 12 edições, a DC Comics compilou Justiça (Justice, no original) em 3 edições, cada uma englobando 4 edições. E, em 2009, relançou a minissérie em Justice: Absolute Edition, que serve de base para a edição nacional. E a edição que a Panini está lançando, além de trazer a história na íntegra, ainda traz vários materiais "extras" totalmente inéditos, como posfácios dos autores, esboços dos desenhistas, além de reapresentar alguns materiais que já haviam sido lançados na publicação original da minissérie por aqui, como as fichas dos personagens centrais da história, que servem para situar o leitor não apenas sobre a posição de cada personagem em si, mas dar uma idéia mais abrangente da história em si, e de como é o relacionamento entre os heróis mais icônicos da DC Comics.
Além da boa e intrigante história, os maravilhosos desenhos com a arte pintada de Alex Ross fazem a alegria dos leitores de quadrinhos. Desde que apresentou a estonteante minissérie Marvels, na primeira metade da década de 1990, Alex Ross praticamente deixa o público leitor em estado de espera quando se envolve em um novo projeto de quadrinhos. E não é para menos: praticamente todos os seus trabalhos conseguem sair do tradicional lugar comum e oferecer uma visão diferenciada, com histórias que mostram pontos interessantes e por vezes, até inusitados. Em Marvels, seu primeiro projeto, era como o Universo dos heróis Marvel era "visto" pelas pessoas normais, que de repente, se viam às voltas com seres "maravilhosos", os super-heróis. Em Kingdon Come (O Reino do Amanhã, título nacional), víamos o que acontecia quando os heróis da DC em um futuro próximo passavam a exercer um radicalismo e autoritarismo crescentes na luta contra os vilões. E, nesta minissérie, o que aconteceria se os heróis da DC tivessem que enfrentar vilões fazendo o bem por todo o mundo, e resolvendo problemas que, em teoria, eles deveriam resolver? E fica a dúvida de quem está realmente do lado errado nesta história: os heróis, ou os vilões? Preocupados com o que pode desencadear o fim do planeta, os assim chamados "vilões" não poderiam estar de fato batalhando para salvar um mundo que também é deles? É uma dúvida que chega atingir os heróis em cheio e, por algum tempo, coloca até suas certezas e motivações em dúvida.
Sem dúvida, é mais um excelente lançamento da Panini, em que pese o alto valor da edição, que como de costume neste tipo de produto, infelizmente não conta com uma opção "econômica" que a torne acessível a um maior número de leitores. Certamente a edição vale a pena e merece constar na estante de todo leitor que goste de uma boa história em quadrinhos, seja ele de super-herói ou de boas histórias em geral apresentadas na arte sequencial. A editora multinacional italiana certamente marca mais um ponto com este belo lançamento no mercado nacional, que para ser melhor, só precisava mesmo ser mais acessível aos leitores brasileiros, que infelizmente não têm como gastar tanto em uma edição deste tipo.

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